Broadcom cai 11% após lucros apesar do pessimismo com a IA

A Broadcom enfrentou uma desvalorização de 11% no mercado, mesmo apresentando lucros superiores às expectativas, refletindo o medo crescente em torno das tecnologias de IA.

13/12/2025, 02:14

Autor: Ricardo Vasconcelos

No dia 12 de dezembro de 2023, a Broadcom, gigante da tecnologia, experimentou uma significativa queda de 11% em suas ações, apesar de ter reportado lucros acima das expectativas de analistas. O movimento, que surpreendeu investidores e especialistas, é reflexo do pessimismo crescente em relação ao mercado de inteligência artificial (IA) e suas implicações financeiras. A desvalorização das ações da Broadcom não é um caso isolado e vem acompanhada da pressão que outras empresas de tecnologia, como Oracle e Nvidia, também têm enfrentado, gerando um clima de ansiedade generalizada em um setor que um dia foi visto como imune a oscilações severas.

Os resultados financeiros apresentados pela Broadcom estavam entre os melhores que a empresa já teve, o que na teoria deveria ter sustentado suas avaliações de mercado. No entanto, a realidade é que o mercado parece estar mais cético. A percepção geral é de que, após um período de grande euforia em torno da "exposição à IA", os investidores estão exigindo agora que as empresas mostrem resultados claros em termos de lucratividade, e não apenas promessas de crescimento. Existem indícios de que os lucros esperados podem não se materializar tão rapidamente quanto muitos haviam concebido, especialmente considerando os altos gastos em infraestrutura necessários para suportar a crescente demanda de soluções de IA, com o mercado aguardando um retorno tangível sobre esses investimentos.

Os rumores em torno da infraestrutura relacionada à IA desempenham um papel significativo nesse cenário. A pressão sobre as margens de lucro e os altos gastos em rede foram identificados por analistas como fatores que podem estar prejudicando a corrida das ações, com investidores se perguntando até que ponto as empresas estarão dispostas a suportar as dores de crescimento no curto prazo. A Broadcom é emblemática dessa situação, onde os analistas agora estão reavaliando suas expectativas. Embora os rendimentos tenham sido bons, a questão que paira sobre o mercado é se isso é suficiente para justificar o preço das ações em níveis tão altos, principalmente quando esses preços são comparados a outras empresas do setor que mantêm uma relação preço/lucro (P/E) consideravelmente mais baixa.

Os desafios que a Broadcom enfrenta não são exclusivos, mas refletem uma tendência mais ampla que afeta o setor de tecnologia como um todo. O aumento da concorrência e a necessidade de evolução constante em meio a um ambiente de desenvolvimentos tão rápidos quanto o de IA forçam as empresas a uma contínua reavaliação de suas estratégias de negócios. A distribuição de incerteza entre os investidores se intensificou, levando à crescente volatilidade em ações agrupadas sob o guarda-chuva da tecnologia de IA. Um aumento expressivo de avaliações nas empresas de tecnologia — que muitos analistas acreditam estar inflacionadas por um ambiente altamente especulativo — está sendo repensado à medida que a realidade dos custos de longo prazo para a infraestrutura de IA se torna mais aparente.

Uma parcela significativa do mercado também expressou preocupação sobre como as expectativas têm se descolado da realidade. A Broadcom, antes vista como forte concorrente, agora se vê no centro de um debate sobre as práticas de avaliação que têm possibilitado parcialmente que empresas como a Nvidia tenham sido impulsionadas a limites vertiginosos, com um P/E de aproximadamente 43, enquanto a Broadcom possui um P/E que chegou a 75. Essa condição sugere que a Broadcom precisa experimentar uma significativa redução de seu preço de mercado — possivelmente pela metade — para alcançar uma avaliação que seja considerada razoável, conforme a lógica dos investidores.

Enquanto isso, a narrativa em torno da Broadcom continua a evoluir, com muitos no mercado se perguntando se compreendê-la corretamente implica decifrar um novo código de sucesso em um ambiente de capital estarrecedor. O que parecia ser uma corrida sem fim para ceder espaço à inovação e atender à alta demanda por soluções baseadas em IA agora está sendo contestado por uma necessidade de realidade financeira. Como um conhecido investidor colocou, “até agora, as altas avaliações continuamente superam as expectativas, mas não é assim que funciona sempre.”

Diante desse cenário, o que todo o mercado parece estar ansioso para descobrir é se realmente estamos apenas vendo uma transição temporária no que diz respeito ao apetite por IA, ou se estamos à beira de uma reavaliação mais ampla em todas as ações de tecnologia. A continuação das flutuações em torno da Broadcom poderá definir o nervosismo de investidores em um panorama mais amplo. Para muitos, a pergunta central continua sendo: o que se precisa fazer para romper a barreira da insegurança e iniciar um novo ciclo de crescimento em novas tecnologias, quando as promessas frequentemente não garantem os resultados? Essa relação entre expectativas e realidade permanecerá como um tema central nas discussões financeiras enquanto as empresas se esforçam para não apenas prometer, mas entregar resultados consistentes e satisfatórios, essenciais para o bem-estar do mercado como um todo.

Fontes: CNBC, Bloomberg, Wall Street Journal