29/12/2025, 19:38
Autor: Laura Mendes

No dia 28 de outubro de 2023, o Capitólio do Estado de Wisconsin foi o cenário de um protesto notório que atraiu a atenção nacional, onde cristãos se reuniram para destacar violência e discriminação enfrentadas pela comunidade transgênero. Com o lema “Não em nome de Jesus”, o evento foi uma resposta direta à retórica anti-trans que, segundo os organizadores, tem sido utilizada para justificar atos de violência e exclusão.
O evento foi co-organizado pela reverenda Liz Edman, que é cofundadora do Stone Catcher Project, uma iniciativa voltada para a inclusão e aceitação em contextos religiosos. Edman, em seu discurso, enfatizou a urgência da situação das pessoas trans, que, segundo ela, estão sob “ataques violentos” tanto físicos quanto espirituais. Sua fala foi longe de ser meramente retórica, chamando a atenção para uma necessidade crescente de solidariedade e apoio. “A história é um lembrete contundente para os cristãos de hoje de que a fé exige coragem, especialmente quando pessoas inocentes estão sendo alvo de ganhos políticos”, comentou a reverenda, fazendo referência ao massacre de crianças na narrativa bíblica que é relembrado na Festa Anual dos Santos Inocentes.
O evento atraiu um público diversificado, incluindo não apenas cristãos, mas também indivíduos de diversas crenças e de nenhuma crença, demonstrando um forte chamado à unidade em torno da justiça social. Comentários realizados por aqueles que participaram do protesto refletiram um desejo por mudança e uma crítica ao uso da religião como ferramenta de opressão. Aqui, um dos participantes expressou que "não existe nada como Nacionalista Cristão", reiterando que ser cristão deve estar intrinsecamente ligado ao amor, conforme demonstrado por Jesus.
As opiniões divergentes também estavam presentes, com vozes que advogavam uma crítica à instrumentalização da fé por figuras políticas, especialmente por representantes do Partido Republicano, que foram acusados de distorcer ensinamentos cristãos para promover agendas anti-LGBTQ+. Um comentarista destacou que a retórica anti-trans já permeia a política nacional e é frequentemente justificada em nome da religião, fazendo um chamado por uma verdadeira interpretação dos ensinamentos de Cristo.
A atitude proactiva por parte de grupos cristãos em desafiar esses discursos de ódio foi amplamente vista como necessária, especialmente em um clima político em que a violência contra a comunidade trans tem aumentado. Um dos participantes refletiu sobre a vergonha que é ver os verdadeiros seguidores de Cristo lutando por inclusão e dignidade em uma sociedade que frequentemente quer silenciá-los. “É uma vergonha danada que cristãos que realmente seguem os ensinamentos de Cristo sejam algo digno de notícia”, disse.
A reverenda Edman, referindo-se à responsabilidade dos cristãos, admoestou aqueles que utilizam sua crença para condenar outros, enfatizando que a fé deve ser vivida de maneira responsável e amorosa, e não como uma arma para atacar os mais vulneráveis. “Estamos vindo te pegar”, afirmou, ao insistir que a verdadeira fé envolve compaixão e acolhimento, em vez de julgamento e exclusão.
Vários participantes forneceram depoimentos que refletem a diversidade da opinião religiosa em relação à inclusão. Um ex-ateu que agora se considera agnóstico mencionou a necessidade de um espaço para a boa intenção, reconhecendo que enquanto algumas pessoas usam a religião como um escudo para preconceitos, outras utilizam sua fé para apoiar e acolher todos, independentemente de gênero ou orientação sexual. “Jesus aceitaria todo mundo, isso é conhecimento comum”, comentou, ressaltando a importância de uma interpretação inclusiva da religião que contraponha a hostilidade.
A presença de ativistas e religiosos no evento deixou claro que muitos cristãos aspiram a superar divisões e construir uma sociedade que valorize a dignidade de todos. Essa manifestação não apenas refletiu um chamado à ação, mas também simbolizou um movimento crescente entre os jovens e os progressistas dentro da comunidade cristã que almejam uma reinterpretação dos valores fundamentais de amor e aceitação que a fé deve promover.
Conforme o evento se desenrolava em Wisconsin, a história da luta pela aceitação e pelos direitos da comunidade trans e LGBTQ+ em geral continuava a ser escrita, com esse protesto representando um marco na oposição à discriminação e à violência, reafirmando que, para muitos, a verdadeira essência da religião é a promoção da empatia e da justiça. O ato de protesto não foi apenas uma declaração contra a violência; foi, de fato, um esforço coletivo para reimaginar como a fé pode ser uma força para o bem em busca da inclusão em todos os aspectos da vida social.
Fontes: O Globo, Folha de São Paulo, The Guardian, BBC News
Detalhes
Liz Edman é uma reverenda e cofundadora do Stone Catcher Project, uma iniciativa que visa promover a inclusão e aceitação em contextos religiosos. Ela é uma voz ativa na defesa dos direitos da comunidade LGBTQ+, especialmente em relação à violência e discriminação enfrentadas por pessoas trans. Edman utiliza sua plataforma para chamar a atenção para a necessidade de solidariedade e apoio, enfatizando que a verdadeira fé deve ser vivida com compaixão e acolhimento.
Resumo
No dia 28 de outubro de 2023, o Capitólio do Estado de Wisconsin foi palco de um protesto significativo, onde cristãos se reuniram para chamar a atenção para a violência e discriminação enfrentadas pela comunidade transgênero. Com o lema “Não em nome de Jesus”, o evento respondeu à retórica anti-trans que, segundo os organizadores, justifica atos de violência e exclusão. A reverenda Liz Edman, cofundadora do Stone Catcher Project, destacou a urgência da situação das pessoas trans, enfatizando a necessidade de solidariedade e apoio. O protesto atraiu um público diversificado, refletindo um desejo por mudança e uma crítica ao uso da religião como ferramenta de opressão. Participantes expressaram que ser cristão deve estar ligado ao amor, em contraste com a instrumentalização da fé por figuras políticas. A reverenda Edman admoestou aqueles que usam a crença para condenar, ressaltando que a verdadeira fé deve ser vivida com compaixão. O evento simbolizou um movimento crescente dentro da comunidade cristã que busca reinterpretação dos valores de amor e aceitação, promovendo a inclusão e a dignidade de todos.
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