10/10/2025, 11:05
Autor: Felipe Rocha
A presença da tecnologia na transmissão de eventos esportivos, especialmente no futebol, tem crescido de forma exponencial, gerando uma série de mudanças que afetam a forma como os telespectadores vivenciam os jogos. Recentemente, foi destacado o uso de técnicas avançadas para adequar as propagandas exibidas durante as partidas, de maneira a atingir públicos específicos. Uma das inovações mais notáveis é a inserção de anúncios que se adaptam de acordo com a localização geográfica do telespectador, ampliando a segmentação do marketing e modificando a realidade percebida por quem assiste.
Durante um amistoso da seleção brasileira, por exemplo, telespectadores notaram que as propagandas exibidas nas telas laterais do campo, originalmente em português, eram substituídas por anúncios em coreano nos replays. Essa prática levanta questões importantes sobre a manipulação da realidade e a capacidade da tecnologia de moldar experiências visuais de maneira quase imperceptível. Os comentadores ressaltam que essa técnica já não é novidade, ocorrendo há vários anos em diversas plataformas de transmissão.
A tecnologia utilizada para essas transformações envolve a combinação de câmeras com sensores que detectam a posição e o ângulo da filmagem. Dessa forma, os operadores de transmissão conseguem aplicar um mapeamento digital que prepara a câmera para alterar as imagens em tempo real. A metodologia é baseada em uma forma de edição que se assemelha à subtração de pixels em diferentes camadas da imagem. O resultado final é uma apresentação visual coesa que, na prática, faz com que o telespectador perceba uma propaganda direcionada, enquanto a realidade do jogo permanece inalterada.
Esse recurso permite que empresas de diferentes nacionalidades se beneficiem de uma audiência global, como observado em competições de clubes como a Libertadores, onde times de outras nações aparecem com logotipos de marcas brasileiras, embora o jogo esteja ocorrendo em território estrangeiro como na Bolívia. Também foram notadas limitações, como em jogadas que exigem uma proximidade da câmera, onde a tecnologia pode não funcionar perfeitamente e exibir a propaganda real.
As consequências dessa prática, no entanto, vão além da segmentação de mercados e dos lucros para as empresas. O advento dessa tecnologia levanta questionamentos sobre a percepção da realidade pelo público e o quanto os consumidores estão cientes do que está sendo mostrado a eles. Em um mundo onde a manipulação das imagens se tornou uma forma comum de publicidade, muitos se perguntam como a cidade, o esporte e a cultura estão se transformando, e o que isso pode significar para o futuro da comunicação e interação social.
A aplicação da tecnologia em publicidades também tem seus desafios. Por exemplo, o Campeonato Italiano implementou uma proibição de uniformes em verde, pois eles não oferecem bom contraste com o gramado, criando complicações em sua transmissão. Essa nuance exemplifica o quão intrincados e interligados se tornam os bastidores das transmissões esportivas à medida que novas tecnologias se tornam disponíveis.
O que intrigou muitos telespectadores é a fino balanceamento entre a publicidade e a experiência genuína. Tais avanços têm despertado uma crescente desconfiança e questionamentos sobre a autenticidade do que se vê nas telas. À medida que as pessoas buscam compreender sua realidade em um mundo repleto de manipulações digitais, fica claro que o diálogo sobre a tecnologia na mídia esportiva se tornará cada vez mais relevante. A revolução nas transmissões não apenas redefine o marketing, mas também abre espaço para uma nova era de relações consumidor-empresa, baseada na percepção e na confiança.
Assim, as inovações tecnológicas seguem a passos largos, remodelando não apenas os esportes, mas toda a dinâmica da publicidade e da interação social. O desafio será encontrar um equilíbrio entre as facetas impressionantes da tecnologia e a preservação de uma experiência honesta e autêntica para os consumidores, que desejam não apenas ver, mas também sentir a emoção de cada jogo.
Fontes: Folha de São Paulo, G1, UOL, ESPN Brasil
Resumo
A tecnologia tem transformado a transmissão de eventos esportivos, especialmente no futebol, ao introduzir inovações que personalizam a experiência do telespectador. Recentemente, foi destacado o uso de anúncios adaptativos, que mudam conforme a localização geográfica do espectador, como demonstrado durante um amistoso da seleção brasileira, onde propagandas em português foram substituídas por anúncios em coreano. Essa prática levanta questões sobre a manipulação da realidade e a percepção do público. A tecnologia envolvida combina câmeras e sensores para alterar imagens em tempo real, permitindo que marcas de diferentes países atinjam uma audiência global. No entanto, desafios como a proibição de uniformes verdes no Campeonato Italiano evidenciam as complexidades das transmissões esportivas modernas. O crescente uso dessa tecnologia gera desconfiança sobre a autenticidade do conteúdo exibido, destacando a necessidade de um diálogo sobre o impacto da manipulação digital na experiência do consumidor. A revolução nas transmissões redefine o marketing e a relação entre consumidores e empresas, exigindo um equilíbrio entre inovação tecnológica e a preservação de uma experiência genuína.
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