29/12/2025, 01:44
Autor: Ricardo Vasconcelos

Nos últimos dias, durante um evento na Carolina do Norte, o ex-presidente Donald Trump fez declarações polêmicas sobre a situação econômica dos Estados Unidos, afirmando que "herdou uma bagunça" após deixar o cargo em janeiro de 2025. A alegação de Trump atraiu uma onda de críticas e desmentidos de analistas econômicos e de adversários, que lembraram que a administração anterior, sob Joe Biden, havia encontrado um cenário econômico em recuperação após os estragos da pandemia de Covid-19.
Muitos comentaristas destacaram que a narrativa de Trump, frequentemente apresentada como uma defesa de sua administração, ignora o contexto mais amplo da economia no momento da sua posse e das políticas que ele implementou durante seu mandato. De acordo com Geral Cohen, economista-chefe do Kenan Institute da Universidade da Carolina do Norte, a economia que Trump "herdou" estava não apenas em recuperação, mas apresentava sinais de crescimento e estabilidade. Cohen afirmou que as taxas de desemprego estavam se aproximando de mínimas históricas e que a inflação, embora problemática, estava sendo gerida de forma mais eficaz em comparação aos índices de auge sob a sua administração.
Enquanto Trump tenta reposicionar sua responsabilidade, um discurso extraído de suas palavras em palco deixou claro que sua abordagem para liderar a economia não foi apenas controversa, mas também repleta de falhas estruturais. Em 2025, ele ainda defendia as políticas tarifárias e de imigração que muitos acreditam ter contribuído para o aumento da inflação e para a instabilidade no mercado de trabalho. Quando Trump impôs tarifas em uma ampla gama de produtos importados, muitas indústrias americanas se viram em dificuldades, levando a crescimentos acentuados nos preços para o consumidor.
A realidade econômica complexa dá conta de que, de fato, as políticas de Biden geraram resultados positivos em várias frentes, incluindo um controle considerável nas taxas de inflação que chegaram a atingir 9% no auge da administração anterior. Até setembro de 2023, os dados mostram que a inflação havia caído para 3%, evidenciando o esforço para estabilizar a economia. Com essa informação em mãos, analistas têm reforçado a ideia de que muito do que Trump tenta atribuir como legados de sua política na verdade decorre da recuperação que começou a se estruturar já em 2021, durante a administração de Biden.
O contexto das alegações de Trump é ainda mais intrigante quando observamos a resposta internacional à política econômica dos Estados Unidos. A maneira como Trump abordou o comércio global e a imigração teve um impacto direto em como os EUA são percebidos por parceiros comerciais e aliados. O período de sua presidência, marcado por taxas altas e muito mais competição internacional, levou a uma erosão da confiança nas cadeias de suprimento, vital para a recuperação econômica no período pós-Covid.
Além disso, diversas vozes na esfera política, desde economistas a cidadãos comuns, expressaram opiniões divergentes sobre o legado de Trump. Enquanto apoiadores defendem sua visão e argumentam que ele não foi devidamente compreendido em seu impacto nas múltiplas crises, críticos afirmam que sua administração foi uma combinação de ineficácia e desestabilização. A frustração quanto à gestão atual, mas também a desilusão com a administração anterior, transformaram a conversa em um ciclo de culpas e defesa que parece não ter fim.
Coincidentemente, essa questão sobre quem é o verdadeiro responsável pela economia americana será central nas próximas eleições. O desempenho econômico tem sido identificado como um dos fatores primordiais que irão influenciar a decisão do eleitor. A maneira como Trump e Biden abordam as questões econômicas nos próximos meses terá um impacto duradouro sobre a percepção e a direção futura do país.
O olhar para as políticas econômicas também se estende à capacidade de criar trabalhos e o aumento do custo de vida. Estatísticas recentes indicam que as falências e o custo de serviços públicos continuam a aumentar, levantando a preocupação sobre a eficácia das políticas atuais e sua relevância para a população em geral. A questão em aberto é como essas narrativas vão se desdobrar e comoTrump e Biden, assim como suas bases eleitorais, irão manobrar ao redor das incertezas da economia em um futuro próximo.
Assim, o vitupério retórico de Trump, de ter herdado "uma bagunça”, poderá ser apenas a ponta do iceberg. As reais causas da turbulência econômica dos EUA vão muito além de simples declarações; estão entranhadas em uma complexa rede de decisões políticas e práticas que moldaram a economia contemporânea e cujos efeitos reverberarão nos anos vindouros. Em um clima de polarização crescente, o que fica claro é que, independentemente das narrativas, os desafios econômicos dos EUA continuarão a ser um tema central e divisivo no cenário político atual.
Fontes: New York Times, Washington Post, The Economist
Detalhes
Donald Trump é um empresário e político norte-americano que serviu como o 45º presidente dos Estados Unidos de janeiro de 2017 a janeiro de 2021. Conhecido por seu estilo controverso e retórica polarizadora, Trump é uma figura central no Partido Republicano e tem uma base de apoio fervorosa. Sua administração foi marcada por políticas econômicas focadas em tarifas, imigração e desregulamentação, além de um enfoque em "America First" nas relações internacionais.
Resumo
Durante um evento na Carolina do Norte, o ex-presidente Donald Trump fez declarações controversas sobre a economia dos Estados Unidos, afirmando que "herdou uma bagunça" ao deixar o cargo em janeiro de 2025. Suas alegações foram rapidamente contestadas por analistas econômicos e adversários, que destacaram que a administração de Joe Biden encontrou um cenário econômico em recuperação após a pandemia de Covid-19. O economista Geral Cohen afirmou que a economia que Trump "herdou" já apresentava sinais de crescimento e estabilidade, com taxas de desemprego em mínimas históricas. Apesar de Trump tentar reposicionar sua responsabilidade, suas políticas tarifárias e de imigração são vistas como fatores que contribuíram para a inflação e a instabilidade do mercado de trabalho. Com a inflação caindo de 9% para 3% até setembro de 2023, analistas ressaltam que os resultados positivos da administração Biden são reflexos de uma recuperação que começou em 2021. O debate sobre a responsabilidade pela economia americana será central nas próximas eleições, com o desempenho econômico influenciando as decisões dos eleitores.
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