10/12/2025, 11:50
Autor: Laura Mendes

Nos últimos dias, uma nova onda de preocupações emergiu no Brasil em torno da liberdade de expressão nas redes sociais, quando foi relatado que vários perfis de importantes figuras políticas de esquerda, como a deputada Sâmia Bonfim e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estavam temporariamente indisponíveis nas ferramentas de busca do Instagram e Facebook, ambos pertencentes à Meta. A situação reacendeu o debate sobre a influência das grandes plataformas de tecnologia na democracia e no controle do discurso público.
Conforme os relatos de diversos usuários, muitos perfis que seguiram nas eleições ou que apenas interagiram com conteúdo de esquerda não apareciam nas buscas, enquanto contas associadas à direita permaneciam facilmente acessíveis. Esta assimetria foi percebida por muitos como um indicativo de censura direcionada. Um internauta, preocupado, afirmou que procurou pelo nome de Lula e não conseguiu visualizar o perfil, o que lhe pareceu surreal considerando que ele é o atual presidente do Brasil. Essa situação foi retirada de contexto e interpretada como uma possível manobra para silenciar vozes críticas no panorama político atual.
Estudos históricos sobre a era digital indicam que as redes sociais desempenham um papel crucial nas eleições e nas discussões políticas contemporâneas. Elas são consideradas vitais para uma variedade de movimentos sociais e políticos em todo o mundo. O caso atual no Brasil vem à tona em um momento em que a sociedade está cada vez mais atenta à manipulação de informações e à censura digital, provocando a urgência de uma regulamentação mais rigorosa das práticas de moderação e utilização dos dados pelos gigantes da tecnologia.
Ademais, o debate sobre a responsabilidade social das plataformas é um aspecto que angustia muitos que se perguntam até que ponto os donos destas empresas podem moldar a narrativa pública e influenciar as eleições. Um comentário relevante menciona a necessidade de um “contraponto” a essa dinâmica controladora e sugere que as redes sociais deveriam ser regularizadas para assegurar que o debate democrático não seja subjugado por algoritmos e decisões corporativas.
A situação se tornou ainda mais peculiar quando alguns usuários notaram que, em determinados momentos, até mesmo perfis de direita estavam enfrentando dificuldades de busca, com a ausência de contas como a de Nikolas Ferreira. Essa inconsistência chamou a atenção de comentaristas, levando-os a especular que essa instabilidade poderia ser decorrente de falhas no sistema ou de testes realizados pela Meta.
Esses eventos geraram um coro de vozes pedindo pela transparência e responsabilidade das redes sociais. Um usuário expressou esperança de que a Meta fosse chamada a se explicar sobre essa situação, enfatizando a necessidade de uma resposta oficial e não apenas desculpas superficiais. A ideia de que a plataforma, por meio de suas políticas, pode estar efetivamente silenciando discursos progressistas levanta questões fundamentais sobre como cada um de nós pode impactar a democracia e a liberdade de expressão em um cenário amplamente digital.
Além disso, muitos revelaram uma crescente insatisfação com o que consideram as práticas monopolistas da Meta e outras grandes tecnologias, descritas como “ditadura das big techs”. Essa expressão encapsula a frustração que muitos usuários sentem ao perceberem que seus canais de comunicação e expressão estão sob o controle de poucos bilionários com interesses políticos.
Por mais que a situação estivesse inicialmente confusa, as investigações realizadas por usuários começaram a indicar que alguns perfis, supostamente banidos, estavam voltando a aparecer. Muitos postaram atualizações sobre a volta das contas, o que provoca uma nova reflexão sobre o fenômeno do “shadow ban” — uma prática cada vez mais misteriosa e criticada.
Cenários semelhantes de controle nas redes se observam em diferentes partes do mundo, tornando urgentemente necessário um diálogo sobre a governança digital. A presença de influências estrangeiras e a interconexão entre as políticas de comunicação brancas e as das grandes potências, como os Estados Unidos, levantam questões sobre soberania digital e influências externas que têm potencial para moldar o futuro da democracia.
Este contexto provém de um crescente medo de que estamos diante de uma normalização da censura digital, onde as redes sociais não apenas facilitam a comunicação, mas também moldam sistematicamente quem pode e quem não pode ser ouvido. A escolha de quem aparece ou desaparece das telas de busca parece um jogo de poder que afeta diretamente a maneira como a política é vivida e debatida na esfera pública.
Nesse sentido, a resposta a esta questão pode ser vital para o futuro político do Brasil e a defesa da liberdade de expressão, assim como o papel que as redes sociais desempenham nesse processo. Sem um enfrentamento contundente a esta situação, a funcionalidade das redes como espaço democrático de diálogo e debate pode estar seriamente comprometida, em um momento em que as sociedades precisam mais do que nunca de liberdade e diversidade de vozes.
Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Estadão
Detalhes
A Meta Platforms, Inc. é uma empresa de tecnologia americana, anteriormente conhecida como Facebook, Inc. Fundada por Mark Zuckerberg e outros em 2004, a Meta é a controladora de várias plataformas populares, incluindo Facebook, Instagram e WhatsApp. A empresa tem se concentrado em desenvolver o metaverso, um espaço virtual interativo, além de enfrentar críticas sobre privacidade, manipulação de informações e o impacto de suas plataformas na sociedade e na política.
Resumo
Nos últimos dias, o Brasil enfrentou uma nova onda de preocupações sobre a liberdade de expressão nas redes sociais, após relatos de que perfis de figuras políticas de esquerda, como a deputada Sâmia Bonfim e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estavam temporariamente indisponíveis nas buscas do Instagram e Facebook, plataformas da Meta. Essa situação reacendeu o debate sobre a influência das grandes tecnologias na democracia e no discurso público, com usuários percebendo uma assimetria na visibilidade de contas de esquerda em comparação às de direita. A situação foi interpretada como uma possível censura, levando a uma crescente insatisfação com as práticas monopolistas da Meta. Além disso, a instabilidade observada em perfis de direita, como o de Nikolas Ferreira, levantou especulações sobre falhas no sistema. O caso destaca a urgência de uma regulamentação mais rigorosa das práticas de moderação das redes sociais, com muitos clamando por transparência e responsabilidade das plataformas em um cenário onde a liberdade de expressão e a democracia estão em jogo.
Notícias relacionadas





