30/12/2025, 19:38
Autor: Laura Mendes

Nos últimos dias, Cuba se viu em meio a uma gravíssima crise de saúde, marcada por surtos de doenças tropicais como dengue e chikungunya, somados à escassez de medicamentos e recursos para o sistema de saúde. Com informações provenientes do Ministério da Saúde Pública, estima-se que, apenas na última semana, Cuba registrou 5.717 novos casos de chikungunya, somando um total de 38.938 pacientes afetados. Além disso, a situação é ainda mais complexa, pois o país também enfrenta uma onda de dengue ativa em todas as suas 14 províncias, refletindo um panorama assustador e potencialmente devastador.
Os relatos sobre os sintomas das doenças são alarmantes. Pacientes descrevem altas febres, raios vermelhos pelo corpo, problemas respiratórios e dores articulares severas. Muitos cidadãos cubanos estão sofrendo com uma combinação de arbovírus que se espalham rapidamente, resultando em uma saúde pública em colapso. Dados do governo confirmam o aumento de fatalidades, ao mesmo tempo em que os hospitais ficam superlotados e incapazes de oferecer os cuidados necessários.
Por trás dessa crise de saúde está uma combinação de fatores que vão além das epidemias. O embargo econômico que Cuba enfrenta há décadas levou a uma sistemática escassez de medicamentos, insumos médicos e até mesmo profissionais de saúde. Como resultado, o sistema de saúde cubano, antes admirado internacionalmente por sua eficácia e alcance, encontra-se fragilizado e superaquecido, lutando para atender à demanda crescente em meio a recursos cada vez mais limitados.
Críticos do governo cubano têm apontado que a crise atual pode ser também uma consequência de um diagnóstico errôneo e de uma política de saúde pública que, embora emblemática, já não se mostra suficiente perante os novos desafios. Enquanto o país é reconhecido pelo envio de médicos para missões internacionais e programas de diplomacia médica, a necessidade de cuidar da própria população parece ter sido relegada a um segundo plano.
A situação se torna ainda mais tensa quando se considera a desconfiança da população em relação às informações divulgadas pelo governo. A natureza centralizada da comunicação em Cuba e o controle rigoroso impõem dificuldades para a transparência sobre a gravidade da situação. Nesse cenário, muitos cubanos têm suas preocupações exacerbadas pela falta de clareza na comunicação sobre os surtos que assolam a ilha. Isso alimenta uma percepção de que a atual crise é uma questão de falta de competência, que em última análise, pode afetar a confiança da população no sistema de saúde local.
Ademais, a questão da migração de médicos também é parte da complexa teia que compõe essa crise de saúde. A migração em massa de profissionais de saúde para o exterior, atraídos por melhores condições de trabalho e remuneração, tem deixado o serviço de saúde em Cuba em uma situação precária. Com a ausência de um suporte básico, essa crise parece estar longe de ser controlada. A economia de remessas, que depende do envio de dinheiro pelos médicos que decidiram buscar oportunidades fora do país, é vista como uma solução temporária, mas acaba por deixar os serviços de saúde em Cuba mais debilitados.
Cuba, por sua vez, luta para encontrar alternativas dentro dessa real situação caótica, uma vez que precisa desenvolver um protocolo eficaz para lidar com as epidemias, melhorar o fornecimento de medicamentos e capacitar seu pessoal médico para que possam oferecer um atendimento adequado. Seja pela história de uma medicina bem-sucedida ao longo dos anos ou pela prática de enviar médicos ao exterior como parte de sua diplomacia, ações efetivas se tornam ainda mais urgentes à medida que a situação se deteriora acentuadamente.
A combinação de falhas em suas políticas de saúde, as pressões externas do embargo e a realidade de um sistema de saúde estressado são desafios que Cuba terá que enfrentar com urgência para que a população possa ver uma melhora significativa. Sem uma abordagem integrada que atenda tanto às condições locais de saúde quanto a gestão crítica de sua infra-estrutura médica, é difícil vislumbrar saídas para essa crise que já se arrasta e se agrava a cada dia.
Fontes: Al Jazeera, The Guardian, BBC Brasil, Ministério da Saúde Pública de Cuba.
Detalhes
Cuba é uma nação insular localizada no Caribe, conhecida por sua rica cultura, história revolucionária e sistema de saúde pública que, antes da crise atual, era admirado internacionalmente. O país enfrenta desafios econômicos significativos, exacerbados por um embargo comercial imposto pelos Estados Unidos desde a década de 1960, que limita o acesso a recursos essenciais. A medicina cubana é reconhecida por enviar médicos para missões internacionais, mas atualmente enfrenta dificuldades internas, especialmente em meio a surtos de doenças tropicais e uma escassez de medicamentos.
Resumo
Nos últimos dias, Cuba enfrenta uma grave crise de saúde, marcada por surtos de doenças tropicais como dengue e chikungunya, além da escassez de medicamentos. O Ministério da Saúde Pública reportou 5.717 novos casos de chikungunya na última semana, totalizando 38.938 pacientes afetados. A situação é agravada pela onda de dengue que afeta todas as 14 províncias do país, resultando em um colapso do sistema de saúde. Pacientes relatam sintomas alarmantes, como altas febres e dores articulares severas, enquanto os hospitais estão superlotados. A crise é atribuída a uma combinação de fatores, incluindo o embargo econômico que limita o acesso a medicamentos e profissionais de saúde. Críticos apontam que as políticas de saúde pública do governo cubano não são mais suficientes para enfrentar os novos desafios. A desconfiança da população em relação às informações oficiais e a migração de médicos para o exterior também agravam a situação. Cuba precisa urgentemente desenvolver protocolos eficazes para lidar com as epidemias e melhorar o atendimento à sua população.
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