09/12/2025, 12:55
Autor: Laura Mendes

O Parque Villa Lobos, um dos principais espaços de lazer de São Paulo, gerou polêmica recentemente ao definir um valor de entrada de R$100 para a sua tradicional Vila de Natal. O evento, que sempre foi um atrativo familiar durante as festividades de fim de ano, proporcionou uma experiência que tem gerado descontentamento entre os visitantes. Críticos apontam que a cobrança exorbitante e a transformação do parque em um espaço privatizado estão afastando o público de classes mais baixas, fazendo com que muitos se sintam excluídos das celebrações natalinas.
Desde que a iniciativa de privatizar parques públicos no estado de São Paulo começou a ganhar força, a opinião pública tem refletido um crescente desconforto. A crítica a gestão atual e anteriores, especialmente a do ex-prefeito João Doria, que iniciou o processo, é palpável entre os frequentadores. O descontentamento é nítido nas reclamações de pessoas que, anteriormente, viam o parque como um local de convívio entre diferentes classes sociais, agora transformado em um ambiente cada vez mais elitizado.
Os comentários dos visitantes ressaltam preocupações sobre a deterioração da experiência nos espaços públicos. Muitos afirmam que a privatização não só aumentou os custos, mas também diminuiu a qualidade e a segurança do parque. Um frequentador mencionou especificamente que "retiraram os bebedouros gratuitos que existiam no parque e substituíram por barracas vendendo bebidas açucaradas". Essa mudança leva os visitantes a tirar da bolsa o que é cada vez mais difícil, em tempos de crise econômica e inflação, enquanto lá dentro todo entretenimento parece ter um custo adicional, tornando uma visita ao parque um evento caro e difícil de se justificar.
A indignação não se limita somente aos altos custos dos ingressos. Para muitos, a experiência do Natal no parque parece ter sido substituída por uma série de atrativos que mais se assemelham a merchandising de produtos do que a uma celebração genuína. O mesmo visitante que lamentou os preços comentou que "o show de luzes foi utilizado para projetar um trailer de um novo filme", substituindo a magia da celebração natalina por publicidade. Essa troca de expectativas deixou muitos frequentadores desapontados, que aguardavam um espetáculo encantador e foram recebidos com uma mera exibição comercial.
Outra crítica frequente que emerge das impressões dos visitantes se refere à precária manutenção do parque. Há relatos de "buraqueira sem fim", além da presença de um "cheiro intragável" em algumas áreas. Apesar de reconhecerem a dedicação dos funcionários e a estética dos decorações, muitos se lembram das condições com que o espaço foi deixado, preocupado que a gestão privatizada esteja apenas a maximizar os lucros em detrimento da experiência do usuário.
A frustração se agrava ainda mais pelo fato de que muitas das pessoas que se dirigem ao Villa Lobos para celebrar o Natal costumam fazê-lo sem a possibilidade de arcar com as despesas inflacionadas, tendo em vista que muitas famílias mais simples estão sendo deixadas de lado por uma iniciativa que, em tese, deveria ser um espaço de celebração e união. "A cobrança é inviável para uma família mais simples conhecer um evento que se cria a partir do que é público e gratuito", disse um crítico fervoroso.
Um dos comentários que atingiu o cerne do debate enfatiza que os parques públicos, que deveriam servir como um espaço acessível a todos, estão se transformando em "shoppings". Outra pessoa questionou: "O que restou da cultura do paulista de aproveitar esses espaços públicos? Eles foram dominados pela iniciativa privada." Tal sentimento ecoa na frustração dos moradores que se sentem incapazes de desfrutar de um espaço que sempre pertenceram, agora reduzido a uma commodity.
Frente a isso, alguns defendem a introdução de ingressos gratuitos para grupos vulneráveis, como beneficiários do Cadastro Único, a fim de garantir que todos tenham a oportunidade de vivenciar as tradições de Natal. Entretanto, mesmo essa ideia gera controvérsia. Afinal, a prática não faz mais do que evidenciar uma disparidade monetária que força a reconsideração sobre o que é essencial em uma vida comunitária saudável.
Neste momento festivo, os parcos recursos visam gerar lucros e afastar os moradores diante das barreiras financeiras, enquanto o que muitos anseiam é a verdadeira essência do Natal: a partilha e o convívio. O Villa Lobos, no entanto, parece estar cada vez mais distante dessa tradição.
Fontes: Folha de São Paulo, O Estado de S. Paulo, G1
Resumo
O Parque Villa Lobos, um importante espaço de lazer em São Paulo, gerou controvérsia ao estabelecer um ingresso de R$100 para sua Vila de Natal, tradicionalmente um evento familiar. Visitantes expressam descontentamento com a privatização do parque, que, segundo eles, exclui as classes mais baixas e transforma a experiência em um evento elitizado. Críticas apontam que a privatização não só aumentou os custos, mas também resultou na deterioração da qualidade e segurança do espaço, com a remoção de bebedouros gratuitos e a substituição de atrações por publicidade comercial. Muitos frequentadores lamentam a falta de manutenção, relatando problemas como buracos e odores desagradáveis. A frustração é acentuada pela percepção de que os parques públicos, que deveriam ser acessíveis a todos, estão se tornando espaços privatizados e mercantilizados, afastando a verdadeira essência do Natal. Algumas propostas, como a introdução de ingressos gratuitos para grupos vulneráveis, geram controvérsia ao evidenciar disparidades financeiras. A busca por lucro parece prevalecer sobre a tradição de partilha e convivência comunitária.
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