18/12/2025, 12:49
Autor: Ricardo Vasconcelos

Em uma rara admissão, o governo russo revelou que cerca de 80% de seu orçamento de defesa está sendo utilizado na guerra em curso contra a Ucrânia. Este reconhecimento, feito em face de uma crescente pressão econômica interna e sanções internacionais, lança uma sombra preocupante sobre a sustentabilidade econômica da Rússia, o que levanta questões sobre as verdadeiras capacidades militares do país e seu status de poder global. A Rússia, que há meses luta para obter vitórias significativas no campo de batalha, se vê pressionada não apenas pela resistência ucraniana, mas também pela deterioração dos fundamentos econômicos que sustentam suas operações militares.
A revelação dos custos da guerra à frente leste, onde as forças russas começaram a atuar em fevereiro de 2022, é alarmante, especialmente considerando que essas despesas ocorrem em um momento em que o país enfrenta desafios financeiros sem precedentes. A quantidade colossal de recursos alocados para a manutenção da infraestrutura militar e para a fé em uma possível vitória em um conflito que já se estende por mais de um ano causa espanto e levanta questões sobre a viabilidade de tal estratégia de combate.
Diversos comentaristas têm ponderado sobre os impactos a longo prazo dessa estratégia militar extrema. De acordo com análises, se a Rússia está direcionando este percentual tão elevado de seu orçamento de defesa para a guerra em sua fronteira, isso sugere um nível preocupante de vulnerabilidade. A incapacidade de capturar rapidamente as metas estabelecidas, como em Kyiv, pode sugerir que os recursos militares são mais limitados do que os oficiais da defesa têm sugerido ao longo do tempo. Por esta razão, muitos especialistas acreditam que a Rússia pode estar se preparando para um colapso econômico, muito antes de conseguir quaisquer triunfos significativos no campo de batalha.
Adicionalmente, a questão sobre a proteção das fronteiras com a OTAN se torna cada vez mais relevante. Se a maior parte da capacidade militar da Rússia está concentrada na Ucrânia, isso pode abrir brechas em outras fronteiras que divisões de OTAN considerariam vulneráveis. Isso é amplamente debatido entre analistas militares e geopolíticos, que se preocupam com possíveis cenários de expansão do apoio ocidental à Ucrânia e suas consequências para a segurança regional na Europa Oriental. Tal divisão do foco militar poderia encorajar nações limítrofes a intensificarem suas defesas e, eventualmente, envolverem-se ativamente no conflito.
Além disso, outros aspectos da economia russa estariam sob pressão devido à guerra. Os altos níveis de dívida no sistema ferroviário e os efeitos paralelos das sanções ao setor energético desempenham um papel significativo em desestabilizar ainda mais a nação. O sistema ferroviário, vital para o transporte de suprimentos, enfrenta uma dívida ameaçadora de 40 bilhões de dólares, o que poderia resultar em severas dificuldades operacionais e logísticas, permitindo um colapso gradual das operações militares e civis.
Por outro lado, observa-se que os investimentos da China na Rússia, talvez na forma de intenções geopolíticas, poderiam fortalecer Moscovo de maneira temporária, oferecendo a oportunidade para que ambos os países mantenham um certo grau de influência na arena internacional. Contudo, este suporte não é incondicional e traz consigo as suas próprias implicações, dado que a China estaria a aproveitar a fraqueza da Rússia para alavancar seus interesses estratégicos, em especial na Ásia.
O que esta situação sugere a longo prazo é que mesmo com a persistência do conflito, a capacidade da Rússia de sustentar uma posição competitiva não parece robusta. Se continuar a alocar recursos desproporcionais para uma guerra que é vista como falida em termos de objetivos militares, sua influência política e econômica global poderá fazer uma rápida trajetória em direção ao declínio.
O uso exorbitante de recursos para uma operação militar que, de acordo com algumas análises, poderia ter sido realizada em três dias, destaca a falta de estratégia e planejamento a longo prazo por parte de Moscovo, além das instabilidades causadas pelo ponto de vista político interno de um regime ditatorial que já enfrentava dificuldades antes do início do conflito. Na prática, a Rússia estaria apenas um passo distante de um cenário econômico de colapso, abrindo a porta para um futuro desafiador que poderá incluir uma dependência ainda maior de parcerias, como a que está estabelecida com a China.
Esta combinação de fatores, com a preocupação de que 80% do orçamento de defesa seja desviado para um esforço militar sem sucesso, exige que a comunidade internacional e os analistas observem atentamente os desdobramentos, especialmente no que diz respeito à estabilidade global e às dinâmicas de poder na Europa e na Ásia nos próximos meses ou anos.
Fontes: BBC, The Guardian, Reuters
Detalhes
A Rússia é o maior país do mundo em área e possui uma rica história cultural e política. Desde a dissolução da União Soviética em 1991, a Rússia tem buscado reafirmar seu papel como uma potência global. Sob a liderança de Vladimir Putin, o país tem estado envolvido em diversas controvérsias internacionais, incluindo a anexação da Crimeia em 2014 e a atual guerra na Ucrânia, que tem gerado sanções e tensões com o Ocidente. A economia russa é fortemente dependente de suas exportações de petróleo e gás, mas enfrenta desafios significativos devido a sanções e questões internas.
Resumo
O governo russo admitiu que cerca de 80% de seu orçamento de defesa está sendo destinado à guerra na Ucrânia, revelando preocupações sobre a sustentabilidade econômica do país. Essa revelação ocorre em um momento de crescente pressão interna e sanções internacionais, levantando questões sobre as capacidades militares da Rússia e seu status como potência global. Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, a Rússia enfrenta dificuldades em alcançar vitórias significativas, o que sugere uma vulnerabilidade crescente. Especialistas alertam que a alocação elevada de recursos para a guerra pode resultar em um colapso econômico, especialmente considerando a pressão sobre a infraestrutura militar e a dívida crescente do sistema ferroviário. Além disso, a concentração das forças russas na Ucrânia pode abrir brechas em suas fronteiras com a OTAN, potencialmente encorajando países vizinhos a intensificarem suas defesas. Embora investimentos da China possam oferecer suporte temporário à Rússia, isso também traz implicações estratégicas. A situação sugere que a Rússia pode enfrentar um futuro desafiador, com sua influência política e econômica global em risco de declínio.
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