18/12/2025, 14:47
Autor: Ricardo Vasconcelos

No cenário político atual dos Estados Unidos, um movimento crescente de alarmistas, compostos por mulheres e homens de várias etnias, tem se manifestado em relação à ascensão do fascismo e ao impacto devastador das políticas promulgadas por Donald Trump e seus aliados. Eles não apenas anteciparam o retrocesso dos direitos civis e da democracia, mas também se sentiram ignorados e, em alguns casos, difamados por suas advertências precoces. Nessa dinâmica, alguns cidadãos de várias origens se referem a si mesmos como "Cassandras", uma referência à figura da mitologia grega que previu o futuro, mas cujas profecias foram ignoradas.
Diversos comentários na esfera pública refletem essa sensação de frustração coletiva. Enquanto alguns afirmam que estavam a par do que poderia acontecer, outros destacam que a maioria dos homens brancos, base demográfica de Trump, se mostrou cega para a visão que indicava uma derrocada dos valores democráticos. Um deles, ao relembrar os dias de incerteza política durante as eleições, salientou: "Enquanto eu estava falando, eu o vi sorrindo, rindo sozinho. Quando terminei, ele disse: 'Você realmente precisa largar o celular'."
Muitos destacam que essa situação não é apenas política, mas uma luta entre o bem e o mal, como enfatizado em uma postagem que dizia não haver espaço para discutir ideologias quando a própria vida estava em risco. O sentimento é reforçado pela ideia de que a ascensão de Trump representa a normalização de comportamentos e atitudes fascistas, algo que vários comentaristas acreditam poder destabilizar a fundação da sociedade americana.
A resposta emocional e visceral a essa ascensão do autoritarismo é palpável em muitos depoimentos. Uma mulher compartilhou sua experiência ao fazer quimioterapia, onde refletiu sobre o que é ser uma mãe em um ambiente onde a ameaça de violência sempre está presente. Ela pensou sobre como poderia ser a vida de uma mãe que vê seus filhos podendo ser afastados por forças que representam o mal absoluto. Essa fragilidade que permeia a sociedade também é vista nas preocupações sobre o futuro. "Se você não sabia em 2016 que esse era o objetivo final, então você é burro ou mentiroso", dizia um comentário contundente que expressava a indignação ressentida de aqueles que estão cientes da gravidade da situação.
Além disso, muitos reconhecem que a retórica de "anti-alarmismo" tornou-se uma moda entre certas esferas, tornando difícil para aqueles que tentam soá-la verídica. Eles acreditam que existe um esforço coordenado, proveniente de grupos sobre o governo, para deslegitimar preocupações legítimas e apresentar uma visão mais otimista que simplesmente ignora a realidade actual. "A melhor estratégia é manter os democratas em casa", disse um comentarista, abordando o impacto do alarmismo sobre as percepções eleitorais.
Enquanto isso, dando um passo para a análise histórica, alguns comentadores traçam paralelos com períodos sombrios do passado, como o pós-Segunda Guerra Mundial na Alemanha, quando muitos tentaram justificar seu apoio ao regime nazista. A necessidade de reconhecer a verdade e a complexidade das ações passadas é central nesse debate. É a luta contra a tendência de revisionismo histórico que incomoda muitos, especialmente quando indivíduos que apoiaram abertamente políticas repletas de racismo e autoritarismo agora tentam se distanciar dessas palavras e ações.
Por fim, ao avaliar as opiniões apresentadas, destaca-se uma sensação de cansaço e resignação com os desencontros entre aqueles que alertaram sobre o perigo e aqueles que inicialmente se opuseram. Um comentarista expressou seu desapontamento ao perceber que amigos que o criticavam agora compartilham de suas preocupações, mas ainda não compreendem a gravidade das questões levantadas. O cansaço vai além da profissão de fé política; é um desânimo com a incapacidade de muitos em reconhecer os sinais claros e as advertências que foram feitas por anos.
O quadro geral delineado mostra uma luta atual por um futuro democrático e a reverberação das vozes que, ao longo da história, previram o que muitos se recusam a entender como uma ameaça. As lições do passado estão se tornando cada vez mais relevantes, à medida que a sociedade americana lida com as consequências de suas escolhas coletivas e individuais.
Fontes: The New York Times, The Guardian, Washington Post
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político americano, conhecido por ter sido o 45º presidente dos Estados Unidos, ocupando o cargo de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Antes da política, ele ganhou notoriedade como magnata do setor imobiliário e personalidade da televisão. Sua presidência foi marcada por políticas controversas, retórica polarizadora e um estilo de liderança não convencional, que gerou tanto apoio fervoroso quanto oposição intensa.
Resumo
No atual cenário político dos Estados Unidos, um movimento crescente de alarmistas, composto por diversas etnias, expressa preocupação com a ascensão do fascismo e as políticas de Donald Trump. Esses cidadãos, que se autodenominam "Cassandras", sentem que suas advertências sobre o retrocesso dos direitos civis e da democracia foram ignoradas. Comentários na esfera pública refletem frustração com a cegueira de muitos, especialmente da base demográfica de Trump, em relação aos riscos à democracia. A situação é vista como uma luta entre o bem e o mal, com relatos emocionais de pessoas que enfrentam a ameaça de violência. Muitos acreditam que a retórica de "anti-alarmismo" tem deslegitimado preocupações legítimas, enquanto outros traçam paralelos com períodos sombrios da história, como o pós-Segunda Guerra Mundial na Alemanha. O cansaço e a resignação são sentimentos comuns entre aqueles que alertaram sobre os perigos, evidenciando a luta por um futuro democrático e a importância de reconhecer os sinais de alerta que foram ignorados.
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