Bilionários aumentam riqueza em US$2,2 trilhões enquanto desconfiam do sonho americano

A classe bilionária mundial viu uma ampliação de riqueza de US$2,2 trilhões em 2023, mas demonstra crescente desconfiança em relação ao futuro econômico nos EUA.

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31/12/2025, 17:28

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma representação visual de uma cidade moderna dividida, com um lado ostentando arranha-céus luxuosos e superfícies douradas, enquanto o outro lado apresenta favelas e comunidades carentes. Ao fundo, figuras representativas de bilionários se afastando em carros luxuosos, simbolizando a desconexão entre as classes sociais. Um céu nublado adiciona uma atmosfera de tensão e desigualdade social.

Em um ano marcado por turbulências econômicas, os bilionários do mundo acrescentaram um recorde impressionante de US$2,2 trilhões às suas riquezas. Apesar desse crescimento financeiro, um estudo recente revelou que muitos deles estão gradualmente perdendo a fé no sonho americano, refletindo uma mudança significativa nos sentimentos e atitudes em relação aos Estados Unidos como o principal centro de oportunidades empresariais.

De acordo com a pesquisa da UBS, a América do Norte ainda é o destino preferido para investimentos por parte da elite econômica, no entanto, essa confiança parece estar em declínio. O porcentual de bilionários que consideram os EUA como a maior oportunidade de investimento de curto prazo diminuiu de 80% no ano anterior para apenas 63% em 2023. Essa queda na percepção de segurança econômica não é apenas um reflexo interno dos problemas do país, mas também está ligada ao cenário financeiro global mais amplo.

No lugar da América do Norte, a Europa Ocidental está emergindo como uma alternativa atrativa, com quatro em cada dez bilionários declarando que vêem essa região como o novo centro de oportunidades a serem exploradas nos próximos doze meses. Essa mudança de foco pode indicar que, ao longo dos anos, a Europa tem se posicionado como um ambiente mais estável e seguro para investimentos de longo prazo.

Essa percepção em transformação provoca questionamentos sobre o futuro econômico e político dos Estados Unidos. Para muitos, as ações da Reserva Federal (Fed) são vistas como intervencionistas e artifícios financeiros que distorcem a realidade econômica. Em vez de favorecer um crescimento sustentável baseado em produção industrial e emprego, as políticas monetárias atuais, como a injeção de liquidez, continuam a impulsionar os preços das ações e a criar bolhas financeiras.

Críticos das políticas atuais argumentam que a real função do Fed tem se distanciado da expectativa de "nenhum bilionário deixado para trás", onde, em vez de impulsionar o crescimento inclusivo, o foco se desloca para proteger os interesses de uma minoria cada vez mais rica. Essa realidade leva a uma profunda insatisfação econômica e social, onde a maior parte da população se pergunta sobre a verdadeira fonte de riqueza e prosperidade.

Outro ponto crucial abordado por especialistas é o desenvolvimento de um novo tipo de feudalismo moderno, onde bilionários e oligarcas concentram ainda mais poder econômico e político. A ideia de se livrar de seus países de origem e buscar refúgio na Europa, lavando suas riquezas em investimentos em extensas propriedades senhoriais, levanta preocupações sobre a autonomia das nações e o crescente controle da elite sobre os destinos políticos das sociedades.

Enquanto isso, nos EUA, muitos cidadãos se sentem cada vez mais como "carteiras ambulantes", em um sistema que prioriza a exploração econômica em detrimento do bem-estar coletivo. Essa desilusão culmina em uma análise crítica do que realmente significa liberdade econômica e a verdadeira natureza do sonho americano, à medida que mais pessoas se tornam conscientes dos efeitos da desigualdade crescente no seu cotidiano.

Com o cenário mundial em constante evolução, as crises econômicas vêm sendo um tema recorrente, e a nova elite parece estar cada vez mais disposta a proteger seus interesses, mesmo que isso signifique desconsiderar o que foi prometido à sociedade em termos de prosperidade compartilhada. As consequências dessas dinâmicas complexas ainda são difíceis de prever, mas o que fica claro é que um diálogo aberto e construtivo é imperativo para reverter a desconfiança que se instalou, não apenas no coração da elite, mas no seio da sociedade como um todo.

Enquanto o mundo observa, resta saber se o capitalismo, nas suas formas mais robustas, encontrará um equilíbrio adequado entre riqueza e responsabilidade social, ou se o cenário que se desenha culminará em maior descontentamento e divisão. Para a classe média e baixa, o sonho americano pode parecer mais distante do que nunca, enquanto para os que dominam os centros financeiros, a ideia de oportunidades se transforma em um jogo de poder, onde nem todos têm acesso às mesmas cartas.

Fontes: Bloomberg, UBS, The Economist

Resumo

Em um ano de turbulências econômicas, os bilionários do mundo aumentaram suas riquezas em impressionantes US$2,2 trilhões. No entanto, um estudo da UBS revela que muitos estão perdendo a fé no sonho americano, com a confiança na América do Norte como o principal destino de investimento caindo de 80% para 63% entre 2022 e 2023. Em contrapartida, a Europa Ocidental surge como uma alternativa atrativa, com 40% dos bilionários considerando essa região como um novo centro de oportunidades. Essa mudança reflete não apenas problemas internos dos EUA, mas também um cenário financeiro global mais amplo. Críticos apontam que as políticas da Reserva Federal (Fed) estão distorcendo a realidade econômica e favorecendo uma minoria rica, enquanto a maioria da população enfrenta crescente insatisfação. Especialistas alertam para o surgimento de um novo feudalismo moderno, onde bilionários concentram poder econômico e político, levantando preocupações sobre a autonomia das nações. O futuro do capitalismo e a verdadeira natureza do sonho americano permanecem incertos, com a desigualdade crescente se tornando uma questão central.

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