30/12/2025, 21:32
Autor: Laura Mendes

Enquanto a cidade de São Paulo se prepara para as festividades de Ano Novo, um tema que está gerando controvérsia é o alto custo dos cachês dos artistas que se apresentarão na tradicional virada na Avenida Paulista, que somam mais de R$ 6 milhões. Este investimento, segundo a administração municipal, é justificado pela grande demanda em períodos festivos e o potencial retorno financeiro gerado pelo evento, mas muitos cidadãos questionam a destinação dos recursos públicos em momentos de crise orçamentária.
A festa de Réveillon na Paulista atrai anualmente milhões de pessoas, e o impacto econômico gerado por essas festividades é um dos pontos argumentados pela prefeitura. Dados apontam que as celebrações de Ano Novo, junto com eventos como a Corrida São Silvestre, conseguiram gerar um retorno de R$ 1,2 bilhões para a cidade, sendo que os cachês correspondem a apenas 0,5% desse montante. Este pequeno percentual, no entanto, não alivia a preocupação de muitos cidadãos sobre a alocação dos recursos públicos em detrimento de outras áreas que requerem investimento e melhorias.
Segundo documentos de contratação acessados por veículos de imprensa, os valores dos cachês estão acima da média de mercado. O cantor João Gomes, conhecido como "rei do piseiro", por exemplo, costuma cobrar cerca de R$ 700 mil, mas receberá R$ 1 milhão para sua apresentação. A prefeitura argumenta que, em épocas como Réveillon e Carnaval, os preços dos artistas podem subir entre 50% e 100% devido à alta demanda nesses períodos.
Entre as opiniões da população, alguns veem a realização do evento como uma forma de revitalizar a economia local, uma vez que atrai turistas que gastam em diversos serviços, como transporte e hospedagem. "Quem estiver nos shows não vai ficar parado, vai consumir. Fora quem vem de fora pra passar o Ano Novo na Paulista e gasta com transporte e hospedagem. É gente pra cacete gastando dinheiro que vai virar imposto", destacou um cidadão em um comentário analisado. Essa perspectiva de que eventos culturais podem contribuir não apenas para a cultura, mas também para a economia local, é um ponto positivo em meio ao debate.
Por outro lado, há uma crítica bem fundamentada sobre se esse investimento é realmente justificado. "Defensável, esse tipo de evento trás um lucro gigantesco, assim como o Carnaval. O ponto é gastar esse dinheiro somente nesses eventos enquanto diversos pontos da cidade estão abandonados", pontuou outro comentarista, refletindo uma insatisfação recorrente sobre a falta de atenção a outras áreas que necessitam de recursos, como a infraestrutura, saúde e segurança pública.
A nocão de que o orçamento público não funciona como uma conta bancária comum também prevalece nas discussões. Uma análise sugere que a aplicação de verbas na cultura não deve ser vista como um gasto supérfluo, mas sim como um investimento a longo prazo que pode promover benefícios variados à sociedade. Um morador comentou, "dinheiro da cultura é pra cultura. A galera acha que não usar ou usar menos esse dinheiro irá fazer com que o excedente seja utilizado em outro setor".
Além disso, existem críticas à repetição do mesmo formato de festividade e ao padrão de reclamações que surgem anualmente. Comentários de descontentamento notaram que esta situação parece um "grande dia da marmota", indicando a frustração com promessas não cumpridas por parte da administração municipal em relação a outros serviços.
Enquanto o espetáculo de fogos e shows prometem trazer alegria e um momento de pausa nas preocupações cotidianas, a divisão entre os que apoiam e os que se opõem ao investimento em cachês elevados para o Réveillon na Paulista colocou em evidência a complexidade das prioridades de uma metrópole como São Paulo. O que se espera é que o ano novo traga não apenas novas esperanças e promessas, mas também a necessidade urgente de um debate mais profundo sobre a distribuição equitativa dos recursos da cidade, que deve ser um compromisso contínuo para os futuros governantes e para a própria população.
Fontes: G1, Folha de São Paulo, Estadão, Prefeitura de São Paulo, Institutos de pesquisa financeira e cultural.
Detalhes
João Gomes é um cantor e compositor brasileiro, conhecido como o "rei do piseiro". Ele ganhou destaque na cena musical brasileira por seu estilo que mistura elementos do forró e do sertanejo, atraindo uma grande base de fãs. Seu sucesso nas plataformas digitais e em shows ao vivo o consolidou como uma das principais figuras da música popular brasileira contemporânea.
Resumo
A preparação para as festividades de Ano Novo em São Paulo está gerando controvérsia devido ao alto custo dos cachês dos artistas, que totalizam mais de R$ 6 milhões. A prefeitura defende esse investimento, alegando que o evento atrai milhões de pessoas e gera um retorno econômico significativo, estimado em R$ 1,2 bilhões, com os cachês representando apenas 0,5% desse valor. No entanto, muitos cidadãos questionam a alocação de recursos públicos em um momento de crise orçamentária. Os cachês dos artistas estão acima da média de mercado, como no caso do cantor João Gomes, que receberá R$ 1 milhão, apesar de cobrar normalmente R$ 700 mil. Enquanto alguns veem o evento como um impulso à economia local, outros criticam a falta de atenção a áreas que precisam de investimento. A discussão sobre o uso do orçamento público destaca a necessidade de um debate mais profundo sobre a distribuição de recursos na cidade, especialmente em relação a infraestrutura, saúde e segurança pública.
Notícias relacionadas





