28/09/2025, 14:20
Autor: Laura Mendes
Russell M. Nelson, o presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Igreja Mórmon, morreu no último domingo, 29 de outubro de 2023, aos 101 anos de idade. Sua morte marque o fim de um dos mandatos mais notáveis e debatidos na história recente da igreja, que se caracteriza por mudanças significativas e desafios de liderança.
Nelson, que assumiu a presidência em 2018, sucedendo Thomas S. Monson, tinha uma longa carreira como cirurgião cardíaco antes de se dedicar integralmente à liderança da igreja. Durante seu mandato, ele promoveu uma nova visão para a fé Mórmon, que incluía a exigência de que os membros abandonassem o uso de termos como "Mórmon" e "LDS" em favor do nome completo da igreja. Essa mudança causou debate entre os fiéis e críticos, considerando que esses termos eram por muitos utilizados por décadas e se tornaram parte da identidade da religião.
Seu governo também foi marcado por posturas conservadoras em questões sociais, especialmente no que diz respeito à comunidade LGBTQ+. Embora Nelson tenha dito que sua abordagem se baseava em equilibrar amor e legalismo, muitos membros e críticos da fé notaram um endurecimento nas regras que limitam a inclusão de pessoas LGBTQ+ dentro da igreja. Esse aspecto de seu legado levanta questões sobre a capacidade da igreja em atrair e reter membros de uma geração mais jovem, que frequentemente busca maior aceitação e inclusão em suas crenças espirituais.
A morte de Nelson foi recebida com reações diversas em todo o espectro de membros da igreja. Enquanto alguns lamentaram a perda de um líder que aporta visões conservadoras e tradicionais, outros expressaram satisfação, considerando sua liderança controversa. O novo presidente da igreja, Dallin H. Oaks, um ex-juiz da Suprema Corte de Utah, agora assume o cargo, gerando preocupações entre aqueles que se opõem a suas visões conservadoras, particularmente em relação aos direitos dos membros LGBTQ+.
A Conferência Geral, que reúne os membros da igreja para discutir temas importantes, está programada para ocorrer na semana seguinte à morte de Nelson, criando uma atmosfera mista de luto e expectativa em relação ao que Oaks pode trazer para a liderança da igreja. Historicamente, novos presidentes são escolhidos entre os membros do Quórum dos Doze Apóstolos, e a transição de poder dentro da igreja ocorre em uma estrutura que, para alguns, parece instável.
Durante a pandemia de COVID-19, Nelson se destacou por incentivar a participação em medidas de saúde pública, apoiando a vacinação e outros protocolos da comunidade médica. No entanto, sua administração enfrentou críticas severas sobre como a igreja lidou com denúncias de abuso sexual. Acusações de que a organização muitas vezes encobria esses casos para proteger seus líderes foram amplamente divulgadas, levando a um maior escrutínio e desconfiança sobre a maneira como a igreja aborda a segurança de seus membros, especialmente entre as crianças.
Além da questão de abuso, críticos também apontam que a igreja mantém um sistema patriarcal rígido que exclui muitas vozes e experiências, especialmente as pessoas que não se enquadram no normativo. O histórico de Nelson, por exemplo, é visto por muitos como um reflexo das profundas divisões na maneira como a igreja lida com a diversidade.
Nelson era o mais velho presidente da igreja, e sua longevidade foi muitas vezes citada como uma vantagem em relação à liderança. No entanto, sua idade avançada também levantou questões sobre a capacidade da igreja de se modernizar e se abrir a novas abordagens que dialoguem com a sociedade contemporânea.
À medida que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continua sua jornada sem Nelson, questões sobre sua diretriz futura e a receptividade às mudanças sociais continuarão a ser um foco de atenção de membros e observadores. O próximo presidente, Dallin H. Oaks, herda não apenas os desafios de liderança, mas também as expectativas de uma geração que deseja ver uma abordagem mais inclusiva e progressista das crenças e práticas da igreja. Com Nelson fora do caminho, o futuro da liderança da igreja se torna um tópico quente e relevante para muitos fiéis e críticos que acompanham de perto a evolução desta tradicional instituição religiosa.
Fontes: The New York Times, The Washington Post, Associated Press
Detalhes
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Igreja Mórmon, é uma denominação cristã que surgiu nos Estados Unidos no início do século XIX. Fundada por Joseph Smith, a igreja é conhecida por suas crenças únicas, incluindo a crença em um livro sagrado chamado Livro de Mórmon. A igreja enfatiza a importância da família, da revelação contínua e da obra missionária. Com milhões de membros em todo o mundo, a igreja tem enfrentado críticas e desafios, especialmente em relação a questões sociais contemporâneas.
Resumo
Russell M. Nelson, presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, faleceu no dia 29 de outubro de 2023, aos 101 anos. Sua presidência, iniciada em 2018, foi marcada por mudanças significativas, incluindo a recomendação de que os membros abandonassem termos como "Mórmon" em favor do nome completo da igreja. Nelson também adotou posturas conservadoras, especialmente em relação à comunidade LGBTQ+, o que gerou debates entre os fiéis. Sua morte provocou reações diversas, com alguns lamentando a perda de um líder tradicional e outros expressando satisfação. Dallin H. Oaks, ex-juiz da Suprema Corte de Utah, assume agora a presidência, levantando preocupações sobre sua visão conservadora. A Conferência Geral da igreja está programada para ocorrer na semana seguinte à morte de Nelson, trazendo uma mistura de luto e expectativa sobre a nova liderança. Durante seu mandato, Nelson também incentivou a vacinação durante a pandemia, mas enfrentou críticas sobre a forma como a igreja lidou com denúncias de abuso sexual. A transição de poder e a capacidade da igreja de se modernizar permanecem em foco.
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