Transporte público revela crescente falta de respeito em assentos preferenciais

Crescente desrespeito aos assentos preferenciais no transporte público em São Paulo preocupa passageiros e gera discussão sobre educação e empatia.

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24/12/2025, 00:51

Autor: Laura Mendes

Uma cena agitada dentro de um metrô lotado em uma grande cidade, onde diversas pessoas estão sentadas e em pé. Em destaque, uma mulher grávida e um cadeirante estão tentando entrar, mas são ignorados por passageiros que ocupam os assentos preferenciais. Um clima de tensão e desrespeito é visível no ambiente, com rostos preocupados e olhares indiferentes.

O transporte público em São Paulo, um dos mais utilizados no Brasil, tem sido objeto de um crescente descontentamento entre os usuários quanto à falta de respeito às normas que regem os assentos preferenciais. Nos últimos anos, especialmente após a pandemia, uma série de relatos revela uma mudança nas dinâmicas de convivência dentro dos trens e ônibus da capital paulista, gerando desabafos de indignação entre usuários que se sentem cada vez mais desrespeitados.

Diversos relatos de passageiros apontam que comportamentos que antes eram considerados inaceitáveis têm se tornado comuns, como a recusa em ceder assentos prioritários a pessoas que realmente precisam. No contexto observado nas estações e veículos, muitos passageiros ignoram completamente a presença de idosos, gestantes e pessoas com deficiência (PCD), refletindo uma experiência que se mostrou frustrante para aqueles que dependem do transporte público. Uma mulher grávida, por exemplo, relatou que, em um dia comum, pediu para um jovem que ocupava um assento preferencial que se levantasse e simplesmente recebeu a negativa, em um ato que deixou claro o desdém pela situação.

A situação é ainda mais alarmante quando se considera que, segundo um estudo do Instituto de Transporte e Desenvolvimento Sustentável (ITDP), a educação no trânsito e nos ambientes coletivos têm se deteriorado, um reflexo do que muitos chamam de “eu primeiro” na dinâmica social contemporânea. A sensação é de que a educação e o respeito ao próximo, fundamentais no cotidiano urbano, parecem ter se perdido em meio a uma sociedade marcada pela competitividade e pela falta de empatia. Um usuário expõe uma inquietante constatação: enquanto há quem opte por não ceder o lugar, outros preferem permanecer alheios à realidade do próximo, cabendo a eles a responsabilidade de aguardar pacientemente a sua vez.

Após o período de isolamento devido à pandemia, os comportamentos observados nas interações cotidianas parecem ter se agravado. O aumento da quantidade de usuários nos transportes coletivos sem uma mudança correspondente nas posturas sociais tem causado, em muitos casos, estranhamento e estresse. Historicamente, a relação entre os passageiros e os assentos preferenciais tem sido uma questão de educação e civilidade, mas a percepção é de que a cultura de respeito deveria ser reforçada desde cedo, com campanhas de conscientização e um esforço coletivo pela promoção de atitudes mais respeitosas.

Um usuário que recentemente voltou a usar ônibus e metrô, após anos de utilização de motocicletas, relatou ter se deparado com uma realidade que não reconhece. Ele disse que, mesmo sendo uma pessoa com deficiência que tem direito a uma poltrona preferencial, não se sentia à vontade de usá-la. Entretanto, ao observar a indiferença dos passageiros diante de necessidades evidentes, refletiu sobre a falta de consciência social e a importância de se ter um olhar mais empático em relação àqueles que compartilham o transporte público.

Muitos comentadores políticos e sociais têm apontado que a falta de respeito no transporte público é um reflexo de uma sociedade que foi moldada por décadas de escassez e individualismo. A narrativa política, que infelizmente reforça a ideia de que apenas os interesses pessoais importam, gera um estado de competição mesmo em ambientes de convivência, como o transporte público. A cultura das redes sociais também tem sido vista como uma das principais culpadas, entregando um consumo intenso de conteúdos que não promovem o coletivo, mas sim a individualidade exacerbada.

A solução para essa questão passa por um esforço conjunto entre o poder público e a sociedade civil. Campanhas de conscientização, infraestrutura adequada e um reforço nas normas de respeito e civilidade podem ajudar a restaurar um ambiente mais cordial e humano nos deslocamentos diários. Assim, espera-se que, mesmo diante de desafios, a sociedade possa reencontrar uma nova maneira de conviver em coletividade, com respeito e empatia, transformando o sistema de transporte em um espaço não apenas de deslocamento, mas de convivência e respeito mútuo.

À medida que a discussão sobre o respeito aos assentos preferenciais ganha destaque, é fundamental refletirmos sobre o papel que cada um de nós tem na construção de um ambiente mais acolhedor e respeitoso para todos, e a importância de agirmos com consciência sobre o espaço que compartilhamos diariamente.

Fontes: Folha de São Paulo, G1, Estadão, O Globo

Detalhes

Instituto de Transporte e Desenvolvimento Sustentável (ITDP)

O Instituto de Transporte e Desenvolvimento Sustentável (ITDP) é uma organização sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento de sistemas de transporte sustentável e acessível. Com sede em várias cidades ao redor do mundo, incluindo São Paulo, o ITDP trabalha em projetos que visam melhorar a mobilidade urbana, reduzir a dependência de veículos motorizados e promover políticas que incentivem o uso de transporte público e modos de transporte não motorizados, como bicicletas e caminhadas.

Resumo

O transporte público em São Paulo enfrenta crescente descontentamento entre os usuários devido à falta de respeito às normas de assentos preferenciais. Após a pandemia, relatos de passageiros indicam que comportamentos inaceitáveis, como a recusa em ceder assentos a idosos, gestantes e pessoas com deficiência, tornaram-se comuns. Um estudo do Instituto de Transporte e Desenvolvimento Sustentável (ITDP) aponta que a educação no trânsito e em ambientes coletivos está em declínio, refletindo uma cultura de individualismo e falta de empatia. A situação se agravou com o aumento de usuários nos transportes coletivos sem mudanças nas posturas sociais. A falta de respeito no transporte é vista como um reflexo de uma sociedade moldada por décadas de escassez e individualismo, exacerbada pela narrativa política e pela cultura das redes sociais. Para restaurar um ambiente mais cordial, é necessário um esforço conjunto entre o poder público e a sociedade civil, com campanhas de conscientização e um reforço nas normas de respeito. A discussão sobre o respeito aos assentos preferenciais destaca a importância de cada um agir com consciência no espaço compartilhado.

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