18/10/2025, 23:46
Autor: Felipe Rocha
No dia 1º de outubro de 2023, o fisiculturista brasileiro Ramon Dino fez história ao conquistar o título do famoso concurso Mr. Olympia, uma das competições mais prestigiadas do fisiculturismo mundial. Com essa vitória, Dino não apenas ganhou reconhecimento internacional, mas também um prêmio de US$ 100 mil, que, ao ser convertido, corresponde a aproximadamente R$ 550 mil. No entanto, como muitos atletas brasileiros, ele enfrenta um desafiador cenário tributário que irá abocanhar parte significativa de seus ganhos. O governo brasileiro aplicará uma alíquota de 27,5% sobre esse valor, resultando em uma arrecadação estimada de R$ 151.250 em impostos.
Esse cenário levanta questões sobre como o estado brasileiro se posiciona em relação aos seus atletas e a valorização do esporte no país. Embora a premiação for forneça uma compensação justa pela dedicação e treinamento intenso necessários para competir em nível mundial, o alto índice de tributação tem sido uma constante desmotivação para muitos atletas. A realidade revela que muitos deles se veem obrigados a enfrentar esse fardo fiscal, enquanto tentam se destacar em suas respectivas disciplinas.
Além da tributação interna, existem nuances sobre a forma como os impostos são tratados em outros países, como os Estados Unidos. Para atletas que recebem prêmios fora de seu país de origem, a legislação americana retém 30% sobre o montante antes mesmo de ser enviado aos atletas não residentes. Contudo, no caso de Ramon Dino, ele poderá compensar esse imposto pago nos EUA com a tributação brasileira, desde que comprove o pagamento realizado. Essa particularidade pode suavizar o impacto da carga tributária, resultando em uma gestão financeira mais equilibrada para o atleta.
Ainda assim, a vitória de Dino se transforma num exemplo do que enfrenta a comunidade de atletas brasileiros. Um dos comentários em uma plataforma digital questionava se um corolário desse novo cenário poderia incentivar a produção em massa de robôs ou bots que buscam otimizar o engajamento e curtidas em publicações, um fenômeno que anima muitas discussões online. A partir dessa nova possibilidade, surgem temores de que a qualidade de interações e conteúdos possa ser comprometida em favor do volume, desencadeando uma luta entre a qualidade e a quantidade na produção esportiva e nas redes sociais.
A adesão de plataformas digitais a modelos de monetização de conteúdo, que os incentiva a gerar visualizações e interações, pode acabar ruindo a essência do que significa ser um atleta ou um criador de conteúdo genuíno. O que antes era um espaço para amar e respeitar o esporte, agora se transforma em uma corrida por cliques e votos, abrindo margem para que estratégias pouco éticas ganhem popularidade.
Dino, portanto, não é apenas um campeão em sua categoria, mas também um símbolo das complexidades enfrentadas pelos atletas brasileiros em um sistema que, muitas vezes, não os apoiar como deveriam. Ele representa a luta não apenas da busca por títulos, mas também a batalha contra um cenário tributário que frequentemente desincentiva o esporte em um país onde talentos abundam.
Enquanto tais fenômenos afetam a vida esportiva e criativa, a reflexão sobre a maneira de como o governo pode abordar a tributação em torno de atletas é mais importante do que nunca. Seria necessário, por exemplo, um reconhecimento mais claro da importância do investimento em talentos em potencial e um tratamento mais justo em termos de arrecadação, que se traduza em um suporte real para os que se esforçam para colocar o Brasil em destaque no cenário esportivo mundial.
Com a vitória de Dino, abre-se uma nova discussão sobre a valorização do esporte e como o Brasil pode se posicionar para não apenas reconhecer suas estrelas, mas também prover as condições necessárias para que continuem a brilhar não apenas no palco, mas também na vida financeira e nas oportunidades que lhes serão oferecidas.
Nesse contexto, a necessidade de uma reforma tributária que leve em consideração as especificidades dos esportistas é urgente. O Brasil precisa encontrar um equilíbrio que permita que os atletas prosperem, ao invés de lutarem contra um sistema que frequentemente parece mais um obstáculo do que um apoio.
À medida que o país observa a crescente profissionalização do esporte, a questão fiscal deve se tornar uma prioridade nas discussões sobre o futuro do fisiculturismo e outros esportes com grande potencial no Brasil. O momento pede reflexão e ação para garantir que as conquistas não sejam apenas comemoradas, mas também celebradas com justiça econômica e reconhecimento por parte do mundo político e econômico nacional.
Fontes: Folha de São Paulo, ESPN Brasil, Gazeta do Povo
Detalhes
Ramon Dino é um fisiculturista brasileiro que ganhou destaque internacional ao conquistar o título de Mr. Olympia em 2023. Com uma trajetória marcada por dedicação e disciplina, ele se tornou um símbolo da luta dos atletas brasileiros por reconhecimento e melhores condições no esporte. Além de sua conquista, Dino enfrenta desafios significativos, como a alta carga tributária sobre seus ganhos, que refletem a realidade de muitos atletas no Brasil.
Resumo
No dia 1º de outubro de 2023, o fisiculturista brasileiro Ramon Dino fez história ao vencer o concurso Mr. Olympia, um dos mais prestigiados do fisiculturismo mundial, recebendo um prêmio de US$ 100 mil, equivalente a cerca de R$ 550 mil. Contudo, Dino enfrenta um alto índice de tributação no Brasil, com uma alíquota de 27,5% que resultará em aproximadamente R$ 151.250 em impostos. Essa situação levanta questões sobre o apoio do governo aos atletas e a valorização do esporte no país. Além disso, a tributação sobre prêmios recebidos no exterior, como a retenção de 30% nos EUA, complica ainda mais a situação financeira dos atletas. A vitória de Dino simboliza as dificuldades enfrentadas pela comunidade esportiva brasileira, que luta contra um sistema tributário que muitas vezes desincentiva o esporte. O debate sobre uma reforma tributária que considere as especificidades dos atletas é urgente, visando criar um ambiente mais justo e favorável ao desenvolvimento do esporte no Brasil.
Notícias relacionadas