26/12/2025, 14:32
Autor: Ricardo Vasconcelos

No último dia 27 de outubro de 2023, o chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, levantou preocupações sobre a possibilidade de que tanto a China quanto a Rússia estejam se preparando para ações militares coordenadas, particularmente em locais estratégicos como Taiwan e a Europa. Durante uma coletiva de imprensa, Rutte destacou que as cenas das tensões atuais no cenário internacional indicam que uma abordagem militar por parte da China em relação a Taiwan poderia coincidir com uma agressão russa na Europa. Esses comentários refletem o clima de incerteza e a complexidade do atual panorama geopolítico, especialmente relacionado às interações entre Estados Unidos, China e Rússia.
A questão de Taiwan sempre foi um ponto sensível nas relações entre China e o Ocidente. Desde que o líder chinês, Xi Jinping, subiu ao poder, o governo da República Popular da China tem demonstrado um crescente militarismo sobre a ilha, que considera parte de seu território. Embora muitas análises sugiram que um ataque ao governo taiwanês colocaria em risco a estabilidade econômica da China, observadores apontam que a intransigência da política externa chinesa pode levá-los a tentar uma ação militar se sentirem que as condições são favoráveis. Entre os fatores que podem influenciar essa decisão, destacam-se as relações da China com seus aliados, a saúde da economia global e o apoio militar que Taiwan recebe de potências ocidentais.
Por outro lado, a Rússia, ao longo dos últimos anos, tem lutado para manter sua presença militar na Ucrânia, resultando em milhares de baixas e um atoleiro que parece não ter fim. Analistas ponderam se, no cenário atual, a Rússia teria recursos suficientes para lançar um ataque simultâneo a um adversário europeu, considerando as suas dificuldades na Ucrânia. Em declarações, muitos comentadores destacam que, se a Rússia tivesse condições robustas para uma ação militar em outra frente, já teria explorado essas opções na ONU, uma vez que se aproximam os dois anos de seu conflito com o país vizinho.
Por outro lado, há temores de que um ataque militar chinês a Taiwan possa ser orquestrado em um momento em que o Ocidente pareça incapaz de agir decisivamente, criando uma oportunidade para que o Partido Comunista Chinês avance com suas ambições na ilha. Essa preocupação foi destacada por vários especialistas em segurança internacional, que ressaltam como uma invasão de Taiwan poderia ser vista como "um movimento pragmático" para os chineses, equiparando-se a um fortalecimento de sua posição econômica e geopolítica na região da Ásia-Pacífico.
Entretanto, muitos analistas não compartilham da visão de que a China e a Rússia possuem uma parceria indissolúvel. Mesmo que ambos os países tenham mostrado um alinhamento em suas políticas externas, há um subtexto de desconfiança entre os dois. A Russia ainda possui suas próprias preocupações territoriais, especialmente em relação à Sibéria, onde a influência chinesa é crescente. O entendimento histórico de "humilhação" por parte da China em relação ao Ocidente e as políticas de expansão territorial da China são fatores que dificultam a solidez da aliança sino-russa; analistas sugerem que a qualquer momento poderiam surgir desavenças entre os dois países.
Com esse cenário em mente, é possível que as tensões aumentem ainda mais nas próximas semanas e meses, à medida que ambos os países lidam com questões internas e externas que testam sua longevidade em um mundo de alianças cada vez mais dinâmicas. Os ataques a Taiwan e à Europa poderiam ser vistos como parte de uma estratégia de distração, onde uma devastação em uma frente divide a atenção e os recursos das potências ocidentais.
Portanto, o apelo de Rutte para um aumento na prontidão militar e diplomática na Europa, bem como para reforço nas alianças com países asiáticos como o Japão e a Austrália, reflete o entendimento de que o equilíbrio de poder no cenário global está em constante mudança. A pressão sobre Taiwan e a postura da Rússia em relação à Europa e à Ucrânia são apenas algumas das questões que tornarão o futuro imprevisível e tenso. A vigilância contínua por parte das nações ocidentais é vista como crucial para evitar que um embate em duas frentes se torne uma realidade catastrófica e profundamente desestabilizadora.
Fontes: BBC News, The Guardian, Reuters
Detalhes
Mark Rutte é um político holandês e membro do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD). Desde 2010, ele é o Primeiro-Ministro da Países Baixos, sendo conhecido por sua abordagem liberal em questões econômicas e sociais. Rutte tem se destacado em assuntos europeus e internacionais, especialmente em questões de segurança e defesa, e tem sido uma figura importante nas discussões sobre a OTAN e a política externa da Europa.
Resumo
No dia 27 de outubro de 2023, Mark Rutte, chefe da OTAN, expressou preocupações sobre a possibilidade de ações militares coordenadas entre China e Rússia, especialmente em Taiwan e na Europa. Durante uma coletiva, ele ressaltou que a abordagem militar da China em relação a Taiwan poderia coincidir com a agressão russa na Europa, refletindo a complexidade do panorama geopolítico atual. A questão de Taiwan é delicada, com a China, sob Xi Jinping, intensificando seu militarismo sobre a ilha. Embora um ataque a Taiwan possa prejudicar a economia chinesa, a política externa intransigente do país pode levá-lo a agir se as condições forem favoráveis. A Rússia, por sua vez, enfrenta dificuldades na Ucrânia, levantando dúvidas sobre sua capacidade de atacar simultaneamente na Europa. Especialistas alertam que um ataque chinês poderia ocorrer quando o Ocidente parecer incapaz de reagir, enquanto a relação entre China e Rússia é marcada por desconfiança, o que pode complicar uma aliança sólida. Rutte pediu maior prontidão militar e diplomática na Europa, destacando a necessidade de vigilância contínua das potências ocidentais.
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