09/12/2025, 14:50
Autor: Laura Mendes

Nos últimos dias, a crescente disseminação de vídeos gerados por inteligência artificial nas mídias sociais tem gerado um alvoroço na comunidade digital, com muitos usuários questionando a veracidade dos conteúdos que consomem. A prática de criar e compartilhar vídeos que se assemelham a eventos da vida real levanta sérias questões sobre a autenticidade e a desinformação, uma vez que esses materiais muitas vezes são tão convincentes que podem enganar até os espectadores mais céticos. Aplicativos como o Sora da OpenAI estão no centro dessa discussão, ao produzirem conteúdos que parecem reais, mas com mensagens de aviso sobre sua natureza.
Um dos principais problemas discutidos pelos usuários é como a familiaridade com um único tipo de plataforma pode moldar a percepção do que é real. Muitos dependem de redes sociais específicas para suas interações e para buscar informações, o que limita sua capacidade de discernimento. Os usuários mencionam que, para eles, o que é apresentado no TikTok ou Facebook, por exemplo, se torna a única verdade disponível, já que não exploram outras fontes de informação. Essa dependência gera um ciclo vicioso em que a desinformação prospera, uma vez que as pessoas acreditam que o que consumem em suas plataformas favoritas é a única realidade.
As consequências disso vão além do simples engano. Com relação aos conteúdos produzidos, um usuário mencionou que a linguagem utilizada em vídeos comentados na esfera digital tende a ser exagerada e estereotipada, o que poderá criar barreiras na compreensão e entendimento de que aqueles não são conteúdos reais. Esses vídeos, muitas vezes, provocam uma sensação de "vale estranhamento", um sentimento de desconforto que ocorre quando algo se assemelha à realidade, mas não é totalmente autêntico. Essa distorção da realidade torna-se um desafio, especialmente para as gerações mais novas, que já estão acostumadas com as falhas da mídia tradicional, mas que agora enfrentam a complexidade dos novos meios digitais.
A emergência de tecnologias que imitam conteúdos reais também gerou conforto entre alguns usuários: a capacidade de criar experiências visuais que entretêm mesmo quando são reconhecidas como não verídicas. Isso gerou um paradoxo interessante—onde muitos conseguem se divertir com essas produções, mas também sofrem com a crise de confiança que elas impõem. Um usuário fez uma observação importante sobre a percepção do público frente a esses novos conteúdos, afirmando que muitos podem escolher acreditar no que veem, especialmente quando desejam que isso seja verdade. Essa escolha consciente ou inconsciente de acreditar nos vídeos falsos ajuda a perpetuar um ciclo vicioso de desinformação.
Com a crescente inovação tecnológica, a desconfiança em relação a conteúdos digitais está se materializando em muitas pessoas, conforme um comentarista disse que ele "não acredita mais em nada". É uma resposta natural para quem está exposto a tantas informações desencontradas, mas que também pode levar a uma paralisia informativa, onde a confiança é tão abalada a ponto de impedir o entendimento de conteúdos legítimos e de qualidade. Reflexões sobre essa dinâmica foram levantadas, destacando que, embora a maioria dos conteúdos digitais possa ser questionável, ainda existem muitos que estão baseados na verdade. A recomendação para encontrar informação de qualidade é buscar a veracidade através da análise crítica, em vez de cair na tentação de rejeitar qualquer coisa que parece diferente ou interpretá-la como uma criação de IA.
Além disso, a questão de estereótipos nos vídeos de IA se tornou um ponto crítico de discussão. Degenerações comunicam muitos dos perigos da representação incorreta de comunidades históricas ou culturais, gerando uma versão moderna de performances racistas que desrespeitam a autenticidade e o valor cultural. Tal situação provoca indignação e reforça a necessidade urgente de um diálogo mais significativo sobre como as tecnologias de inteligência artificial estão moldando nossas percepções e comportamentos.
Ainda assim, apesar de todos esses desafios, a sociedade enfrenta um grande paradoxo, onde a batalha contra a desinformação não deve ser uma luta contra a inovação. O uso de vídeos gerados por IA poderá encontrar um papel produtivo e educativo se for utilizado de maneira consciente, informando e educando o público sobre as suas características. A luta, portanto, não é contra a tecnologia em si, mas um chamado à consciência e à educação sobre como navegar de uma forma crítica e responsável nesta nova era digital, ensinado às gerações futuras a discernir entre o que é realidade e o que é ficção. O desafio está em estabelecer um equilíbrio saudável entre entretenimento e informação, onde o prazer de consumir conteúdos digitais não interfira na capacidade de entender e refletir criticamente sobre nossa sociedade.
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, BBC Brasil
Resumo
Nos últimos dias, a disseminação de vídeos gerados por inteligência artificial nas mídias sociais tem gerado preocupações sobre a veracidade dos conteúdos. Usuários questionam a autenticidade desses materiais, que muitas vezes são tão convincentes que podem enganar até os mais céticos. A dependência de plataformas específicas, como TikTok e Facebook, limita a capacidade de discernimento dos usuários, criando um ciclo vicioso de desinformação. Além disso, a linguagem exagerada e estereotipada dos vídeos pode dificultar a compreensão de que não são conteúdos reais, provocando um "vale estranhamento". Apesar do desconforto, alguns usuários encontram entretenimento nessas produções, mas isso gera uma crise de confiança. A desconfiança em relação aos conteúdos digitais está aumentando, levando a uma paralisia informativa. Embora muitos conteúdos digitais sejam questionáveis, ainda existem informações baseadas na verdade. A discussão sobre estereótipos nos vídeos de IA destaca a necessidade de um diálogo significativo sobre como a tecnologia molda percepções. A luta contra a desinformação deve focar na educação e na consciência crítica, equilibrando entretenimento e informação.
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