Coreia do Sul permite acesso público ao Rodong Sinmun da Coreia do Norte

O governo sul-coreano revogou restrições ao Rodong Sinmun, permitindo que cidadãos acessem o conteúdo do jornal norte-coreano, mesmo com debates sobre os riscos envolvidos.

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28/12/2025, 17:36

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma imagem provocativa e cativante mostrando a bandeira da Coreia do Sul sendo levantada, enquanto uma folha do Rodong Sinmun flutua no vento, simbolizando o acesso ao jornal da Coreia do Norte. Ao fundo, um cenário dividido entre as duas Coreias, com obras públicas sul-coreanas em um lado e uma paisagem de propaganda no outro. Uma representação visual da esperança e da desconexão entre nações.

Em um movimento histórico que poderá redefinir a dinâmica da comunicação entre as duas Coreias, o governo da Coreia do Sul anunciou que irá reclassificar o Rodong Sinmun, o jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, de "materiais especiais" para "materiais gerais". Essa decisão possibilita que os cidadãos sul-coreanos tenham acesso físico às edições impressas do periódico, uma transformação que ocorrerá na próxima semana. Apesar dessa liberalização, o acesso online ao portal do jornal continuará restrito devido a leis de segurança nacional, um sinal de que o governo sul-coreano ainda tem preocupações com as implicações dessa abertura.

A iniciativa é apoiada pelo presidente Lee Jae-myung, que é visto como um líder pacifista e defensor dos direitos civis. Lee tem criticado abertamente a proibição anterior do Rodong Sinmun, alegando que essa abordagem infantiliza os cidadãos, proibindo-os de terem acesso a informações que são importantes para o entendimento da situação política e social na península. A reclassificação do jornal é parte de um esforço mais amplo para fomentar intercâmbios inter-coreanos em um contexto em que as relações entre o Sul e o Norte permanecem congeladas, especialmente à luz das constantes provocações de Pyongyang.

A decisão gerou uma onda de reações entre analistas políticos e cidadãos comuns. Muitos veem essa medida como ousada e até mesmo arriscada. Um dos comentários mais repetidos sugere que, embora essa mudança possa parecer um passo na direção errada do ponto de vista da segurança, ela também pode ser interpretada como um sinal de confiança de Seul em construir laços, mesmo em um ambiente de desconfiança palpável. Por outro lado, críticos levantam preocupações sobre os riscos de expor os sul-coreanos à propaganda do regime norte-coreano, que historicamente tem sido extremamente negativa em relação ao Sul.

Por muitas décadas, a desinformação e a propaganda têm sido ferramentas significativas na estratégia de governo de ambos os países. A Coreia do Sul, com seus meios de comunicação democráticos e abertos, poderia agora ver-se em uma posição onde as notícias propagandísticas da Coreia do Norte são facilmente acessíveis a seu povo, o que pode gerar uma nova série de desafios relacionados à percepção pública e à segurança do Estado. Como um comentarista observou, "agora a Coreia do Norte terá que considerar que as pessoas na Coreia do Sul também estarão lendo sua publicação quando escreverem sua propaganda". Essa dinâmica é, sem dúvida, nova e intrigante.

Em uma perspectiva histórica, essa tentativa de influência sul-coreana é reminiscente das ações anteriores de presidentes do partido democrático, que tentaram iniciativas semelhantes sob o governo de Moon Jae-in. Essas abordagens foram muitas vezes referenciadas como "do motorista", onde Seul tentava liderar esforços para melhorar as relações com Pyongyang. Embora tais ações tivessem como objetivo promover um diálogo, a maioria delas resultou em frustrações, dado que o regime de Kim Jong-un frequentemente optou por se afastar de qualquer tentativa de rapprochement.

O contexto atual, caracterizado por um ambiente de segurança nacional conturbado, faz com que essa decisão de tornar o Rodong Sinmun mais acessível seja ainda mais debatida. As preocupações sobre as implicações desta liberalização são amplas e vão desde a possibilidade de a propaganda norte-coreana influenciar a opinião pública sul-coreana até questões mais profundas sobre como a população do Sul deve lidar com um editor que apresenta uma visão política em claro conflito com seus próprios interesses e valores.

Enquanto isso, o governo sul-coreano continua defendendo a reforma sob a premissa do "direito de saber" - um conceito fundamental em democracias funcionais que estipula que todos os cidadãos têm a prerrogativa de ter acesso a informações relevantes. A promessa de maior transparência e intercâmbio de informações é um princípio que, apesar de suas nuances, é respeitado em todo o mundo democrático. Resta saber se essa nova política trará mais benefícios do que danos, tanto para a segurança nacional quanto para o entendimento mútuo entre as duas Coreias, um dilema que continua a ser central nas discussões sobre o futuro da península coreana.

Fontes: The Korea Times, BBC, Al Jazeera, The Diplomat

Detalhes

Lee Jae-myung

Lee Jae-myung é um político sul-coreano e membro do Partido Democrático. Ele se destacou como defensor dos direitos civis e é conhecido por suas posturas pacifistas em relação à Coreia do Norte. Como presidente, ele tem buscado promover a transparência e o intercâmbio de informações, defendendo a ideia de que os cidadãos devem ter acesso a informações relevantes para compreender a situação política e social na península coreana.

Resumo

O governo da Coreia do Sul anunciou uma mudança significativa ao reclassificar o Rodong Sinmun, o jornal oficial da Coreia do Norte, de "materiais especiais" para "materiais gerais". Essa decisão permitirá que os cidadãos sul-coreanos tenham acesso físico às edições impressas do periódico, embora o acesso online continue restrito por questões de segurança nacional. O presidente Lee Jae-myung, defensor dos direitos civis, apoia a reclassificação, argumentando que a proibição anterior infantilizava os cidadãos. A medida gerou reações diversas, com analistas e cidadãos divididos entre ver a mudança como ousada ou arriscada. Críticos expressam preocupações sobre a exposição à propaganda norte-coreana, enquanto defensores enfatizam o "direito de saber" como um princípio democrático. A decisão é parte de um esforço mais amplo para fomentar intercâmbios inter-coreanos em um contexto de relações congeladas, levantando questões sobre como essa liberalização impactará a percepção pública e a segurança do Estado.

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