CEO da Nvidia critica construção de data centers nos EUA e na China

Jensen Huang, CEO da Nvidia, destaca as diferenças na construção de hospitais temporários na China e data centers nos EUA, levantando preocupações sobre segurança e regulamentação.

06/12/2025, 17:23

Autor: Felipe Rocha

Em uma recente declaração, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, gerou controvérsias ao comparar a velocidade da construção de hospitais temporários na China com a da construção de data centers nos Estados Unidos. Huang destacou que, enquanto seus data centers podem levar até três anos para serem construídos nos EUA, na China, a construção de um hospital pode ser realizada em um único fim de semana. Essa afirmação, no entanto, levantou questionamentos sobre as práticas de construção e os padrões de segurança nos dois países.

A comparação de Huang não passou despercebida e rapidamente se tornou um tema de debate acalorado, onde diversos comentaristas e especialistas começaram a discutir a veracidade e a relevância de suas afirmações. Muitas pessoas ressaltaram que construir um hospital, mesmo que temporário, como os que foram erguidos rapidamente durante a pandemia de COVID-19, requer uma série de considerações de segurança que muitas vezes não são levadas em conta em construções apressadas, particularmente na China. Para muitos, isso equivale a um dilema moral e prático, que envolve escolher entre velocidade e qualidade. A construção de hospitais na China, especialmente os temporários, é frequentemente vista como uma solução rápida, mas falha para crises de saúde pública, tendo em vista que muitos deles foram projetados sem os padrões rigorosos de segurança exigidos para construções permanentes.

Diversos comentários nas redes sociais apontaram que a velocidade muitas vezes muitas vezes relevante da construção na China pode provocar desastres devido à falta de regulamentações adequadas. Críticos mencionaram os casos de "prédios de tofu", um termo que descreve construções realizadas com materiais de baixa qualidade e práticas de engenharia precárias, que se tornam inviáveis a curto prazo. Como resultado, essa abordagem custo-benefício gera dúvidas sobre a durabilidade das estruturas construídas rapidamente. No entanto, críticos também argumentaram que Huang estava levando a comparação ao extremo, já que data centers envolvem complexidades adicionais, incluindo fornecimento de energia, refrigeração e requisitos estruturais específicos, que não se aplicam da mesma maneira a hospitais temporários.

De acordo com especialistas em infraestrutura e construção, enquanto os hospitais emergenciais chineses podem ser erigidos rapidamente, os data centers exigem uma consideração maior das necessidades de energia contínua e regulamentações vigorosas. "A construção de uma instalação como um data center não é simples. Trata-se de garantir que todos os sistemas, desde energia até a segurança alimentar, funcionem em harmonia", disse um engenheiro civil com experiência em projetos de data centers. Portanto, a afirmação de Huang pode desconsiderar a complexidade técnica e as exigências que envolvem as construções desse tipo.

Além disso, especialistas em saúde pública expressaram preocupação com as implicações dessa mensagem de velocidade na construção de hospitais. Uma crítica frequente é a falta de provisões para o bem-estar dos pacientes. Os hospitais temporários muitas vezes se concentram apenas na capacidade de atender às necessidades imediatas, mas falham em fornecer um ambiente que considere a segurança e a saúde a longo prazo dos pacientes. "Construções emergenciais podem ser adequadas em situações de emergência, mas a estrutura deve ser considerada sob uma perspectiva holística. Não se trata apenas de ter camas, mas de atender aos requisitos necessários para um atendimento seguro e eficaz", disseram os especialistas.

Por outro lado, a crítica a falta de velocidade na construção de data centers nos Estados Unidos também levanta um ponto válido sobre a burocracia e os desafios da regulamentação. Em muitos casos, as permissões e aprovações podem levar tempo, o que impede um progresso rápido, ao mesmo tempo que resulta na ocupação de recursos valiosos, tanto em termos financeiros quanto de tempo. A indústria da tecnologia muitas vezes critica esses atrasos como obstáculos ao crescimento e à inovação, com muitos defendendo uma abordagem mais permissiva em relação às regulamentações de construção.

Tradicionalmente, a construção nos EUA mantém um padrão elevado de segurança devido às regulamentações mais restritivas em relação à qualidade dos materiais e procedimentos, assim como ao trabalho realizado. Entretanto, os comentaristas incisivamente questionaram: "Até que ponto essa rigorosa regulamentação vale a pena, se estamos atrasando inovações e a competitividade em um cenário global cada vez mais competitivo?"

Em resposta, alguns argumentam que países com práticas de construção mais flexíveis podem experimentar crescimento econômico mais rápido e uma infraestrutura mais dinâmica. Essa ideia é apoiada por exemplos de países que têm adotado um modelo de construção mais permissiva, onde a velocidade é priorizada em detrimento de rigorosas normas de segurança.

Assim, a controvérsia levantada por Huang é reflexo das tensões compreensivas entre inovação, segurança e a pressão econômica global. À medida que as economias, particularmente as dos EUA e da China, continuam a buscar um equilíbrio entre velocidade e solidez, a narrativa em torno dessa comparação entre hospitais e data centers pode se tornar um tema central nas discussões sobre o futuro da infraestrutura tecnológica e institucional em um mundo cada vez mais interconectado.

Fontes: The Verge, TechCrunch, Wired