10/12/2025, 14:18
Autor: Laura Mendes

No cenário educacional atual da América Latina e, em particular, em países como Brasil e Argentina, o ensino de inglês se tornou uma disciplina obrigatória desde o ensino fundamental até o médio. Contudo, a qualidade do ensino e a fluência real dos alunos nesse idioma levantam questões sobre a efetividade do currículo. Comentários de diversas pessoas que vivenciam esse sistema educacional revelam uma realidade complexa e multifacetada que merece ser analisada.
Em diversas áreas escolares, o inglês é ensinado como uma matéria obrigatória, com um enfoque distinto dependendo das circunstâncias sociais e econômicas de cada região. A maior parte dos alunos começa a aprender inglês a partir dos 6 anos de idade, em escolas públicas e particulares. Porém, a realidade dos alunos de escolas públicas muitas vezes limita-se a um vocabulário básico, e há um consenso de que o ensino oferecido não é satisfatório para garantir uma fluência real. Os estudantes que frequentam escolas particulares, em geral, têm acesso a professores mais qualificados e a recursos de ensino mais abrangentes e interativos.
Uma grande preocupação que se destaca nos comentários é a falta de compromisso e recursos para práticas reforçadas do inglês fora do ambiente escolar. Muitos estudantes que aprendem a língua na escola não aplicam o conhecimento em suas vidas cotidianas, resultando em um domínio fraco do idioma. A expetativa é que o aluno, ao final do ensino médio, possa participar de interações sociais e profissionais em inglês, mas isso raramente se concretiza. Ao contrário, muitos afirmam que apenas chegam a saber frases e estruturas gramaticais básicas após anos de estudo, um reflexo de um sistema que, embora abrangente, não atinge seu objetivo.
No Brasil, competências em uma segunda língua são parte do ENEM, o exame nacional que pode determinar o futuro acadêmico de jovens. Essa exigência, no entanto, muitas vezes parece ser mais um formalismo do que uma realidade prática. Os alunos que se destacam são aqueles que buscam alternativas, como aulas particulares ou intercâmbios, pois os métodos tradicionais muitas vezes não operam da melhor forma, principalmente nas escolas que têm menos recursos. Outro aspecto relevante é que, para muitos, o contato com o inglês ocorre fora da sala de aula, através de plataformas culturais como filmes, músicas e jogos, que se tornaram fontes alternativas de aprendizado.
Do ponto de vista argentino, a situação é análoga. O ensino de inglês é uma realidade formalmente implementada nas escolas públicas, mas os padrões de ensino e a motivação dos alunos variam amplamente. Enquanto algumas regiões do país oferecem currículos robustos que abraçam múltiplas línguas, outras se limitam a um ensino básico e rudimentar, incapaz de equipar os alunos com as ferramentas para se tornarem fluentes. Esse contraste é particularmente visível em áreas mais desfavorecidas, onde os recursos são escassos e a ênfase na fluência em inglês quase inexiste. A ideia de que o acesso a uma educação linguística de qualidade está muitas vezes atrelado à condição socioeconômica dos alunos é uma questão que demanda atenção.
Um ponto que emergiu é o fato de que, apesar da obrigatoriedade do ensino de inglês, muitos alunos não veem o aprendizado como uma prioridade. Para grandes segmentos da população, a fluência em inglês não é uma necessidade prática no dia a dia. Como resultado, a fluência real só surge em circunstâncias que incentivem a aprendizagem, como necessidades profissionais ou o desejo de viajar. Existe um consenso implícito de que o governo dessas nações gostaria de ver seus cidadãos mais proficientes em inglês para competir no mercado global, mas as iniciativas para implementar essa mudança acontecem lentamente e envolvem uma reestruturação significativa das abordagens educacionais.
Em suma, o ensino de inglês nas escolas de muitos países da América Latina, embora obrigatórias, falha em garantir um domínio efetivo do idioma por parte dos estudantes. A importância do ensino de línguas estrangeiras é inegável em um mundo cada vez mais globalizado, onde as barreiras communicativas são um dos principais obstáculos. A marcha em direção a um futuro mais bilíngue é complexa e exige esforços substanciais de todos os envolvidos – escolas, professores, alunos e especialmente da própria sociedade que deve priorizar e valorizar o aprendizado de línguas como uma chave para o acesso a novos horizontes.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Estadão
Resumo
O ensino de inglês tornou-se uma disciplina obrigatória nas escolas do Brasil e Argentina, mas a qualidade do aprendizado e a fluência dos alunos são questionáveis. Enquanto a maioria dos alunos inicia o aprendizado aos 6 anos, aqueles em escolas públicas frequentemente têm acesso a um ensino limitado, resultando em um vocabulário básico. Em contraste, estudantes de escolas particulares geralmente contam com professores mais qualificados e recursos mais eficazes. A falta de prática fora da sala de aula e a ausência de motivação para aprender a língua são desafios significativos. No Brasil, a proficiência em inglês é parte do ENEM, mas muitos alunos dependem de aulas particulares ou intercâmbios para se destacarem. Na Argentina, a situação é semelhante, com variações significativas na qualidade do ensino. Apesar da obrigatoriedade do ensino de inglês, muitos alunos não o veem como uma prioridade, e a fluência real é frequentemente motivada por necessidades profissionais ou pessoais. A necessidade de reestruturação nas abordagens educacionais é evidente para garantir um futuro mais bilíngue.
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