Sabesp registra aumento de retirada de água e provoca alerta em São Paulo

O aumento na retirada de água pela Sabesp gera apelos por uma gestão mais consciente e sustentável em São Paulo, conforme dados mostram recorde no consumo.

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26/12/2025, 14:39

Autor: Laura Mendes

Uma ilustração mostrando o contraste entre a riqueza e a pobreza em São Paulo, com edifícios altos e luxuosos em um lado e áreas de favela com falta de infraestrutura de água no outro. No centro, torneiras secas e gotejantes simbolizando a crise hídrica.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, conhecida como Sabesp, atingiu um novo recorde na retirada de água dos mananciais que abastecem a Grande São Paulo, com uma vazão média de 71,9 metros cúbicos por segundo (m³/s) entre janeiro e setembro de 2023. Esse volume, que supera a média pré-crise hídrica de 2010 a 2013, gerou preocupações acerca da gestão do recurso hídrico em uma das regiões maispopuladas e economicamente dinâmicas do Brasil. A comparação com a crise hídrica de 2014 a 2016, quando a retirada caiu para 58 m³/s, torna evidente as preocupações sobre a sustentabilidade do abastecimento e a capacidade de atender a um aumento constante na demanda.

Diversas vozes têm levantado alertas sobre a atual situação hídrica, destacando que esse aumento é consequência de uma série de fatores, como o crescimento populacional e a mudança no perfil econômico da região. Além disso, as altas temperaturas e a escassez de chuvas em 2023 também afetaram o nível dos reservatórios, levando a ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) a permitir a normalização da pressão na rede de distribuição. Entretanto, essa ação trouxe à tona um grave descompasso: a normalização da pressão resgata o volume de água disponível, mas também evidencia a fragilidade das estruturas de distribuição, especialmente em áreas periféricas, onde a pressão reduzida criou uma dicotomia no acesso à água.

Críticos da gestão atual da Sabesp enfatizam que as consequências da privatização do sistema de abastecimento ainda estão sendo sentidas, com muitos questionando se a eficiência empresarial se traduz realmente em benefícios para a população. Com lucros aparentes para os acionistas, a ineficácia de uma gestão focada no lucro é um ponto central das discussões. Cidadãos preocupados começam a se perguntar se o enfoque na privatização e em estratégias empresariais é compatível com o bem-estar das comunidades que dependem desses serviços essenciais. No entanto, deve-se considerar que, enquanto o consumo tende a aumentar com o crescimento populacional e a mudança de hábitos, a infraestrutura para garantir um abastecimento estável ainda se encontra aquém das necessidades atuais.

Os efeitos de uma gestão inadequada se fazem notar nas casas, onde os moradores relatam experiências cotidianas de dificuldades no abastecimento, com água de torneiras fracas e incerteza sobre a qualidade do recurso disponível. A crise hídrica não é apenas um período de escassez, mas se transforma em uma realidade cotidiana para muitos. É um "novo normal", como alguns se referem, onde o racionamento e a falta de água se tornaram parte da vida urbana em São Paulo. A falta de investimentos adequados em infraestrutura é um pano de fundo em discussões sobre a necessidade urgente de uma revisão no modelo de gestão de recursos hídricos.

Isso levanta a questão da responsabilidade política em um cenário que parece cada vez mais voltado para o lucro, em vez do serviço à população. Comentários críticos se direcionam às figuras de liderança, como o governador Tarcísio de Freitas, refletindo a desaprovação popular com promessas não cumpridas de melhorias nas condições de abastecimento. A percepção é que os interesses das grandes cidades, focados em resultados financeiros, frequentemente ignoram as necessidades da população mais vulnerável, que depende de um abastecimento justo e adequado.

Por outro lado, as expectativas em torno da demanda por água revelam uma complexidade maior nas questões de gestão de recursos naturais. O aumento do consumo de água estava aparentemente mascarado por medidas anteriores de restrição e redução de pressão nas redes de distribuição. Agora, com a normalização da pressão, a retirada de água aumentou abruptamente, revelando um cenário crítico a ser abordado.

Em termos de planejamento futuro, a necessidade de ampliar a capacidade de produção e armazenamento de água, bem como de investir em tecnologias e práticas que reduzam as perdas ao longo da distribuição, é evidente. Esses fatores são essenciais não só para recuperar a confiança da população, mas também para garantir a sustentabilidade do abastecimento em um contexto de urbanização crescente e mudanças climáticas.

A discussão sobre a água em São Paulo se torna, assim, um fenômeno complexo, que envolve questões de justiça social, responsabilidade corporativa e planejamento urbano sustentável. A consolidação de um modelo de gestão que equilibre eficiência econômica e responsabilidade social é um desafio que se coloca para os gestores públicos e privados. A continuidade do crescimento e da saúde dos mananciais é vital para o futuro da metrópole e para assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a um recurso essencial como a água. O futuro do abastecimento de água em SP depende, portanto, não apenas de medidas imediatas, mas de um compromisso a longo prazo com uma gestão consciente e sustentável, que considere as necessidades de todos.

Fontes: G1, Instituto Água e Saneamento (IAS)

Detalhes

Sabesp

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, conhecida como Sabesp, é uma empresa pública responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto em várias regiões do estado de São Paulo. Fundada em 1973, a Sabesp é uma das maiores companhias de saneamento do mundo e desempenha um papel crucial na gestão dos recursos hídricos, enfrentando desafios relacionados à urbanização e mudanças climáticas. A empresa tem sido alvo de críticas em relação à sua gestão e privatização, especialmente em tempos de crise hídrica.

Resumo

A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, atingiu um recorde na retirada de água dos mananciais, com uma média de 71,9 m³/s entre janeiro e setembro de 2023, superando a média pré-crise hídrica de 2010 a 2013. Essa situação gerou preocupações sobre a gestão dos recursos hídricos em uma região densamente populosa. Críticos apontam que a privatização do sistema de abastecimento ainda traz consequências negativas, questionando se a eficiência empresarial realmente beneficia a população. Moradores relatam dificuldades cotidianas no abastecimento, com água de torneiras fracas e incerteza sobre a qualidade. A crise hídrica se tornou parte da vida urbana, refletindo a necessidade urgente de revisão na gestão de recursos. A responsabilidade política é questionada, especialmente em relação ao governador Tarcísio de Freitas, diante de promessas não cumpridas. O aumento do consumo de água, agora evidenciado pela normalização da pressão nas redes, destaca a urgência de investimentos em infraestrutura e planejamento sustentável para garantir um abastecimento adequado e justo para todos.

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