Sistema de saúde universal gera debate sobre acessibilidade e financiamento

A discussão sobre a implementação de um sistema universal de saúde nos Estados Unidos destaca desafios de financiamento e acessibilidade para todos.

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21/09/2025, 19:25

Autor: Laura Mendes

Uma imagem vibrante de uma multidão diversa de pessoas em um parque público. Algumas estão com cartazes pedindo "Saúde para Todos" e "Acesso Justo à Saúde". O cenário inclui uma clínica de saúde temporária ao fundo, com profissionais de saúde realizando atendimentos. A imagem captura a esperança e a luta por um sistema de saúde acessível e de qualidade, em um ambiente alegre e solidário.

A busca por um sistema de saúde universal nos Estados Unidos tem se intensificado, levantando questões sobre acessibilidade, justiça econômica e a eficácia da cobertura de saúde atualmente disponível. Com um sistema fragmentado em que tanto o Medicare quanto o Medicaid coexistem com uma ampla gama de planos de saúde privados, muitos cidadãos se perguntam: seria a saúde universal a solução para os problemas que afligem a assistência médica? A urgência dessa conversa se tornou evidente, principalmente à luz de uma crescente insatisfação com as dívidas médicas que afligem milhões de cidadãos americanos, que veem na falência como um efeito colateral direto das despesas médicas desmedidas.

Um dos aspectos que mais gera inquietação na sociedade é a quantidade de pessoas que não conseguem acessar serviços de saúde sem acumular dívidas exorbitantes. Um comentarista ressaltou que os custos dos cuidados de saúde nos Estados Unidos não apenas tornam a assistência médica difícil de obter, mas também contribuem para a situação desesperadora de pessoas que precisam de operações e, por conta das cobranças, são forçadas a sacrificar saúde e bem-estar em prol de um sistema que não as protege. Simultaneamente, esse sistema parece beneficiar práticas que priorizam o lucro em detrimento da saúde pública e do bem-estar individual.

Diante dessa realidade, o conceito de “mercado cativo” — onde os pacientes se tornam prisioneiros de um sistema que os força a aceitar preços exorbitantes para serviços essenciais — desperta uma crítica fundamental. Praticamente sem outras opções viáveis, as pessoas muitas vezes se sentem obrigadas a aceitar tarifas inflacionadas para cirurgias e medicamentos, tornando-se reféns de uma estrutura de preços que está muito além do controle individual. Muitas discutem que a universalização da saúde poderia inverter essa lógica, colocando o governo como um “comprador” de serviços de saúde com o poder de barganhar preços justos e garantir acesso.

Outros países com sistemas de saúde universal, como França, Canadá e Austrália, são frequentemente citados como exemplos de como uma abordagem pública pode oferecer cobertura a todos. No entanto, não há consenso em relação à possibilidade de implementar um modelo semelhante nos Estados Unidos, dada a resistência política e cultural. A desconfiança em relação ao uso do dinheiro público para financiar a saúde de todos, incluindo minorias, gera um choque com a ideia de que a saúde é um direito humano fundamental.

Uma vez que muitas pessoas associam a saúde universal à alocação de fundos públicos que poderiam beneficiar enfim diversos estratos sociais, a resistência é forte, principalmente entre aqueles que temem que isso possa, de alguma forma, reduzir suas próprias opções de atendimento. Essa divisão é acentuada por questões de raça e classe, evidenciando um tema recurrente: nem todos os grupos veem a saúde universal como um benefício claro.

No entanto, os que defendem um sistema universal argumentam que o custo atual para os cidadãos — em termos de despesas pessoais, dívidas e falências — supera em muito o que se poderia prever em um sistema onde a saúde é garantida a todos. Especialistas apontam que todos os cidadãos teriam acesso a cuidados de saúde adequados sem a necessidade de empurrar suas finanças ao limite.

Além disso, um sistema de saúde universal poderia aliviar a pressão sobre os profissionais de saúde, que frequentemente estão sobrecarregados pela burocracia exigida pelos planos de saúde privados. Tal situação tem fomentado a escassez de médicos e enfermeiros dispostos a trabalhar em certas áreas — em parte devido às dívidas acumuladas durante a formação e a incerteza sobre suas condições de trabalho e renda futura. Considerando essas barreiras aos cuidados médicos, a discussão sobre a universalização também se desvia para como motivar novos profissionais a entrar na área da saúde sem a expectativa de uma dívida insustentável.

Um dos pontos que emergem entre contras e prós da saúde universal diz respeito ao tempo de espera em consultas e procedimentos, um aspecto frequentemente observado em sistemas de saúde pública. Essa questão levanta preocupações sobre a eficiência e a efetividade do sistema alternativo, uma vez que muitos questionam a capacidade do setor público em atender à demanda desta forma. No entanto, defensores observam que o acesso universal a médicos e tratamentos, mesmo que graduado, ainda é preferível ao estado atual, onde muitos são excluídos por motivos financeiros.

As barreiras políticas são palpáveis, com figuras proeminentes, como Dr. Oz, propondo mudanças que podem limitar ainda mais o acesso a cuidados de saúde que são considerados essenciais. Essa evidência de resistência é uma manifestação clara de como a saúde continua sendo um tema polarizador, repleto de nuances que vão além da simples polaridade de 'pró' ou 'contra'.

Assim, o futuro da saúde nos Estados Unidos continua incerto, mas as vozes pedindo uma transformação imediata e efetiva estão se tornando cada vez mais dominantes. O que se discute neste momento vai muito além de apenas a estrutura do sistema; ele desafia o próprio conceito do que significa saúde e bem-estar dentro da sociedade americana. A verdadeira questão que emerge não é apenas se a saúde universal seria eficaz, mas se os valores fundamentais de igualdade e solidariedade para com um sistema que assiste a todos podem ser implementados em um contexto onde interesses individuais e corporativos frequentemente se chocam.

Fontes: The New York Times, The Guardian, Health Affairs, Pew Research Center

Resumo

A busca por um sistema de saúde universal nos Estados Unidos está ganhando força, levantando questões sobre acessibilidade e a eficácia da cobertura atual. Com um sistema fragmentado, muitos cidadãos enfrentam dívidas médicas que podem levar à falência. A dificuldade de acesso aos serviços de saúde e os altos custos são preocupações centrais, levando a críticas sobre um "mercado cativo" que força os pacientes a aceitar preços exorbitantes. Defensores da saúde universal argumentam que um sistema público poderia garantir acesso a cuidados adequados, enquanto críticos expressam preocupações sobre a alocação de fundos públicos e a eficiência do setor público. Exemplos de outros países com saúde universal, como França e Canadá, são frequentemente citados, mas a resistência política e cultural nos EUA é significativa. A discussão também aborda a necessidade de motivar novos profissionais de saúde e os desafios relacionados ao tempo de espera em consultas. Com o aumento das vozes pedindo transformação, a questão central é se os valores de igualdade e solidariedade podem ser implementados em um sistema que frequentemente prioriza interesses individuais e corporativos.

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