Trump prioriza broligarcas e ignora eleitores da base MAGA

Trump tem agido em favor de interesses oligarcas, abandonando sua base de eleitores e gerando críticas sobre seu futuro político.

09/12/2025, 14:17

Autor: Ricardo Vasconcelos

Em uma recente reviravolta política, o ex-presidente Donald Trump tem sido acusado de priorizar os interesses de broligarcas em detrimento de sua base tradicional de apoio, conhecida como MAGA (Make America Great Again). O contraste entre esses dois grupos, que Trump parece dissociar, está gerando um debate acirrado sobre o futuro de sua influência política e as implicações para o Partido Republicano. Durante sua campanha presidencial, Trump sempre prometeu ser um candidato do povo, mas agora, seus críticos alegam que suas ações revelam um padrão de interesse por elites financeiras e oligarcas, enquanto ignora o clamor dos trabalhadores comuns que o apoiam.

O descontentamento entre seus seguidores mais fiéis não é novo, mas agora parece chegar a um ponto de ebulição. Muitos apoiadores de Trump estão percebendo um afastamento em sua estratégia política, que favorece figuras influentes do Vale do Silício e outras elites em vez dos cidadãos comuns. Para esses eleitores, a ascensão dos broligarcas ao lado de Trump não é um choque total; eles vêem isso como a culminação de um comportamento que vem se desenrolando nos últimos anos, onde a lealdade foi cada vez mais substituída por acordos comerciais e alianças duvidosas. Com isso, a narrativa de que Trump sempre esteve ao lado do povo está sendo questionada.

Nas palavras de alguns comentaristas, essa mudança representa não apenas uma traição aos seus eleitores, mas também uma indicação de que Trump já não considera mais necessário contar com sua base para garantir a preferência nas próximas eleições. De acordo com um estudo recente, a lealdade de eleitores republicanos em relação a Trump pode estar se transformando em ceticismo, à medida que eles testemunham a contínua aproximação do ex-presidente com magnatas da tecnologia, como Elon Musk e David Sacks. Esses empresários estão moldando o futuro do desenvolvimento da inteligência artificial, e Trump parece está decidido a levá-los em consideração antes de qualquer outro grupo.

A iminente ordem executiva que Trump planeja emitir, visando restringir a capacidade dos estados de regular a IA, confirma essa tendência. A falta de regulamentações pode trazer um crescimento significativo nesse setor, mas também gera preocupações entre a população, que teme o impacto disso em seus empregos e na economia como um todo. O fato de que a maioria dos eleitores vê a tecnologia de forma negativa, associando-a ao aumento das contas e à escassez de empregos, coloca Trump em uma posição complicada. Ao ignorar as preocupações populares e concentrar-se em interesses corporativos, ele corre o risco de alienar ainda mais sua base.

Além disso, há uma crescente insatisfação entre os republicanos, que se sentem cada vez mais à vontade para desafiar Trump e denunciar seu comportamento como distanciado e centrado em interesses que não refletem as necessidades da população norte-americana comum. A aposentadoria de Marjorie Taylor Greene, uma das figuras proeminentes do movimento MAGA, pode ser vista como um exemplo claro de pessoas que estão percebendo a necessidade de se afastar de uma liderança que não está mais alinhada com seus valores ou preocupações.

As críticas dirigidas a Trump não são apenas questões de política ou estratégias de campanha; elas tocam em um aspecto fundamental da identidade americana e de como os cidadãos se sentem em relação a seus líderes. Enquanto isso, a retenção do poder por parte de Trump, que depende cada vez mais de alianças com broligarcas, apresenta uma complicada rede de interesses e expectativas. Ao operar em um ambiente em que a lealdade parece ser um conceito em desuso, Trump enfrenta o desafio de manter sua posição dentro de um partido que pode não suportar o peso de sua escolha por carreiras onde os valores populares foram deixados para trás.

Com a possibilidade de não concorrer novamente ao cargo, a figura do ex-presidente está lentamente se transformando em algo mais complexo do que a busca por votos—parece cada vez mais que sua prioridade é manter sua influência e assegurar sua proteção financeira. A percepção de que ele não precisa mais de sua base para alcançar seus objetivos pode ser um sinal de que a política, como é conhecida, está ajeitando-se às novas realidades da economia moderna e da relação entre poder e dinheiro.

O panorama econômico em que Trump e sua base operam está em constante mudança e, conforme avançam as discussões sobre o custo de vida nos EUA, há sinais claros de que tanto eleitores democratas quanto republicanos estão se unindo em sua desconfiança em relação às potências corporativas. Com as próximas eleições de meio de mandato se aproximando, se Trump não conseguir reverter essa tendência, pode ver suas chances de recuperação política diminuírem consideravelmente. A desconexão entre ele e seus seguidores pode se traduzir em um colapso de apoio que, ao longo do tempo, pode até mesmo comprometer o próprio futuro do Partido Republicano.

Fontes: The New York Times, Politico, The Guardian