Crise na Educação em SP: Feder impõe metas e provoca descontentamento

Diretores de escola pública em SP enfrentam pressão por metas irrealistas, levantando preocupações sobre a autonomia e os recursos nas instituições.

Pular para o resumo

16/08/2025, 18:16

Autor: Laura Mendes

Uma imagem vibrante mostrando uma escola pública movimentada, com alunos nas janelas e um céu nublado ao fundo, simbolizando a tensão e o caos na educação. Uma placa na frente da escola exibe “Meta de Educação: Atingir ou Perder?”. Alguns professores parecem visivelmente estressados, enquanto outros discutem em grupo, enfatizando a situação crítica das instituições.

A situação na educação estadual de São Paulo se tornará ainda mais conturbada após declarações do Secretário de Educação, Renato Feder, sobre a avaliação de diretores escolares. Em um recente comentário realizado em uma reunião, Feder foi claro ao afirmar: "Não bateu a meta, tchau", em referência ao desempenho dos diretores em relação às metas estabelecidas pela secretaria. Essa abordagem provocou um forte descontentamento entre educadores e especialistas em educação, que apontam que as exigências imposta pelo governo não estão alinhadas aos recursos e condições enfrentados nas escolas públicas.

Diversos comentários de educadores destacam que a realidade nas instituições de ensino, especialmente nas mais vulneráveis, é marcada por um alto turnover de diretores e uma gestão ineficaz. "Na escola onde leciono, o fluxo constante de diretores e coordenadores acaba por desestabilizar o ambiente escolar, que já enfrenta problemas estruturais graves," relata um professor do setor norte da capital paulista. Este clima de instabilidade é constantemente descrito como um grande incêndio a ser apagado, o que compromete a qualidade do ensino e a disciplina entre os alunos.

Críticos da política de metas educacionais, especialmente sob a gestão de Tarcísio de Freitas, alegam que a imposição de tais exigências pode ser uma estratégia para acelerar a privatização do sistema educacional. "Aparentemente, as escolas públicas se tornaram franquias de um sistema que não oferece o suporte necessário para atingir os resultados estipulados," afirma um comentarista. O temor de que essas metas sirvam de justificativa para a privatização continua a crescer entre os defensores da educação pública, que veem as iniciativas do governo como uma mercantilização da educação, em vez de um investimento real no bem-estar e no desenvolvimento dos estudantes.

Outros educadores e profissionais também questionam a lógica por trás de tais metas e suas consequências sobre a autonomia docente. Há uma crescente preocupação de que a "plataformização" da educação, promovida pelo governo atual, esteja afastando professores da capacidade de personalizar o ensino e criar ambientes de aprendizado que atendam às necessidades dos alunos. "O sistema imposto desconsidera princípios básicos de autonomia e flexibilidade, fundamentais para a prática docente," destaca um especialista em educação.

O descontentamento não é apenas interno; especialistas em políticas educativas também apontam que a abordagem de Feder pode estar mais focada em cumprir obrigações políticas do que em fornecer uma educação de qualidade. "As metas, muitas vezes, são estabelecidas sem a devida consideração das condições reais das escolas", argumenta um comentarista, alertando que esse cenário se repete desde que o atual governo assumiu, com cortes em financiamentos que, muitas vezes, em nada contribuem para alcançar as metas educativas.

Além disso, a questão das metas escancara um déficit de diálogo com a comunidade escolar. Muitos educadores sentem que não há uma real parceria entre a secretaria e aqueles que estão na linha de frente do ensino. "Se a secretária não atingir suas metas, a responsabilidade recai sobre os diretores e técnicos, que são facilmente substituídos," observa um professor, levantando preocupações sobre a falta de suporte e compreensão das necessidades enfrentadas nas escolas.

O impacto dessas declarações e ações repercute na confiança que os diretores e professores depositam na gestão escolar. Para muitos, essa abordagem desumaniza o processo educacional, tratando-o como um mero número em uma planilha, o que poderia comprometer não apenas o futuro dos profissionais de educação, mas também o aprendizado dos estudantes, que merecem um ambiente educativo saudável e estruturado adequadamente.

Por fim, enquanto o governo paulista se empenha em estabelecer metas severas, o crítico apoio à educação nas escolas públicas se torna um ponto central no debate. O chamamento para uma mudança de paradigma, onde a educação seja vista como um direito fundamental e não como um produto comercializável, é mais urgente do que nunca. É preciso que todas as partes envolvidas dialoguem e busquem uma solução que priorize as necessidades dos alunos e professores, em vez de metas que poderiam levar ao fracasso do sistema educacional em seu conjunto.

Fontes: Carta Capital, Folha de São Paulo, O Globo, Estadão

Detalhes

Renato Feder

Renato Feder é o atual Secretário de Educação do Estado de São Paulo. Formado em Engenharia de Produção, Feder tem uma carreira voltada para a gestão pública e a educação. Sua gestão tem sido marcada por polêmicas, especialmente em relação a políticas de metas educacionais e sua abordagem em relação a diretores escolares.

Resumo

A situação da educação em São Paulo se agrava após declarações do Secretário de Educação, Renato Feder, que afirmou que diretores que não atingirem metas devem ser demitidos. Educadores e especialistas criticam essa abordagem, alegando que as exigências não correspondem à realidade das escolas, especialmente nas mais vulneráveis, onde a alta rotatividade de diretores prejudica a estabilidade. Críticos veem as metas como uma possível estratégia para privatizar a educação pública, transformando escolas em "franquias" sem o suporte necessário. Há também preocupações sobre a autonomia docente e a desumanização do processo educacional, com a gestão focando em números em vez de qualidade de ensino. A falta de diálogo entre a secretaria e a comunidade escolar é evidente, e muitos educadores temem que essa política comprometa o futuro dos alunos e a qualidade da educação. O debate sobre a educação como um direito e não um produto comercializável se torna cada vez mais urgente.

Notícias relacionadas

Uma sala de aula com estudantes de medicina e matemática, ambos concentrados em seus estudos. À esquerda, um grupo de alunos de medicina com livros e materiais de biologia, e à direita, estudantes de matemática em frente a um quadro negro lotado de fórmulas complexas. Um professor aponta para as equações, enquanto os alunos tomam notas. A imagem capta a tensão intelectual e o ambiente diverso das duas disciplinas.
Educação
Desafios do doutorado em medicina e matemática ilustram caminhos distintos
Comparar o doutorado em medicina e em matemática revela diferentes desafios, desde a memorização intensa até o pensamento abstrato complexo exigido em cada campo.
24/08/2025, 13:15
Uma sala de aula moderna, com alunos interagindo entre si e participando de atividades físicas, enquanto os celulares estão guardados em uma cesta em um canto da sala. O ambiente é iluminado, com um professor animado orientando os alunos e um quadro interativo ao fundo. A imagem capta a alegria e o engajamento dos estudantes, contrastando com a imagem de um aluno sentado sozinho, olhando fixamente para a tela do celular em um ambiente sombrio.
Educação
Lei do Rio sobre celulares fomenta melhora no aprendizado escolar segundo pesquisadores
A nova lei que proíbe o uso de celulares em escolas do Rio de Janeiro apresenta resultados positivos no aprendizado, de acordo com pesquisa da Universidade de Stanford.
24/08/2025, 09:40
Uma imagem de um aluno em sala de aula, preocupado, olhando para um celular confiscado em cima da mesa. No fundo, professoras e diretores discutem planos para a proibição de celulares, em um ambiente tenso. As expressões nos rostos refletem a preocupação com a própria segurança e a desconfiança na capacidade dos alunos de se controlar.
Educação
Proibição de celulares nas escolas gera debate sobre eficácia e segurança
A crescente proibição de celulares em escolas levanta questões sobre a eficácia das regras e se realmente atendem aos interesses de segurança e aprendizado. Estudantes e educadores discutem os impactos dessa decisão em meio ao bombardeio tecnológico atual.
21/08/2025, 08:32
Uma imagem vibrante de um campus universitário moderno, com estudantes de diferentes idades interagindo e participando de atividades em grupo. No fundo, uma atmosfera alegre com pessoas sorrindo e se engajando em discussões. A imagem deve capturar a diversidade etária, mostrando a inclusão de alunos mais velhos e mais jovens, todos unidos pelo aprendizado.
Educação
A idade no ensino superior: A trajetória de estudantes com 26 anos
Cada vez mais, estudantes estão começando suas graduações em idades variadas, provando que a busca pelo conhecimento não tem limite de tempo.
19/08/2025, 01:20
Uma imagem colorida de uma sala de aula desorganizada, onde uma lousa exibe o antigo sistema de notas de A a E, enquanto alunos olham confusos para as notas, com expressões de curiosidade e ceticismo. Alguns alunos brincam com materiais escolares, enquanto outros anotam em cadernos, refletindo a sensação de desconcerto em relação ao sistema de avaliação. A atmosfera é leve, mas a incertidão sobre as notas é evidente.
Educação
O Mistério da Letra E no Sistema de Notas nas Escolas
O sistema de avaliação escolar suscita questionamentos sobre a omissão da letra E, uma prática que varia entre diferentes regiões e épocas.
16/08/2025, 17:45
Uma sala de aula moderna com alunos estudando em laptops, enquanto um professor aponta para um quadro. Em destaque, uma pilha de livros e certificados de diploma, simbolizando a busca por educação e alternativas ao ensino superior tradicional. Na parede, um gráfico ilustrativo de opções de estudos, incluindo diplomas e testes alternativos.
Educação
Alternativas ao diploma universitário: novas opções de educação emergem
Com o crescente custo do ensino superior, alternativas como diplomas online e testes de qualificação ganham destaque na busca por educação acessível.
09/08/2025, 21:51
logo
Avenida Paulista, 214, 9º andar - São Paulo, SP, 13251-055, Brasil
contato@jornalo.com.br
+55 (11) 3167-9746
© 2025 Jornalo. Todos os direitos reservados.
Todas as ilustrações presentes no site foram criadas a partir de Inteligência Artificial