27/12/2025, 17:03
Autor: Ricardo Vasconcelos

Em um movimento que pode intensificar as já elevadas tensões na Europa Oriental, a Rússia iniciou o posicionamento de mísseis hipersônicos em uma base aérea na Bielorrússia, conforme indicado por pesquisadores e especialistas em segurança. Este desenvolvimento não apenas representa uma escalada militar, mas também reabre o debate sobre as capacidades e a estratégia de defesa russa em meio ao conflito contínuo na Ucrânia.
Os mísseis hipersônicos, que supostamente alcançam velocidades superiores a Mach 5, têm gerado um misto de entusiasmo e ceticismo entre analistas militares. Embora a Rússia proclame que estes armamentos apresentam uma nova era de tecnologia bélica, muitos especialistas questionam a eficácia real deste sistema e sua inovação. O Dr. Jeffrey Lewis, especialista em não-proliferação, afirmou que, apesar das alegações de modernidade, a maioria das tecnologias utilizadas nos novos mísseis já é antiga e simplesmente combina sistemas já existentes de maneira diferente. Segundo Lewis, "o que a Rússia está chamando de hipersônico pode incluir mísseis balísticos que são, por definição, hipersônicos, mas que não representam, de fato, uma mudança significativa", alertando sobre a necessidade de cautela na interpretação das capacidades rusas.
A Bielorrússia, que tem sido usada como um ponto estratégico por Moscovo, já permitiu que tropas russas atacassem a Ucrânia a partir de seu território. Essa complicação geopolítica coloca a Bielorrússia no centro das atenções, com a crescente possibilidade de se tornar um alvo legítimo para resposta militar, especialmente por parte das forças ucranianas, que vêem na instalação de mísseis hipersônicos mais uma ameaça em um cenário já alarmante. Os especialistas alertam que a geografia da Bielorrússia facilita o alcance de alvos na Europa ocidental, levando a necessidades prementes de defesa entre os países vizinhos e aliados da OTAN.
A instalação dos mísseis hipersônicos tem suscitado reações em cadeia por especialistas e comentaristas. Um comentarista salientou que "se os mísseis estão, de fato, armados com cargas não nucleares, sua eficácia é questionável, podendo causar danos aleatórios em cidades". Leituras dessa natureza indicam que muitos observadores estão céticos quanto à verdadeira capacidade de os novos mísseis cumprirem sua promessa de precisão e destruição rápida. Além disso, muitos reforçam que a Rússia já possui um arsenal considerável de armamentos, tornando a nova adição, em última análise, menos preocupante do que inicialmente aparenta ser.
Embora outros levantem questões sobre a necessidade de uma resposta mais robusta, existe um reconhecimento crescente entre as nações ocidentais sobre a necessidade de intensificar as capacidades defensivas. No entanto, essa resposta pode ser complicada ainda mais pela política interna e as decisões estratégicas da NATO, que lutam para equilibrar a dissuasão com a necessidade de evitar uma escalada militar direta.
Paralelamente, as políticas dos Estados Unidos são frequentemente apontadas como contribuintes para a situação tensa atual, com críticos alegando que as ações americanas em relação à venda de armamento para a Ucrânia e a retórica agressiva em torno da Rússia apenas exacerbaram a situação. Outros alertam que medidas apressadas podem levar a mal-entendidos e até mesmo a confrontos diretos, o que poderia ser devastador para a segurança da Europa e do mundo.
A nova fase de armamento hipersônico após a introdução do sistema Oreshnik é, portanto, não apenas uma demonstração de força da Rússia, mas também um chamado à ação para a defesa coletiva ocidental. Especialistas militares observam que a introdução de novas classes de armas e armamentos aumenta a urgência para que os países da NATO considerem maneiras de melhorar sua prontidão para o combate, seja através de investimentos em tecnologia de defesa ou fortalecendo suas alianças. A situação na Bielorrússia se torna, assim, um microcosmo para a tensão geopolítica mais ampla, onde cada passo em falso pode ter consequências de longo alcance.
À medida que o mundo observa o desenrolar dessa questão, fica evidente que a sombria nuvem da incerteza paira sobre a região, com um potencial para uma nova onda de conflito. Enquanto as potências globais continuam a avaliar as intenções da Rússia, a posição militar e os novos mísseis podem ser o catalisador para uma nova fase de hostilidades, alterando o equilíbrio de segurança na Europa. A atenção internacional será fundamental para garantir uma gestão cuidadosa dessas dinâmicas, na expectativa de que a diplomacia possa prevalecer sobre a guerra.
Fontes: BBC, CNN, The Guardian, Folha de São Paulo, DefesaNet
Resumo
A Rússia começou a posicionar mísseis hipersônicos em uma base aérea na Bielorrússia, o que pode aumentar as tensões na Europa Oriental e reabrir o debate sobre suas capacidades de defesa. Os mísseis, que alcançam velocidades superiores a Mach 5, geram reações mistas entre analistas, com alguns questionando sua eficácia real. O Dr. Jeffrey Lewis, especialista em não-proliferação, sugere que as tecnologias utilizadas são, na verdade, antigas e não representam uma inovação significativa. A Bielorrússia, que já permitiu que tropas russas atacassem a Ucrânia de seu território, pode se tornar um alvo legítimo para a resposta militar ucraniana. A instalação dos mísseis hipersônicos levanta preocupações sobre a segurança na Europa Ocidental, exigindo uma resposta defensiva dos países da OTAN. Enquanto isso, as políticas dos EUA são vistas como fatores que agravam a situação. A nova fase de armamento hipersônico representa uma demonstração de força da Rússia e um chamado à ação para a defesa coletiva ocidental, com a possibilidade de um novo conflito pairando sobre a região.
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