Ucrânia constrói drones diariamente para enfrentar drones iranianos

A Ucrânia intensifica sua produção de drones para lutar contra a crescente ameaça dos drones iranianos utilizados pela Rússia, visando neutralizar ataques e melhorar sua defesa.

19/12/2025, 16:04

Autor: Felipe Rocha

Em resposta à necessidade de proteger seu território contra as ameaças de drones iranianos, a Ucrânia se destacou na produção de quase mil drones especializados por dia. Este movimento visa mitigar os impactos dos drones Shahed, que a Rússia tem utilizado amplamente em sua campanha militar, particularmente em ataques a infraestrutura crítica e áreas urbanas. Os drones Shahed, com custo médio de produção de aproximadamente US$ 50.000, foram desenvolvidos como uma solução de bombardeio econômico, contrastando com os drones ucranianos, que, embora significativamente mais baratos, oferecem uma alternativa eficaz.

Um dos modelos mais comentados na produção ucraniana é o "P1-SUN", cujo nome foi alvo de piadas, pois remete à palavra em ucraniano que significa "xixi". Esse tipo de humor reflete a resiliência da população diante de um conflito armado tão severo. Apesar do tom leve, a produção e a eficácia desses drones são questões extremamente sérias e de grande importância estratégica no cenário atual.

Entretanto, além da quantidade, a qualidade e a eficácia da defesa aérea ucraniana estão em constante evolução. Especialistas afirmam que são necessários cerca de dez drones ucranianos para derrubar um único drone Shahed, especialmente em condições climáticas favoráveis. Durante a noite, a dificuldade aumenta substancialmente, elevando a necessidade de estratégias mais eficazes. Este cenário complica ainda mais a situação, dado que a Rússia está desenvolvendo seus drones de forma a aumentar a altura e a velocidade de voo, o que apresenta um novo desafio para a defesa militar da Ucrânia.

O desenvolvimento de sistemas de defesa em camadas e a criação de drones que funcionem como uma "resposta de estrangulamento" são vistos pelos analistas como cruciais para a defesa ucraniana. Os autoria da força armada observaram que um drone ucraniano citado na discussão, o Ukrainian Sting, possibilita uma solução barata, com um custo estimado de apenas US$ 2.500, demonstrando como a criatividade e inovação têm sido necessárias para enfrentar um adversário tecnologicamente mais avançado.

Por outro lado, a presença contínua de drones Shahed no espaço aéreo ucraniano é uma ameaça crescente. Com a Rússia não apenas utilizando esses drones, mas também melhorando sua produção local, a necessidade de combater a infraestrutura de fabricação na Rússia se torna um ponto crucial. A operação contra fábricas e a interrupção das linhas de suprimentos são estratégicas nas táticas ucranianas para neutralizar a onda de drones. Isso se torna ainda mais complicado pelo fato de que muitos desses drones são agora fabricados na Rússia, utilizando um design iraniano que foi aprimorado com tecnologia local.

Além disso, o envolvimento do Irã nesse cenário não é descartado, uma vez que a produção de drones também depende significativamente de componentes críticos fornecidos pela China. Com esses elos estabelecidos, a dinâmica da guerra de drones entre Ucrânia e Rússia se torna um aspecto central, refletindo a adaptação de ambos os lados às novas formas de combate.

Embora os drones Shahed tenham sido aproveitados como uma ferramenta de saturação, os relatos de que a maioria deles está sendo abatida tendem a minimizar o impacto real que esses dispositivos têm nas cidades ucranianas. Em Odessa, por exemplo, a cidade atravessa um período crítico, com dias consecutivos sem eletricidade ou água potável devido aos ataques, ressaltando os danos colaterais que a guerra de drones impõe à vida civil. Tais situações levam a questionamentos não apenas sobre as capacidades de defesa ucranianas, mas também sobre o papel de potências externas que contribuem para o fortalecimento do esforço de guerra da Rússia.

Com a magnitude do conflito se expandindo diariamente, a necessidade de resposta da Ucrânia não se limita somente a combate aéreo. Estratégias de diplomacia e necessidade de apoio militar internacional se tornam emergentes. O papel de nações como os Estados Unidos e aliados europeus também está sob análise, com ênfase na exigência de sistemas de defesa aérea que possam interferir neste novo modelo de guerra moderna.

Assim, enquanto a Ucrânia se compromete a construir drones de forma intensiva, a batalha no espaço aéreo pelo controle e autonomia permanece acirrada. Judicando pela evolução atual da situação, a guerra de drones se torna não apenas uma batalha de tecnologia, mas também um reflexo das alianças, estratégias e a vontade do povo em perseverar em meio à adversidade. Essa dinâmica complexa requer um monitoramento contínuo e uma análise aprofundada das táticas empregadas por ambos os lados, ilustrando a nova face do conflito moderno.

Fontes: BBC, Al Jazeera, The New York Times