Europeus enfrentam dilema entre liberar ativos russos ou guerra

Líderes europeus debatem liberar ativos russos para a Ucrânia, lidando com alta pressão geopolítica e a possibilidade de concessões territoriais dolorosas.

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18/12/2025, 16:41

Autor: Ricardo Vasconcelos

Uma representação visual dramática de líderes europeus em uma sala de reuniões tensa, com expressões preocupadas, mapas da Europa e da Rússia ao fundo, simbolizando a crise de ativos russos e a urgência da situação. Elementos como um calendário marcando prazos e gráficos financeiros estão em segundo plano, evidenciando a pressão das decisões financeiras.

A Europa se encontra em um momento decisivo diante de um dilema que pode definir o rumo de sua resposta à invasão da Ucrânia: liberar ativos russos congelados para financiar a resistência ucraniana ou manter esses recursos como uma forma de pressão sobre Moscovo. O Primeiro-Ministro polonês, Donald Tusk, sintetizou essa escolha complexa ao afirmar que os líderes enfrentam a cruel opção entre "dinheiro hoje ou sangue amanhã". No cerne da discussão estão os fundos congelados que, segundo estimativas, podem alcançar até 300 bilhões de dólares, valores que, se mal administrados, poderiam levar a consequências desastrosas para a estabilidade da região.

As condições globais tornam o cenário ainda mais complicado. Com a guerra na Ucrânia prolongando-se e exigindo cada vez mais recursos para sustentar a defesa, a pressão sobre as finanças da União Europeia (UE) aumenta. Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, já ressaltou a urgência em se chegar a um acordo durante a cúpula, que se extenua em meio a tensões internacionais. “Sabemos da urgência. É aguda. Todos nós sentimos isso. Todos nós vemos isso”, afirmou, destacando a necessidade de uma solução rápida para financiar a resistência ucraniana nos próximos anos.

No entanto, ainda há questionamentos sobre a viabilidade legal e as repercussões políticas de tal ação. Em uma análise direta sobre os impactos potenciais, alguns comentaristas alertam que liberar esses ativos poderia sinalizar fraqueza da Europa e legitimizar ações agressivas da Rússia. Uma proposta polêmica gerada entre os líderes seria a utilização de terras ocupadas pela Rússia como garantia para um eventual empréstimo, um movimento que, na prática, poderia facilitar a transferência de territórios ucranianos para Moscovo sob a justificativa de um "acordo de paz".

A situação se complica ainda mais devido à postura de Vladimir Putin, que recentemente desdenhou os líderes europeus e os chamou de "porcos", ao mesmo tempo em que alertava sobre retaliações caso seus ativos fossem usados. Essa retórica vigorosa ressalta a urgência da questão e a fragilidade do equilíbrio geopolítico. Alternativamente, economistas argumentam que manter esses ativos congelados permite que a Europa compita contra os métodos de pressão e coercitivos que a Rússia tem usado na guerra.

Contextualmente, o dilema presente em Bruxelas reflete uma crise de liderança em que a capacidade decisiva da UE é questionada. O contexto histórico de divisões nas políticas da União torna à mesa de negociações uma arena de pressões de diferentes lados, tanto de líderes da esquerda, que defendem a ajuda incondicional à Ucrânia, quanto de nações que priorizam a estabilidade e a negociação a longo prazo.

A Euroclear, instituição que gerencia os ativos congelados, se tornou um ator importante nesse cenário. Com reportagens indicando que lucrou 3 bilhões de dólares em 2023 com esses ativos, observadores não podem deixar de notar o papel da ganância financeira que pode influenciar soluções para um problema geopoliticamente urgente. Essa dinâmica gera discussões sobre a moralidade em colocar lucros acima da segurança nacional e internacional.

Enquanto isso, a Bélgica, que abriga o banco Euroclear, já começa a sentir a pressão da política interna para que ofereça garantias que são consideradas "impossíveis de fornecer em forma ilimitada". Isto levanta questionamentos sobre a validade da União Europeia: se a moeda e a regulação são suficientes para criar uma verdadeira união e defender os interesses comuns dos Estados-membros frente a crises de tal magnitude. O dilema que se desenha em Bruxelas e em diversas capitais europeias não diz respeito apenas à Ucrânia, mas à resiliência e unidade da própria Europa.

Conforme as negociações se arrastam, os líderes precisam pesar as consequências de suas ações de forma crítica. A questão central se mantém: liberar recursos para manter a Ucrânia forte e resistir à agressão russa ou voltar atrás e acenar com a possibilidade de um acordo que poderia implicar em serios infortúnios geográficos e humanos. O futuro da segurança europeia e a integridade da ordem mundial poderão depender dessa escolha iminente. É um momento que exigirá uma reflexão profunda sobre o que a Europa realmente valoriza: sua segurança e unificação ou pagamentos e lucros momentâneos.

Fontes: Folha de São Paulo, BBC, The Guardian, Le Monde

Detalhes

Donald Tusk

Donald Tusk é um político polonês, ex-primeiro-ministro da Polônia e ex-presidente do Conselho Europeu. Ele é conhecido por seu papel na integração europeia e por suas posições em relação à política externa da União Europeia, especialmente em questões relacionadas à Rússia e à Ucrânia.

Ursula von der Leyen

Ursula von der Leyen é uma política alemã e a atual Presidente da Comissão Europeia. Ela é a primeira mulher a ocupar este cargo e tem se destacado por sua liderança em questões como a resposta da UE à pandemia de COVID-19 e a crise energética resultante da guerra na Ucrânia.

Vladimir Putin

Vladimir Putin é o atual presidente da Rússia, tendo ocupado o cargo em diferentes períodos desde 2000. Ele é uma figura central na política russa e internacional, conhecido por suas políticas autoritárias, expansão militar e relações tensas com o Ocidente, especialmente em relação à Ucrânia.

Euroclear

Euroclear é uma instituição financeira que opera como um depositário central de valores mobiliários, facilitando a liquidação de transações financeiras e a custódia de ativos. Com sede na Bélgica, a Euroclear desempenha um papel crucial no sistema financeiro europeu e global, gerenciando trilhões de euros em ativos.

Resumo

A Europa enfrenta um dilema crucial sobre a liberação de ativos russos congelados, que podem chegar a 300 bilhões de dólares, para financiar a resistência da Ucrânia contra a invasão russa. O Primeiro-Ministro polonês, Donald Tusk, destacou a difícil escolha entre "dinheiro hoje ou sangue amanhã". A pressão sobre as finanças da União Europeia aumenta à medida que a guerra se prolonga, e Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, enfatizou a urgência de um acordo. Contudo, há preocupações legais e políticas sobre as repercussões de liberar esses ativos, que poderiam ser vistos como um sinal de fraqueza. Além disso, a postura agressiva de Vladimir Putin e a possibilidade de usar terras ocupadas como garantia para empréstimos complicam ainda mais a situação. A Euroclear, que gerencia os ativos congelados, também é um ator importante, tendo lucrado 3 bilhões de dólares em 2023. A pressão política interna na Bélgica levanta questões sobre a validade da União Europeia e a capacidade de seus membros de agir de forma unificada em crises.

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