Economia enfrenta riscos que remetem à Grande Depressão dos anos 1920

A economia dos EUA apresenta semelhanças preocupantes com a década de 1920, incluindo desigualdade crescente e superprodução, alertam analistas.

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29/12/2025, 02:14

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma imagem de um fundo urbano contemporâneo com arranha-céus e um céu opressivo, simbolizando a tensão econômica, com gráficos financeiros ao fundo. No centro, um grupo de pessoas observa inquieto os dados, misturando expressões de preocupação e dúvida em relação ao futuro financeiro, representando a incerteza atual do mercado.

No contexto atual, a economia dos Estados Unidos enfrenta desafios que ecoam os do período da Grande Depressão, levando especialistas e analistas a traçar paralelos alarmantes entre as duas eras. Hoje, a desigualdade crescente e a superprodução são preocupações centrais, refletindo condições que uma vez pareceram conduzir o país ao colapso. Enquanto muitos olham para a situação com esperança, outros temem que, como na década de 1920, a aparente prosperidade possa mascarar um abismo profundo entre as classes sociais e a industrialização.

Durante os "Anos Loucos" da década de 1920, os lucros da expansão industrial eram substanciais, mas a distribuição foi desigualmente concentrada. Este cenário atraiu milhões para o mercado de ações, fazendo com que o preço das ações superasse a produção econômica real, criando uma bolha que, eventualmente, estourou em 1929. Um estudo do Economic Policy Institute revela que, entre 2000 e 2023, a produtividade do trabalho nos EUA aumentou cerca de 60%, enquanto os salários reais medianos cresceram apenas 17%. Essa divergência sugere que, como no passado, a prosperidade atual é impulsionada pela valorização de ativos em vez do crescimento de renda ampla.

Conforme o Federal Reserve (Fed) continua suas práticas de "impressão de dinheiro", os comentários refletem uma preocupação crescente com a repetição dos erros daquela época. Históricos econômicos alertam que o Fed deve agir de forma a evitar um colapso econômico semelhante ao que ocorreu durante a Grande Depressão, quando a falta de liquidez levou a um colapso devastador dos mercados. A crítica à falta de intervenção imediata do Fed em crises passadas, como argumentado por economistas da Escola de Chicago, ressurgiu nas discussões atuais, levantando questões sobre a capacidade da instituição em identificar e reagir a perigos iminentes.

Além disso, o contexto atual é marcado pela rápida evolução tecnológica e a introdução de novas moedas digitais, que trazem riscos desconhecidos à economia. As diferenças em relação aos mecanismos de mercado em comparação com aqueles disponíveis na década de 1920 são notáveis, mas muitos questionam se essas inovações realmente protegem os investidores ou se, ao contrário, criam novas armadilhas perigosas. Assim como havia no passado, a relutância em confrontar a realidade econômica pode levar a uma choque desagradável.

Essas preocupações são intensificadas pelos dados que indicam um abismo crescente entre a riqueza gerada no mercado financeiro e a economia real. Hoje, uma pequena percentagem da população detém amplos recursos, enquanto uma maioria luta com salários estagnados e dívidas crescentes. O cenário é evidente: nos anos 1920, 5% da população possuía ações, a maioria utilizando dívida de margem; hoje, a situação é análoga, com muitos se aventurando no mercado de ações impulsionados pela esperança de ganhos rápidos e fáceis.

Os impactos potenciais dessa dinâmica são profundos e insinuam-se na consciência coletiva. Especialistas alertam que se a tendência continuar, a reação por parte da população pode ser volátil, apresentando riscos de instabilidade social. Historicamente, a insatisfação com as desigualdades econômicas pode catalisar reações populistas que colocam em crise instituições fundamentais.

O debate sobre a possibilidade de repetir os erros da década de 1920 está longe de ser teórico. A discussão de práticas financeiras e políticas, como o fim da Lei Glass-Steagall, que uma vez impediu a mistura de serviços bancários, gera críticas acaloradas. Decisões políticas do passado estão sendo reavaliadas à luz dos desafios contemporâneos, levando a um clamor por uma nova abordagem que possa mitigar os riscos de futuros colapsos.

A interseção entre os problemas vistos na década de 1920 e o contexto atual coloca em foco a necessidade de vigilância constante nas práticas econômicas. A história muitas vezes fornece lições poderosas; no entanto, a capacidade de aprender com essas lições é o que realmente define o futuro. O papel do Fed é crucial nesse cenário, e muitos esperam que medidas sejam adotadas antes que os ecos do passado se tornem uma dura realidade.

Em um ambiente cheio de incertezas, a análise social e econômica se faz imperativa, levando a uma reavaliação contínua da dinâmica do mercado e da política econômica. Estar atento às lições históricas pode ser a chave para navegar por tempos difíceis e prevenir crises que afetem a sociedade como um todo. O eco da década de 1920 se faz sentir, e enquanto os especialistas analisam as semelhanças, o público observa com um misto de preocupação e esperança por um futuro mais estável e equitativo.

Fontes: The New York Times, Wall Street Journal, Financial Times, Economic Policy Institute, Bureau of Labor Statistics

Resumo

A economia dos Estados Unidos enfrenta desafios que lembram a Grande Depressão, com especialistas alertando sobre a crescente desigualdade e superprodução. Durante os "Anos Loucos" da década de 1920, a concentração de lucros atraiu milhões ao mercado de ações, criando uma bolha que estourou em 1929. Um estudo do Economic Policy Institute revela que, entre 2000 e 2023, a produtividade aumentou 60%, enquanto os salários reais medianos cresceram apenas 17%, indicando uma prosperidade impulsionada pela valorização de ativos. O Federal Reserve (Fed) é criticado por sua falta de intervenção em crises passadas, levantando preocupações sobre sua capacidade de evitar um colapso econômico. Além disso, a rápida evolução tecnológica e as novas moedas digitais trazem riscos desconhecidos. A desigualdade econômica crescente pode provocar reações populistas, e a discussão sobre práticas financeiras, como o fim da Lei Glass-Steagall, é reavaliada. A vigilância nas práticas econômicas é essencial para evitar repetir os erros do passado, com a esperança de um futuro mais estável.

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