29/12/2025, 19:42
Autor: Ricardo Vasconcelos

Em um cenário geopolítico cada vez mais tenso, a discussão sobre a necessidade de novas potências nucleares emerge com força, especialmente em um mundo onde Estados Unidos, China e Rússia dominam o arsenal atômico. Especialistas sugerem que países como Alemanha, Brasil, Japão e Canadá podem ter que reconsiderar suas políticas de não proliferação nuclear diante da ameaça representada pelos três gigantes nucleares. Com a insegurança global crescendo, a ideia de que essas nações poderiam se tornar potências nucleares não é tão distante quanto parece.
Os desafios impostos pela geopolítica atual são substanciais. As tensões entre os Estados Unidos e China continuam a se intensificar, enquanto a Rússia permanece em um estado de prontidão militar elevada após suas ações na Ucrânia. Nesse contexto, a ideia de que outros países possam também buscar armamentos nucleares surge como uma possibilidade prática, impulsionada pela percepção de que a segurança internacional não está mais tão garantida.
Diversos comentários de analistas estratégicos destacam que, embora a proliferação nuclear não seja uma solução ideal, ela se torna uma opção realista se considerarmos a dinâmica atual das relações internacionais. A percepção de que um país pode ser atacado sem uma dissuasão adequada leva à tentação de desenvolver armas nucleares como forma de garantir a soberania e a segurança nacional. Essa ideia também é discutida em conexões com a experiência da Ucrânia, que se viu pressionada a abandonar seu arsenal nuclear após a queda da União Soviética, apenas para enfrentar a invasão russa em 2022, um reflexo claro das falhas na segurança internacional.
Alguns comentaristas apresentam a argumentação de que a liderança global parece estar nas mãos de um punhado de países que já possuem armas nucleares, enquanto outros, com capacidade e tecnologia, são mantidos à margem por uma combinação de pressões econômicas e militares. A frustração em relação a isso é palpável, com vozes que alegam que países como o Brasil, que possui recursos e capacidade técnica, podem precisar avaliar a construção de um arsenal nuclear se desejarem se afirmar em um novo mundo multipolar.
A capacidade de criar um sistema de dissuasão nuclear consistente, entretanto, não é simples. Especialistas afirmam que o desenvolvimento de subtropas nucleares com capacidade de lançamentos requer não apenas tecnologia avançada, mas também um compromisso político significativo e tempo. Construir um arsenal efetivo que possa garantir a segurança nacional é uma tarefa que pode levar décadas, e países como Brasil e Alemanha teriam que considerar seus próprios caminhos, ponderando tanto as realidades internas quanto as pressões externas.
Além disso, a questão do apoio ou oposição de potências estabelecidas – como os Estados Unidos, que historicamente têm mostrado descontentamento em relação à proliferação nuclear – não pode ser subestimada. Qualquer tentativa de um país emergente de desenvolver armas nucleares enfrentaria uma resistência significativa, que poderia vir na forma de sanções econômicas ou até mesmo intervenções diretas. A história recente é repleta de exemplos onde a comunidade internacional agiu decisivamente para evitar que nações desenvolvessem arsenais nucleares, criando um sistema global que, por definição, é desigual.
Esse dilema leva a uma reflexão mais ampla sobre o sistema de segurança global atual. A falta de confiança em instituições e pactos que deveriam garantir a paz pode tornar a busca por capacidade nuclear mais atraente para países preocupados. O temor de que um ataque ocorra sem aviso prévio alimenta a corrida armamentista. Assim, as nações que já possuem tecnologia militar devem reconsiderar suas abordagens em relação a potências emergentes, para evitar um novo ciclo perigoso de proliferação.
Se a configuração atual de alianças e tratados continuar a falhar em prover segurança, a realidade é que a possibilidade de surgimento de novas potências nucleares pode se tornar uma alternativa cada vez mais viável. A discussão é complexa e requer análises contínuas, mas uma coisa é certa: a ordem mundial está mudando, e a resposta à proliferação armamentista deve ser cuidadosa e ponderada para evitar um futuro incerto e potencialmente devastador.
Fontes: Folha de São Paulo, The Guardian, Al Jazeera
Resumo
Em um cenário geopolítico tenso, a discussão sobre a necessidade de novas potências nucleares ganha força, especialmente com a dominância dos Estados Unidos, China e Rússia. Especialistas sugerem que países como Alemanha, Brasil, Japão e Canadá podem ter que reconsiderar suas políticas de não proliferação nuclear, dada a crescente insegurança global. As tensões entre os EUA e a China e a prontidão militar da Rússia após suas ações na Ucrânia intensificam essa possibilidade. A proliferação nuclear, embora não ideal, é vista como uma opção realista para garantir a soberania nacional. A experiência da Ucrânia, que abandonou seu arsenal nuclear e enfrentou a invasão russa, exemplifica as falhas na segurança internacional. A construção de um arsenal nuclear é complexa e requer tecnologia avançada e compromisso político, além de enfrentar a resistência de potências estabelecidas. A falta de confiança nas instituições de segurança global pode tornar a busca por capacidade nuclear mais atraente para países preocupados, levando a uma reflexão sobre a ordem mundial e a necessidade de abordagens cuidadosas para evitar uma nova corrida armamentista.
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