14/12/2025, 18:56
Autor: Felipe Rocha

No dia de hoje, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, procura estabelecer um novo arranjo de segurança que envolva uma garantia de apoio semelhante àquela contida no Artigo 5 da OTAN, mirando especificamente em uma aliança com os Estados Unidos. A intenção é firme: garantir proteção contra uma possível nova invasão da Rússia, que continua a ameaçar a integridade territorial ucraniana. O foco desta busca reflete não apenas as preocupações com a segurança militar, mas também a dinâmica política interna nos EUA, onde o apoio à Ucrânia tem sido motivo de discussões acirradas entre partidos.
A atmosfera bipartidária no Congresso dos EUA tem se mostrado geralmente favorável à Ucrânia, dada a maioria de apoio à causa ucraniana em um momento em que as tensões com a Rússia aumentam. Contudo, novos dados das eleições especiais para a Câmara indicam que a política americana está mudando, com alguns republicanos começando a temer a reação de seus eleitores mais do que a influência de líderes como Donald Trump. Esse cenário pode impactar diretamente o apoio contínuo e necessário à Ucrânia, com possíveis osciliações no apoio ao presidente ucraniano e suas propostas.
Diversos analistas e comentaristas indicam que, embora Zelenskyy busque essa garantia de segurança, a credibilidade dos Estados Unidos em fornecer um compromisso real é questionada, especialmente na esteira de garantias anteriores que não foram honradas. O Memorando de Budapeste, que garantiu a segurança da Ucrânia em troca da renúncia das armas nucleares, é frequentemente citado como um exemplo da fragilidade desse tipo de acordo. As promessas feitas então não se mostraram eficazes, e muitos acreditam que a situação atual pode não ser diferente. As palavras foram consideradas vazias na prática, sem um acompanhamento robusto que assegurasse a proteção ucraniana.
Além disso, a potencial pressão sobre os Estados Unidos para que apóie simultaneamente dois conflitos, um na Ucrânia e outro na Ásia em Taiwan, intensifica ainda mais a análise do que esses compromissos realmente significam. Se os EUA se comprometem a defender a Ucrânia, isso poderia distrair recursos em um cenário onde a China também pode avançar. Para muitos, a solução mais viável implicaria em permitir que a União Europeia assuma um papel mais ativo na defesa da Ucrânia, uma vez que a dependência de garantias americanas parece arriscada e repleta de incertezas.
Vários comentários ressaltam a necessidade de um impedimento forte para a Rússia, uma noção que se torna cada vez mais premente à medida que o exército russo continua a se mobilizar para ataque. A percepção é de que, sem tropas na região e um comprometimento real por parte dos EUA, qualquer garantia afetaria apenas a aparência de segurança e não a realidade do campo de batalha. Além disso, as opiniões refletem uma desconfiança crescente nos compromissos americanos, levando muitos a questionar se realmente vale a pena confiar em oferta de assistência militar ou em promessas de proteção.
Um argumento persuasivo entre os comentaristas é que a verdadeira resposta para a garantia de segurança da Ucrânia pode não ser encontrada em tratados improvisados com os EUA, mas através de estratégias que incluam efetivamente o engajamento militar dos países europeus na defesa territorial ucraniana. A advertência clara é de que o tempo é essencial para evitar que a Rússia avance ainda mais em suas pretensões expansionistas na Europa Oriental, e o apoio robusto da OTAN pode fazer toda a diferença.
Inclusivamente, itens como o posicionamento de tropas da OTAN em solo ucraniano foram propostos por diversos comentaristas, sinalizando que um comprometimento visível e tangible poderia ter um impacto dissuasor significativo na tomada de decisão de Putin. No entanto, a questão já é debatida por muitos como potencialmente escalatória, levando a um conflito militar mais amplo, o que também precisa ser cuidadosamente considerado no planejamento estratégico de resposta.
Zelenskyy, sabendo que qualquer garantia de segurança efetiva precisa ser sustentada por um apoio político forte e duradouro em Washington, agora se entrega a um jogo de movimento tático dentro do complexo cenário internacional. É incapaz de ignorar a instabilidade política nos EUA e o papel que isso pode desempenhar em sua própria luta contra a agressão russa. Essa realidade torna imperativo que o presidente ucraniano busque assegurar não apenas promessas de segurança, mas um comprometimento real que garanta a viabilidade a longo prazo das defesas da Ucrânia frente às ameaças constantes que fazem parte da realidade geopolítica contemporânea.
Fontes: Folha de São Paulo, CNN, The New York Times, The Guardian
Detalhes
Volodymyr Zelenskyy é o presidente da Ucrânia, conhecido por sua liderança durante a invasão russa em 2022. Antes de entrar na política, ele era um comediante e ator, famoso por seu papel na série "Servant of the People", onde interpretava um professor que se torna presidente. Zelenskyy tem se destacado por sua habilidade em mobilizar apoio internacional e por sua comunicação eficaz, buscando alianças estratégicas para fortalecer a defesa de seu país.
Resumo
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, está buscando um novo arranjo de segurança que inclua garantias de apoio dos Estados Unidos, semelhante ao Artigo 5 da OTAN, para proteger seu país contra uma possível nova invasão da Rússia. Apesar do apoio bipartidário no Congresso dos EUA, a política interna está mudando, com alguns republicanos preocupados com a reação de seus eleitores, o que pode afetar o apoio à Ucrânia. A credibilidade dos EUA em fornecer compromissos reais é questionada, especialmente após o fracasso do Memorando de Budapeste, que não garantiu a segurança da Ucrânia. Além disso, a pressão sobre os EUA para apoiar simultaneamente conflitos na Ucrânia e em Taiwan levanta dúvidas sobre a viabilidade desse apoio. Muitos analistas sugerem que a União Europeia deve assumir um papel mais ativo na defesa da Ucrânia, já que a dependência de garantias americanas é vista como arriscada. Zelenskyy precisa de um apoio político robusto em Washington para garantir a segurança a longo prazo da Ucrânia frente às ameaças russas.
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