31/12/2025, 16:16
Autor: Laura Mendes

Recentemente, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou um projeto de lei que torna obrigatória a disponibilização de cardápios impressos ou em tablets nos bares e restaurantes da cidade. Essa medida visa assegurar que todos os clientes tenham acesso às opções do cardápio de forma clara e acessível, independentemente de sua familiaridade com a tecnologia, especialmente considerando o uso crescente de QR codes em estabelecimentos gastronômicos. A proposta começou a ganhar força ano passado, quando diversos consumidores expressaram descontentamento sobre a experiência de pedir em restaurantes que apenas oferecem cardápios digitais.
Com a popularização dos QR codes como uma solução prática e higiênica, especialmente durante a pandemia, muitos restaurantes e bares começaram a migrar para esse formato digital. Contudo, essa mudança não foi bem recebida por todos. Muitos clientes relataram dificuldades em acessar os cardápios digitais devido à falta de acesso à internet ou à tecnologia necessária para escanear os códigos. Além disso, o fato de alguns estabelecimentos oferecerem apenas um link para um PDF de um cardápio impresso gerou reclamações sobre a falta de um formato acessível e legível.
A nova legislação tem como objetivo corrigir essas falhas e oferecer opções que atendam às necessidades de todos os clientes. Por um lado, os defensores da tecnologia afirmam que um cardápio digital possui diversas vantagens. Ele pode ser facilmente atualizado em tempo real, permitindo que os estabelecimentos retirem itens que estão fora de estoque e incluam novas ofertas instantaneamente. Aqueles que também não possuem um celular ou que têm dificuldades para utilizá-lo podem encontrar dificuldades em um ambiente que depende exclusivamente de QR codes, enfatizando a importância de um cardápio físico.
Além disso, os estabelecimentos que adotarem tablets como opção de cardápio também podem se beneficiar, já que esses dispositivos podem oferecer uma interface mais interativa, onde os clientes podem fazer pedidos diretamente de seu assento, melhorando a eficiência e a experiência do serviço. Embora os cardápios digitais sejam vistos por muitos como uma evolução da experiência gastronômica, a implementação deve ser cuidadosa. A legislação aprovada em Belo Horizonte reflete uma preocupação crescente com a acessibilidade, especialmente em uma cidade que recebe um fluxo significativo de turistas e visitantes que podem não ter familiaridade com as tecnologias usadas.
Entre as vozes críticas à tendência de cardápios digitais, um ponto em específico costuma se destacar: a preocupação com a experiência do cliente. Um cliente relatou que em um restaurante, o cardápio que deveria ser físico, na verdade, consistia apenas em um QR code de grandes proporções, fabricado em papel e plastificado, o que tornou a oferta de uma experiência digital um mero expediente de marketing. Além disso, existem constatações de que a implementação de QR codes em restaurantes muitas vezes é mal executada — códigos que não funcionam ou levam a links fragorosamente inadequados, como arquivos de baixa qualidade ou documentos desatualizados.
Além do impacto imediato sobre a acessibilidade e a experiência do cliente, a legislação também levanta questões sobre a segurança alimentar. Com a crescente demanda para que restaurantes e bares façam avaliações de alergênicos em seus pratos, a lei pode contribuir para um ambiente mais seguro para clientes que necessitam de cuidados especiais na alimentação. Especialistas em saúde ressaltam a importância de que os estabelecimentos, além de oferecer opções de cardápio validadas, também instruam seus funcionários sobre como lidar adequadamente com clientes que tenham restrições alimentares.
Em meio a debates sobre a necessidade de adaptar-se à tecnologia versus manter métodos tradicionais de atendimento, a medida de Belo Horizonte reflete uma tentativa de equilibrar inovação e acessibilidade. Com as preocupações sobre a dependência da tecnologia em constante crescimento, a lei traz à tona a necessidade de uma abordagem inclusiva que atenda a todos os consumidores. Assim, BH se posiciona na vanguarda no que toca a garantir acesso e qualidade na gastronomia da cidade, um exemplo a ser seguido por outras localidades que buscam modernizar seus serviços sem deixar de atender às necessidades de todos os clientes. As mudanças sugeridas com a nova legislação redefinem a experiência de ir a um bar ou restaurante, almejando não apenas oferecer um bom serviço, mas também garantir que captem a satisfação de cada cliente, independentemente de suas preferências tecnológicas.
Fontes: Estado de Minas, O Tempo, Veja, Folha de São Paulo
Resumo
A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou um projeto de lei que exige a disponibilização de cardápios impressos ou em tablets em bares e restaurantes da cidade. A medida visa garantir que todos os clientes tenham acesso às opções do cardápio, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades com cardápios digitais, que se tornaram populares durante a pandemia. A legislação surge após reclamações de consumidores sobre a falta de acessibilidade e legibilidade dos cardápios digitais, que muitas vezes dependem de QR codes. Defensores da tecnologia argumentam que cardápios digitais são vantajosos por permitirem atualizações em tempo real, mas a nova lei busca equilibrar inovação e acessibilidade, atendendo a um público diversificado, incluindo turistas. Além disso, a legislação pode contribuir para a segurança alimentar, ao exigir que os restaurantes informem sobre alérgenos nos pratos. Com essa iniciativa, Belo Horizonte se destaca na busca por uma experiência gastronômica inclusiva, que respeita as necessidades de todos os clientes.
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