Sobreviventes de Epstein criticam descaso do DOJ com vítimas

Sobreviventes do escândalo Epstein manifestam indignação após declarações do DOJ sobre contato com vítimas que não ocorreram.

22/12/2025, 14:02

Autor: Ricardo Vasconcelos

O escândalo envolvendo Jeffrey Epstein e seu círculo de associados continua a levantar questões cruciais sobre a justiça para as vítimas de abusos sexuais. Recentemente, um grupo de sobreviventes expressou publicamente sua indignação ao afirmar que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) não estabeleceu contato com eles, apesar das alegações do governo de que estava "coordenando de perto com as vítimas". Essa situação expõe não apenas as falhas no sistema de justiça, mas também a percepção de que as vozes dessas vítimas podem estar sendo minimizadas ou ignoradas em um contexto mais amplo de corrupção e impunidade.

Um dos pontos levantados pelos sobreviventes é que os poderosos do país parecem ter mais influência e importância do que as vítimas de abuso. Muitos expressaram uma sensação de abandono, com comentários enfatizando que o DOJ está mais preocupado em proteger os interesses dos acusados, como Ghislaine Maxwell, do que em oferecer um suporte verdadeiro às vítimas. "Se as pessoas realmente afetadas pelo Epstein estão dizendo publicamente que o DOJ nunca entrou em contato, isso não é uma boa aparência," comentou um defensor, ressaltando a diferença entre a retórica do DOJ e a realidade enfrentada pelas vítimas.

Além disso, as afirmações recentes de figuras políticas, como Donald Trump, que parecem minimizar o sofrimento das vítimas em favor de proteger a reputação dos acusados, adicionam uma camada de complexidade ao debate. Durante sua administração e após, Trump fez comentários que muitas vezes foram interpretados como um desvio da verdadeira narrativa, enfatizando a vitimização dos infratores em vez de reconhecer a dor e o sofrimento das jovens que foram traficadas e exploradas. "Hoje, Trump disse que as vítimas aqui não são as meninas que foram traficadas e abusadas," comentou um usuário nas redes sociais, refletindo a frustração em relação à maneira como o diálogo sobre esses casos é moldado por interesses políticos.

A situação é exacerbada pela percepção generalizada de que as instituições responsáveis pela justiça estão falhando em suas missões fundamentais. Vários comentários reconheceram que, enquanto o DOJ afirma trabalhar para as vítimas, na prática, muitos sobreviventes estão deixados à margem. A declaração de que "47 sobreviventes estão no vácuo" enquanto os acusados recebem uma atenção substancial e proteção levanta preocupações sobre a transparência e a eficácia do sistema legal.

Falar sobre os assuntos que cercam Epstein e Maxwell é também entrar em um terreno repleto de controvérsias políticas. A corrupção dentro do sistema político foi comparada a zonas de desastre em outras partes do mundo, como na África subsaariana ou em Bangladesh, ressaltando a frustração crescente com uma burocracia que parece carecer de responsabilidade e que frequentemente coloca os interesses dos poderosos acima das necessidades das massas.

Os ataques não são direcionados apenas a figuras isoladas, mas refletem uma crítica à administração pública como um todo, onde manter a aparência e proteger os considerados "importantes" parece estar se sobrepondo à necessidade de justiça. Isso se reflete de modo alarmante em declarações que indicam que a preocupação principal de muitas figuras públicas é sua própria imagem e status, em vez de buscar soluções para os problemas enfrentados pelas vítimas.

Por fim, o que se vê nas discussões mais amplas é uma percepção de que o sistema está cada vez mais desmoronando sob a pressão da desilusão pública. Muitos cidadãos expressam a crença de que a corrupção se tornou uma norma aceitável, e que a proteção de interesses políticos muitas vezes se dá em detrimento das necessidades daqueles que mais sofrem. Este tipo de relação entre vítimas e o sistema de justiça não apenas perpetua abusos, como também mina a confiança do público nas instituições que se propõem a protegê-los.

Conforme as vítimas de Epstein e outros escândalos continuam a se manifestar, fica a pergunta: o que será preciso para que a justiça verdadeira seja alcançada, não apenas em nome dos sobreviventes, mas em nome de todos que acreditam em um sistema que não apenas funcione para os poderosos, mas também para os vulneráveis? As vozes de aqueles que clamam por justiça devem ser ouvidas não apenas como um apelo por atenção, mas como uma demanda por mudança real e significativa.

Fontes: The Guardian, CNN, BBC News, The Atlantic