Globo exibe reprises em programação de fim de ano em crise

A Globo opta por reprises em sua programação de fim de ano, evidenciando a crise que acomete a TV aberta no Brasil com o conteúdo.

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14/12/2025, 17:28

Autor: Laura Mendes

A imagem mostra um cenário de uma sala de estar típica brasileira, com uma televisão exibindo um programa antigo da Globo. A tela brilha com a logomarca da emissora, enquanto uma família assistindo parece desinteressada, ignorando o que aparece. A mesa de centro está cheia de dispositivos de streaming como um tablet e um smartphone, sugerindo uma mudança nas preferências de consumo de mídia. A cena é exagerada, capturando a desconexão entre o conteúdo da TV aberta e o público.

Em um movimento que reflete a crise enfrentada pela televisão brasileira, a Globo anunciou uma programação de fim de ano repleta de reprises, uma decisão que tem suscitado discussões sobre a relevância e a qualidade do conteúdo exibido pela emissora. Em uma época em que o consumo de mídia se diversificou significativamente, a Globo decidiu economizar custos e reapresentar shows que já foram exibidos ao longo de 2023. Essa estratégia, embora busque manter uma grade de programação, pode indicar um esgotamento nas ideias e novas produções dentro da emissora.

Recentemente, a emissora apresentou "Novela em Sinfonia", um show que combina músicas de novelas, que já havia sido veiculado anteriormente em junho. Além disso, no dia 26 de dezembro, o "Show dos 60 Anos", que faz uma homenagem ao aniversário da emissora, será repetido. O especial "Caetano e Bethânia ao vivo", que deveria trazer novidades, já havia sido transmitido no canal Multishow em novembro e agora também fará parte da programação da Globo.

Dentre os raros programas "inéditos" no fim de ano, apenas o tradicional Especial do Roberto Carlos e o "Show da Virada" foram mencionados. No entanto, devido a recentes acontecimentos, o especial de Natal com Roberto Carlos foi cancelado, e ao invés disso, uma reprise do ano anterior será exibida. Isto revela a fragilidade da programação da emissora que, em busca de manter a audiência, recorre a conteúdo já apresentado.

Esse movimento é sintomático de um problema maior: a queda na audiência da TV aberta, que vem sendo desafiada por plataformas de streaming e uma mudança nos hábitos de consumo de conteúdo. Canais de streaming, como Netflix e YouTube, têm capturado um público que prefere a liberdade de escolher o que e quando assistir, ao contrário da programação linear da TV. Em muitos lares e até estabelecimentos comerciais, a televisão foi substituída por dispositivos de streaming, o que sugere uma possível obsolescência da TV aberta.

A situação levanta questões sobre o futuro da TV como um todo. Com 74 milhões de espectadores de TV aberta ainda ativos no Brasil, uma parte significativa do público continua assistindo, independentemente da qualidade do conteúdo. Segundo alguns comentaristas, se a Globo passar qualquer programa, mesmo que não atrativo, ainda garantirá uma audiência. No entanto, isso não diminui a preocupação em relação à grade de programação e à necessidade de inovação.

Complicando a situação, a inexistência de regulamentações claras e a presença de organizações como o ECADE (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) adicionam mais um desafio para os estabelecimentos que utilizam TV aberta. Um número crescente de estabelecimentos decidiu colocar seus aparelhos de TV em modo desligado, protestando contra a sobrecarga que a entidade impõe. É uma clara manifestação da insatisfação dos profissionais da área e uma indicação de como a situação do setor está se deteriorando.

Diante deste cenário, surge a necessidade de repensar a forma como o conteúdo é produzido e consumido. Algumas propostas incluem a possibilidade de integração de formatos que trazem uma narrativa mais interativa, semelhante ao que plataformas digitais fazem com seus conteúdos. Isso poderia criar um engajamento mais forte com o público e capitalizar sobre a empatia das experiências reais.

O futuro da TV aberta no Brasil ainda é incerto. A Globo, que já foi sinônimo de telenovela e entretenimento de qualidade, agora enfrenta o desafio de reconquistar a confiança do público em um cenário de mudanças rápidas. Enquanto isso, as reprises e a dependência de programas já conhecidos se tornam sua estratégia de sobrevivência, levantando a pergunta: será que a Globo conseguirá adaptar-se às novas demandas e hábitos de consumo, ou permanecerá presa a um modelo que já não ressoa com as novas gerações?

Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Estadão, UOL, Valor Econômico

Detalhes

Globo

A Globo é uma das principais emissoras de televisão do Brasil, conhecida por sua programação diversificada que inclui novelas, programas de entretenimento e jornalismo. Fundada em 1965, a emissora se tornou um ícone da cultura brasileira, mas enfrenta desafios significativos com a crescente concorrência de plataformas de streaming e mudanças nos hábitos de consumo de mídia.

Resumo

A Globo anunciou uma programação de fim de ano repleta de reprises, refletindo a crise enfrentada pela televisão brasileira e gerando discussões sobre a qualidade do conteúdo exibido. Em vez de novas produções, a emissora optou por reapresentar shows já exibidos em 2023, como "Novela em Sinfonia" e "Show dos 60 Anos". O cancelamento do especial de Natal com Roberto Carlos e a exibição de uma reprise evidenciam a fragilidade da programação da emissora, que luta para manter a audiência em um cenário dominado por plataformas de streaming. Apesar de 74 milhões de espectadores de TV aberta ainda ativos no Brasil, a Globo enfrenta o desafio de inovar e reconquistar a confiança do público. A falta de regulamentações claras e a insatisfação de estabelecimentos com a ECADE complicam ainda mais a situação. Diante desse cenário, surge a necessidade de repensar a produção e o consumo de conteúdo, buscando formas interativas que possam engajar o público e se adaptar às novas demandas.

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