São Paulo impactada pela urbanização discute a estética de suas ruas

Cidadãos refletem sobre a beleza de São Paulo em comparação com o passado, envolvendo questões de planejamento urbano e desigualdade social.

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02/10/2025, 12:51

Autor: Laura Mendes

Uma imagem de uma rua histórica em São Paulo, contrastando com o cenário urbano moderno, mostrando a agitação típica da cidade atual, misturado com um toque nostálgico, como se estivéssemos olhando pela lente do tempo. Edifícios antigos bem conservados de um lado da imagem e os novos arranha-céus do outro, com um céu limpo e azulado ao fundo.

O debate sobre a estética e a funcionalidade das ruas de São Paulo tem ganhado destaque, especialmente quando comparado a imagens do passado da cidade. O aumento da população, que saltou de cerca de 100 mil habitantes na época das fotos tiradas há algumas décadas para mais de 10 milhões atualmente, é frequentemente apontado como um dos principais fatores que contribuíram para a alteração do visual urbano. A cidade, que sempre foi um ponto de encontro de diversas culturas e tradições, agora enfrenta desafios significativos relacionados à urbanização desordenada e à falta de planejamento que marcam suas regiões.

Os comentários de cidadãos inquietos apontam para um sentimento de nostalgia em relação aos dias em que a cidade era considerada "mais bonita". Embora a beleza seja subjetiva, muitos concordam que a poluição visual e sonora, assim como a falta de cuidados com espaços públicos, têm gerado um contraste negativo em relação ao visual histórico da metrópole. Antigamente, espaço públicos como a Praça da República eram elogiados pela sua aparência, agora frequentemente depreciados por sua degradação e pela qualidade de vida que apresenta.

Um olhar mais atento revela que os problemas atuais são um reflexo de decisões urbanísticas tomadas ao longo do tempo, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, quando a industrialização rápida e a migração de pessoas de áreas rurais para a cidade ocorreram em massa. A mecanização da agricultura, por exemplo, resultou em um êxodo das regiões do interior e contribuiu para a pressão populacional sem precedentes em São Paulo. Com isso, a arquitetura e o planejamento urbano precisaram se adaptar rapidamente, nem sempre de maneira a respeitar a identidade histórica da região.

Além disso, muitos comentadores mencionam que não há uma atenção apropriada à preservação de patrimônios arquitetônicos, gerando um visual de cidade em “amontoado” onde a falta de uniformidade e harmonia estética se torna evidente. O crescimento desordenado e a construção de novos empreendimentos comerciais e residenciais seguiram à risca um modelo que muitas vezes ignora as necessidades reais da população e a preservação histórica.

Por outro lado, a discussão também traz à tona a questão da desigualdade social presente na cidade. Defensores da preservação e da recuperação de áreas historicamente ricas em cultura e arquitetura argumentam que uma maior atenção a esses locais não apenas beneficiaria a estética da cidade, mas também traria desenvolvimento econômico e social ao resgatar espaços públicos e promovendo uma melhor qualidade de vida para seus moradores. A falta de zeladoria e limpeza torna-se um tópico sensível, apontando uma crítica à maneira com que os governos têm tratado a cidade como um todo.

No entanto, a crítica à estética urbana não pode ser dissociada do contexto socioeconômico. Muitas áreas que podem ser consideradas "feias" hoje, eram as mesmas que não eram registradas fotograficamente no passado, pois abrigavam a população mais pobre, que foi sistematicamente excluída das narrativas oficiais de desenvolvimento e crescimento da cidade. Essa invisibilidade histórica redefine o que consideramos bonito ou não, ao mesmo tempo em que revela um viés nos registros do passado.

Historicamente, áreas como o triângulo histórico de São Paulo e o Parque Dom Pedro foram focos de preservação que poderiam ter fornecido um contraste entre o novo e o velho. No entanto, a transformação da cidade segue dependendo de uma visão reducionista que favorece a modernização sem reflexão sobre as identidades urbanas.

Por fim, a questão sobre ser São Paulo mais bonita ou não em comparação ao passado não é mera superficialidade. Ela reflete questões mais amplas da urbanização, do patrimônio histórico, do planejamento urbano e, acima de tudo, da convivência entre classes sociais. Os cidadãos pedem um olhar mais atencioso para a cidade e uma gestão que priorize a qualidade do espaço urbano, a mobilidade e a inclusão social para um futuro mais harmonioso e sustentável na metrópole que, apesar de suas cicatrizes, ainda tem a beleza imensurável de suas histórias.

Fontes: Folha de São Paulo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estudos sobre urbanização no Brasil

Resumo

O debate sobre a estética e funcionalidade das ruas de São Paulo tem se intensificado, especialmente em comparação com imagens do passado. A população da cidade cresceu de cerca de 100 mil habitantes para mais de 10 milhões, o que contribuiu para mudanças significativas no visual urbano. Cidadãos expressam nostalgia por tempos em que a cidade era considerada "mais bonita", apontando a poluição visual e sonora e a degradação dos espaços públicos como problemas. As decisões urbanísticas das décadas de 1960 e 1970, impulsionadas pela industrialização e migração, resultaram em um planejamento que muitas vezes desconsiderou a identidade histórica. A falta de atenção à preservação do patrimônio arquitetônico e o crescimento desordenado geraram um visual caótico. Além disso, a discussão sobre a estética urbana está ligada à desigualdade social, com áreas antes invisíveis agora sendo vistas como "feias". A transformação da cidade precisa considerar a preservação histórica e a inclusão social, refletindo a necessidade de uma gestão urbana que priorize a qualidade de vida.

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