Papa Francisco é uma figura polarizadora na Argentina após sua morte

Apesar do amor de muitos argentinos, polarização política complica a visão sobre o Papa Francisco, refletindo divisões sociais e religiosas no país.

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24/09/2025, 16:51

Autor: Laura Mendes

Uma multidão em frente à Praça de São Pedro, em Roma, celebra a figura do Papa Francisco, com bandeiras argentinas, flores e sinais de amor e respeito, enquanto uma tela exibe uma citação famosa do Papa sobre justiça social, misturando alegria e emoção visível nos rostos dos presentes.

A morte do Papa Francisco em data recente trouxe uma onda de recordações e reflexões na Argentina, seu país natal. Para muitos argentinos, a figura do Papa é um símbolo de orgulho nacional, mas a polarização política que caracteriza o país também se reflete em opiniões divergentes sobre seu legado. Francisco, que foi o primeiro Papa latino-americano, assumiu o papado em 2013 e rapidamente se tornou uma figura global respeitada, reconhecida por sua postura em prol da justiça social e sua crítica ao sistema econômico atual. Contudo, sua imagem não é uniforme em sua terra natal, gerando um espectro variado de percepções que vão desde a adoração até o desprezo.

De acordo com diversos cidadãos, como relatado em conversas e reflexões que emergiram após sua morte, a figura de Francisco era amplamente celebrada, especialmente por aqueles que valorizam sua abordagem inclusiva em questões sociais. Desde que assumiu o papado, ele fez diversas declarações que se alinham mais com ideais progressistas e franciscanos, que enfatizam a acolhida e a empatia em vez da condenação. Isto, no entanto, não passou sem críticas, especialmente de grupos conservadores e de direita, que o viam como uma ameaça à sua visão de mundo.

Um comentário a respeito do impacto do Papa na Argentina ressalta a admiração que muitos tinham por ele, mesmo entre os que não se identificavam como cristãos. O sentimento de alívio e felicidade era palpável quando seu nome foi anunciado como o novo Papa, levando ao reconhecimento de seu papel como “o argentino mais importante de todos os tempos”, segundo um dos comentários. Para esses argentinos, a ascensão de Francisco foi motivo de celebração e uma forma de destacar o potencial de um país que frequentemente se vê em um mar de divisões.

No entanto, a adoração ao Papa também trouxe à tona o impacto das divisões políticas na sociedade argentina. Muitos lembram da crítica feroz que ele recebeu de setores da direita, que atacaram suas opiniões sobre questões sociais, rotulando-o de "comunista", especialmente em um contexto onde figuras religiosas frequentemente são usadas para justificar ideais políticos. Essa polarização criou um ambiente em que as opiniões sobre o Papa Francisco se tornaram profundamente enraizadas nas divisões ideológicas do país, impelindo até mesmo a mídia a distorcer suas declarações em certos momentos.

Um comentário diferente trouxe à luz a questão de como essas controvérsias influenciaram a ausência do Papa na Argentina desde que ele se tornou Papa. A expectativa de sua visita sempre foi acompanhada de política, com muitos se perguntando se os governos em questão realmente valorizariam sua presença ou se a utilizariam como uma plataforma política. A falta de uma visita marcante à sua terra natal trouxe uma sensação de perda, como se os argentinos não tivessem aprendido a valorizar um dos seus melhores representantes.

Essa reflexão sobre a vida e o legado de Francisco se intensifica agora que ele partiu. Muitos argentinos, que previamente estavam divididos sobre sua figura, estão a reavaliar suas contribuições e a importância da troca de uma liderança religiosa que promoveu mudanças sociais significativas. Especialmente em um quadro em que a divisão política apodreceu o raciocínio de muitos, agora observa-se esforços para resgatar a imagem do Papa como um símbolo de unidade e esperança.

Com sua morte, cresce a necessidade de reconciliação em torno dos valores que Francisco defendeu: a busca por justiça social, acolhimento, diálogo inter-religioso e uma economia que serve a todos, não apenas a alguns. Resta apenas esperar que, ao longo do tempo, a figura do Papa Francisco seja lembrada não apenas como um líder religioso, mas como um catalisador para conversas necessárias e assim, sirva como um símbolo de reconstrução e coesão em um país que tanto anseia por isso. A espera é para que, seguindo seu legado, os argentinos possam aprender a separar ideologias políticas de um chamado à fraternidade e à paz, que foram tão centrais em sua vida e missão.

Fontes: Globo, El País, Folha de São Paulo, BBC Brasil

Resumo

A morte do Papa Francisco gerou reflexões na Argentina, seu país natal, onde sua figura é vista como um símbolo de orgulho, mas também de polarização política. Francisco, o primeiro Papa latino-americano, foi reconhecido globalmente por sua defesa da justiça social e críticas ao sistema econômico, mas sua imagem é controversa na Argentina, variando entre adoração e desprezo. Muitos argentinos celebraram sua ascensão ao papado em 2013, destacando seu papel inclusivo em questões sociais. Contudo, ele enfrentou críticas de setores conservadores, que o rotularam de "comunista". A falta de visitas significativas à Argentina desde que se tornou Papa também gerou um sentimento de perda. Agora, após sua morte, há um chamado para reavaliar seu legado e buscar unidade em torno dos valores que ele defendeu, como justiça social e diálogo inter-religioso, na esperança de que sua figura sirva como um símbolo de reconciliação em um país dividido.

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