Cocona do XG se assume como transmasculina e revela cirurgia

Cocona, integrante do grupo XG, se assume como uma pessoa transmasculina não-binária, revelando sua cirurgia de cima e desafiando normas de gênero.

06/12/2025, 14:28

Autor: Laura Mendes

No dia de hoje, em um momento que promete marcar a cultura pop contemporânea, Cocona, uma das integrantes do grupo musical japonês XG, anunciou que se identifica como transmasculina não-binária. A revelação, que foi acompanhada de uma série de postagens emocionantes, convidou aplausos e diferentes reações de seus fãs e do público em geral. Em uma indústria conhecida por sua rigidez estrutural e padrões de beleza ou de gênero tradicionalmente estabelecidos, a coragem de Cocona ao desafiar essas normas foi amplamente celebrada, especialmente por sua base jovem de fãs que frequentemente busca representatividade e autenticidade.

Cocona fez a revelação em uma emocionante sessão de fotos, que não só ilustrava a sua jornada de autoafirmação, mas também destacava o apoio sólido de seus colegas de grupo e da equipe de produção. A jovem se austenta ao falar sobre a recente cirurgia de "cima", um termo usado para descrever a cirurgia de mastectomia que muitos em transição diante do reconhecimento de sua identidade de gênero passam. Ela expressou que queria ser verdadeira consigo mesma e, ao fazê-lo, espera inspirar outros a viver de maneira autêntica também. O apoio recebido não se limitou apenas ao ambiente da XG, mas se estendeu a muitos fãs e ativistas, que aplaudiram a coragem da artista.

Diversas reações vindas do público e dos especialistas em gênero têm destacado a importância desse tipo de liderança e visibilidade na sociedade atual. A revelação de Cocona ocorre em um contexto em que há uma luta crescente por direitos e reconhecimento das pessoas não-binárias e trans, especialmente em países onde a aceitação é ainda um grande desafio. O surgimento de figuras públicas como Cocona, que se posicionam abertamente sobre suas identidades, desempenha um papel vital na desestigmatização da diversidade de gênero, abrindo portas para conversas mais inclusivas e empáticas.

O impacto da decisão de Cocona pode ser ainda mais significativo em um contexto cultural como o do Japão, onde discussões sobre identidade de gênero ainda enfrentam barreiras consideráveis. Contudo, as opiniões entre os fãs variam, alguns mostram inquietude sobre as possíveis reações negativas do público. Comentários associados à preservação da imagem pública e reputação do grupo refletem preocupações em relação a backlash — um retorno negativo ou hostil —, um fenômeno comum em um cenário tão competitivo como o da música pop asiática.

Entretanto, o apoio ativo e visível da empresa que administra o grupo e de suas colegas indica uma mudança potencial em direção a um ambiente mais acolhedor e incluindo, não apenas para Cocona, mas para todos os artistas que possam desejar se expressar livremente. A presença de apoio ao longo de sua jornada também destaca o valor da solidariedade dentro da indústria, que pode influenciar positivamente outros artistas a serem genuínos sobre suas identidades sem medo de represálias. Isso sugere que a transformação social e cultural é possível quando a inclusão é colocada em prática dentro das estruturas de poder.

Além disso, essa visibilidade também é fundamental para jovens que se encontram em situações semelhantes, permitindo que se sintam vistos e representados. Os comentários de fãs expressando emoções de identificação e apoio reforçam que a jornada de um artista pode ter um impacto além do palco, abrangendo a vida de pessoas em todo o mundo. A experiência de Cocona oferece esperança e um exemplo de que é possível ser autêntico e, ao mesmo tempo, alcançar o sucesso em um campo tradicionalmente resistente a mudanças de paradigma.

As reações ao anúncio de Cocona também levantam questões sobre a linguagem e como os pronomes de gênero são tratados em diferentes culturas. Informações adicionais emergem a respeito de como a língua japonesa, que não possui um sistema explícito de pronomes neutros, apresenta desafios em fazer a tradução de identidades de gênero de forma fiel. A falta de vocábulos adequados pode criar confusões, mas isso também revela a necessidade de uma educação maior em relação ao gênero e à linguagem em contextos onde a diversidade precisa ser melhor entendida.

Por fim, vale ressaltar que o ato de Cocona não é apenas uma conquista pessoal, mas um catalisador para a mudança na narrativa de como a diversidade pode ser celebrada e integrada na cultura pop. Seu exemplo pode muito bem abrir portas para muitos outros que, seguindo seus passos, desejam ser verdadeiros sobre quem realmente são, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e explicado na indústria. Ao olharmos para o futuro, seremos presentes de mudanças que possibilitam a uma nova geração de artistas e fãs viverem autenticamente sem medo de retaliações e preconceitos.

Fontes: Folha de São Paulo, BBC News, The New York Times