01/11/2025, 23:54
Autor: Felipe Rocha

A recente canção "Berghain", da aclamada artista Rosalía, tem sido objeto de discussões acaloradas entre críticos e ouvintes, especialmente no que diz respeito ao seu desempenho nas paradas musicais da América Latina. Lançada com grande expectativa, a faixa conseguiu rapidamente alcançar a 7ª posição nas paradas globais, no entanto, o resultado na América Latina ficou aquém das expectativas, causando surpresa considerando o crescimento e a receptividade da artista na região.
A situação levanta uma série de questões sobre o gosto musical do público latino-americano e sua relação com a obra de Rosalía, que já conquistou admiradores no mundo todo e se destacou por sua fusão única de flamenco, pop e outros estilos. Apesar de a canção estar performando bem em lugares como Estônia, Hungria e Israel, sua recepção no México e em outros países da América Latina tem sido inusitadamente morna. Essa discrepância entre a execução global e a regional convida à reflexão sobre as preferências e tendências presentes na cultura musical da região.
Alguns comentaristas apontam que "Berghain" não se encaixa perfeitamente em um gênero único, fato que pode ter contribuído para sua falta de visibilidade entre o público típico que tende a buscar por sons mais definidos. A música é descrita como um experimento arrojado e único, distinto até mesmo para os padrões de Rosalía, que é conhecida por sua versatilidade. Tal transformação na sonoridade pode ter provocado uma reação mista entre seus fãs, especialmente aqueles acostumados ao seu estilo anterior. Um dos comentários destaca que essa faixa teria um apelo maior para um público mais jovem e músicos que têm formação clássica, ao invés de conquistar o espaço de forma mais ampla.
Essa situação aponta, também, para a divisão de públicos que existe dentro do universo musical. Enquanto a música clássica continua a manter seu espaço e incluir uma base de fãs sólida, o cruzamento entre este mundo mais tradicional e o pop contemporâneo, como o apresentado por Rosalía, parece não ressoar da mesma forma. De fato, muitos dos que frequentam regularmente concertos de música clássica, como os que ocorrem em Buenos Aires, podem não estar na mesma sintonia que os ouvintes da nova e ousada proposta musical da artista.
Em várias cidades da América Latina, especialmente em centros culturais como Buenos Aires, os concertos de música clássica são eventos comuns, frequentemente com ingressos esgotados ou até mesmo gratuitos. A tradição musical clássica ainda é celebrada, embora com um público mais restrito em comparação a outros gêneros populares. Portanto, a fragilidade da recepção de "Berghain" pode refletir uma desconexão entre os diferentes nichos musicais e a singularidade da proposta de Rosalía.
Um ponto que emergiu nas discussões é a possibilidade de a artista estar explorando novos territórios sonoros, mesmo se isso significar desafiar o conforto de seu público habitual. No entanto, isso vem com riscos; ao se distanciar de sua base de fãs tradicional, corre o risco de gerar reações negativas. É um dilema comum entre artistas que buscam inovação, mas que se deparam com a resistência de um público que prefere continuar apreciando a música com a qual já se identificam.
Rosalía, sem dúvida, está num caminho ambicioso ao tentar expandir as fronteiras musicais e criar um som que, embora possa ser inicialmente polarizador, tem o potencial de influenciar futuras gerações. "Berghain" pode não ter encontrado seu lugar ideal nas paradas latino-americanas, mas a música, em sua essência, é um reflexo da realidade multifacetada da experiência cultural contemporânea. A evolução musical da artista poderá oferecer novas oportunidades e trilhas de exploração, pois ela continua a experimentar e redefinir o que significa ser um artista no mundo atual.
No final das contas, a recepção da música varia ao redor do mundo e cada cultura tem seu próprio ritmo e suas preferências que moldam o que se torna popular. A história de "Berghain" nos ensina sobre as complexidades da apreciação musical e como, mesmo quando uma artista atinge o sucesso global, ela pode ainda enfrentar desafios significativos para se conectar com o público em sua própria casa. A expectativa agora é que Rosalía e outros músicos continuem a explorar e, quem sabe, fornecer novas sonoridades que possam ressoar de forma mais profunda com a diversidade da audiência.
Fontes: Folha de São Paulo, Billboard, Rolling Stone
Detalhes
Rosalía é uma cantora e compositora espanhola, conhecida por sua fusão inovadora de flamenco com pop e outros gêneros musicais. Desde seu álbum de estreia, "Los Ángeles", em 2017, ela ganhou reconhecimento internacional e vários prêmios, incluindo Grammy e Latin Grammy. Sua música é marcada por letras poéticas e uma estética visual impactante, e ela se tornou uma figura influente na música contemporânea, desafiando as normas tradicionais e expandindo as fronteiras do flamenco.
Resumo
A nova canção "Berghain", da artista Rosalía, gerou debates intensos entre críticos e ouvintes, especialmente em relação ao seu desempenho nas paradas da América Latina. Apesar de ter alcançado a 7ª posição nas paradas globais, sua recepção na região foi abaixo do esperado, surpreendendo muitos, dado o sucesso da artista. Essa discrepância levanta questões sobre os gostos musicais do público latino-americano e sua conexão com a obra de Rosalía, que é reconhecida por sua fusão de flamenco e pop. Embora a canção tenha se destacado em países como Estônia e Hungria, sua aceitação no México e em outras partes da América Latina foi morna. Críticos sugerem que a falta de um gênero definido pode ter prejudicado sua visibilidade. A música é vista como um experimento ousado, que pode não ressoar com os fãs habituais da artista. O dilema de Rosalía reflete a tensão entre inovação musical e a expectativa de seu público, destacando a complexidade da apreciação musical em diferentes culturas.
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