Trump lança plano de imigração para ricos com Gold Card milionário

O presidente Donald Trump apresentou hoje o polêmico "Gold Card", que promete acelerar a cidadania para imigrantes com $1 milhão, em meio a críticas e controvérsias sobre igualdade no processo de imigração.

12/12/2025, 23:47

Autor: Ricardo Vasconcelos

O presidente Donald Trump anunciou hoje a implementação do "Trump Gold Card", uma proposta que promete acelerar a obtenção da residência e cidadania americana para imigrantes dispostos a investir um mínimo de $1 milhão. A medida foi revelada durante uma mesa redonda com líderes empresariais, onde Trump enfatizou a necessidade de atrair "pessoas perfeitas" para os Estados Unidos, como parte de uma estratégia mais ampla em suas políticas de imigração.

O programa estabelece que para obter o Gold Card, o interessado deve pagar uma taxa de processamento de $15.000, seguida de um investimento substancial de $1 milhão. Durante a assinatura do anúncio, Trump afirmou que todos os fundos gerados pelo programa serão destinados ao tesouro dos EUA, embora muitos analistas levantem dúvidas sobre a transparência e a implementação real do esquema.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, informou que a iniciativa poderia gerar bilhões de dólares para o governo, tentando justificar o raciocínio econômico por trás de um programa que parece beneficiar, em primeira instância, apenas a elite rica. A movimentação ocorre em um contexto altamente polarizado de imigração, onde Trump frequentemente invertia a narrativa de que inserir imigrantes de países em desenvolvimento era problemático, enquanto agora reformula o discurso para que o acesso à cidadania se torne uma questão de investimento financeiro.

Criticos apontam que a proposta revela um elitismo latente na administração Trump, sugerindo que os ricos podem 'comprar' a cidadania, algo que cria um precedente preocupante em um sistema que já é visto como tendencioso a favor de pessoas com maiores recursos. "Isso apenas institucionaliza o tratamento preferencial dos ricos na imigração", disse um comentarista político, referindo-se à forma como a proposta contrasta com suas retóricas de deportação em massa e políticas restritivas contra a imigração proveniente dos chamados "países do Terceiro Mundo".

Documentos associados ao programa indicam que os solicitantes devem passar por uma verificação de antecedentes após um período de cinco anos antes de serem considerados elegíveis para a cidadania completa. No entanto, a proposta não detalha como a administração garantirá que esses indivíduos atendam aos critérios de segurança ou como a verificação será conduzida, levando a um espectro de perguntas e incertezas sobre o tratamento de imigrantes já estabelecidos no país.

Por outro lado, a retórica de Trump sobre imigração tem sido histórica e sistematicamente polarizadora, atacando durezas associadas a imigrantes menos favorecidos. "Por que não podemos ter algumas pessoas da Noruega ou da Suécia, ou algumas da Dinamarca?", questionou Trump em uma aparição anterior, expressando um desejo claro por imigrantes que se enchergam como mais aceitáveis para a sua visão.

Embora o Trump Gold Card tenha o potencial de atrair riqueza para o país, ele também levanta questões sobre a ética de permitir que a cidadania seja baseada em um investimento financeiro. Muitos no cenário político e social veem isso como um retrocesso nas promessas feitas para criar um caminho igualitário e meritocrático para a obtenção da cidadania, que historicamente foi marcadamente desvantajosa para aqueles que não possuem a capacidade financeira necessária.

A proposta não é inédita. Vários países ao redor do mundo já ofereceram tratamentos semelhantes em suas políticas de imigração, um processo frequentemente apelidado de "Golden Visa". No entanto, o que distingue o Gold Card de Trump é a maneira como a administração está apresentando a proposta em um clima de crescente xenofobia, levantando a questão sobre quem realmente ganha com isso.

Adicionalmente, a implementação deste novo sistema ocorre em um momento em que a polarização política nos EUA parece estar no auge, dificultando a conversação saudável sobre as diretrizes de imigração. Questionamentos éticos e legais sobre a legitimidade do poder executivo em instituir tal normativa sem a aprovação do Congresso também surgem, uma vez que muitos consideram isso uma violação da separação de poderes instituída na constituição americana.

Investigadores e ativistas de direitos civis expressaram preocupação de que a capacidade de comprar um cartão de imigração não só legitima a corrupção latente no sistema, mas também pode levar ao aumento das divisões sociais entre imigrantes ricos e aqueles que seguem o caminho tradicional e legal para a cidadania. "Estamos em um momento em que o discurso de retórica anti-imigrante se adequa a uma política que parece totalmente contrária ao que significa ser americano", afirmou um conhecido defensor de direitos imigratórios.

Com críticas internas e externas se intensificando, será interessante observar como esse Gold Card será recebido pela população em geral e quais ações concretas os opositores à política de Trump tomará para contestar este novo desenvolvimento em um tema tão delicado e crucial para o futuro da imigração americana.

Fontes: The New York Times, CNN, Washington Post