24/09/2025, 05:20
Autor: Felipe Rocha
Nos últimos dias, a guerra entre Rússia e Ucrânia viu uma escalada significativa com novos ataques a instalações críticas de petróleo dentro do território russo. Relatos indicam que a refinaria Gazprom Neftekhim Salavat, localizada na região de Bashkortostan, foi alvo de ataques aéreos ucranianos, provando que a Ucrânia continua exercendo capacidade ofensiva, mesmo a uma considerável distância de sua fronteira. O incidente é parte de um padrão que vem se intensificando desde o início do conflito, com a Ucrânia buscando não apenas retaliar, mas também sabotar a infraestrutura econômica da Rússia, que já se encontra sob pressão devido à guerra.
A refinaria em Salavat, que possui uma capacidade de refino de cerca de 10 milhões de toneladas de petróleo por ano, foi atingida por drones, resultando em incêndios que tomaram conta das instalações, deixando-as em chamas e envoltas em uma densa fumaça. Este é o segundo ataque à instalação em um período de pouco mais de um mês, com a última ocorrência registrada em 18 de setembro. Medidas de geolocalização mostraram que a unidade de maior processamento na refinaria, ELOU-AVT-6, foi particularmente afetada, o que representa um golpe significativo na capacidade operacional da Gazprom.
O impacto dos ataques mais recentes não se limita apenas ao setor de petróleo. Enquanto incêndios se espalham, há preocupações crescentes sobre os preços dos combustíveis na Rússia, que estão se aproximando de níveis recordes. O diesel no atacado, por exemplo, mostra sinais alarmantes de aumento de preços, e a gasolina AI-92, uma das mais utilizadas na região, continua quebrando recordes. Estes aumentos são um reflexo não apenas da instabilidade provocada pela guerra, mas também das repercussões diretas dos ataques às refinarias, que são vitais para a economia russa e para o abastecimento interno.
A crise se agrava com a apresentação do novo projeto orçamentário pelo Ministério das Finanças da Federação Russa, que sugere um aumento da alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 20% para 22%. Este movimento é alarmante para muitos especialistas econômicos, que já preveem que essa mudança pode ter um efeito devastador sobre o poder aquisitivo da população. De acordo com Vladislav Zhukovsky, um economista independente, a elevação do IVA representa um golpe direto no padrão de vida dos cidadãos russos. “Para a população, isso é um golpe na carteira, uma queda no padrão de vida, no poder de compra real da população”, afirmou Zhukovsky.
O cenário de deterioração econômica é agravado pelos custos inerentes à guerra, que é financiada, em grande parte, pelo orçamento do país. A crescente inflação e uma economia que já se encontra em crise preocupam o governo, que se vê pressionado a encontrar formas de equilibrar suas contas, principalmente com o aumento das despesas relacionadas à defesa. A situação apresenta um dilema para o Kremlin: como garantir a segurança e, ao mesmo tempo, manter a confiança da população.
Além disso, documentos revelam uma nova série de ataques diretos a estações de bombeamento de petróleo, como a Zenzavatka, na região de Volgogrado, que também está enfrentando incêndios, evidenciando a vulnerabilidade das infraestruturas críticas na Rússia. Esse cenário sugere que a Ucrânia não está apenas tentando se defender, mas está determinada a desestabilizar a capacidade da Rússia de sustentar a guerra, atingindo áreas que deveriam estar protegidas. Estações de bombeamento têm sido alvos recorrentes, e a capacidade de resposta das autoridades russas está sob questionamento.
Essa situação de guerra prolonga um estado de incerteza tanto em termos de segurança quanto de economia, estabelecendo um ciclo vicioso em que as consequências dos ataques se ampliam, impactando diretamente na qualidade de vida da população e na viabilidade econômica da nação. O futuro imediato é incerto, com previsões de crescimento econômico em risco e um povo que, como afirmou Zhukovsky, pode muito em breve enfrentar a realidade de preços disparados e uma economia cada vez mais asfixiante. O conflito é agora também uma luta pela sobrevivência econômica, e as consequências podem se estender muito além das fronteiras de um país em guerra.
Fontes: Folha de São Paulo, BBC, RFI, Current Time, Ministério das Finanças da Federação Russa
Detalhes
A Gazprom é uma empresa estatal russa, considerada a maior produtora de gás natural do mundo e uma das principais fornecedoras de petróleo. Fundada em 1989, a empresa desempenha um papel crucial na economia russa, sendo responsável pela extração, transporte e venda de gás e petróleo. A Gazprom também é conhecida por sua influência política e econômica, especialmente nas relações da Rússia com a União Europeia e outros países.
Resumo
Nos últimos dias, a guerra entre Rússia e Ucrânia intensificou-se com novos ataques a instalações de petróleo na Rússia. A refinaria Gazprom Neftekhim Salavat, em Bashkortostan, foi atingida por drones ucranianos, provocando incêndios e demonstrando a capacidade ofensiva da Ucrânia, mesmo distante da fronteira. Este ataque é parte de uma estratégia ucraniana para sabotar a infraestrutura econômica da Rússia, já pressionada pela guerra. O impacto se estende ao setor de combustíveis, com preços em alta, refletindo a instabilidade causada pelos ataques. A situação é agravada pela proposta do Ministério das Finanças da Rússia de aumentar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 20% para 22%, o que pode afetar o poder aquisitivo da população, segundo especialistas. O governo enfrenta o dilema de financiar a guerra enquanto mantém a confiança da população. Além disso, novos ataques a estações de bombeamento de petróleo, como a Zenzavatka, evidenciam a vulnerabilidade das infraestruturas russas. O cenário atual gera incertezas econômicas e sociais, com previsões de crescimento em risco e uma população enfrentando uma economia cada vez mais difícil.
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