12/12/2025, 12:21
Autor: Ricardo Vasconcelos

Na manhã do dia 10 de outubro de 2023, uma audiência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos se transformou em um palco para um evento inusitado e simbólico, onde um padre do grupo CodePink, conhecido por suas campanhas pacifistas e ativistas, levou a cabo um protesto que incluiu um exorcismo simbólico. A governadora do estado de Dakota do Sul, Kristi Noem, foi o alvo do ritual, que promete resgatar a política da corrupção e do que seus realizadores consideram uma moralidade em decadência. O evento gerou uma série de reações dentro e fora do Congresso, levantando debates sobre a interseção entre religião e política.
Durante a audiência, o padre ergueu sua voz em um chamado intenso e dramático, declarando a necessidade de restaurar a “alma” da política de Noem, a qual ele classifica como “perdida”. O discurso provocou risadas e vaias, com muitos presentes na sala se dividindo entre a indignação e a diversão. Comentários que circulam nas redes sociais fazem ecoar a confusão gerada pelo rito, com alguns sugerindo que, embora a prática não seja convencional, ela conseguiu, pelo menos, chamar a atenção para questões relevantes que, segundo os críticos, estão sendo ignoradas por líderes políticos como Noem.
Diversos pontos de vista emergiram das reações ao exorcismo. Um dos comentaristas, que se identificou como cético em relação à religião, ressaltou que a mistura de símbolos religiosos com atos de protesto pode polarizar a opinião pública, afastando aqueles que não compartilham das crenças religiosas originais. Por outro lado, outros cidadãos alegaram que, independentemente da forma como o protesto foi conduzido, ele conseguiu gerar uma discussão sobre a responsabilidade dos representantes públicos e suas intervenções em questões morais e éticas.
A controversa governadora, Kristi Noem, tem sido um ícon da política conservadora americana, especialmente em suas postura durante a pandemia de COVID-19 e seu envolvimento em políticas de imigração e direitos reprodutivos. A necessidade de rituais de exorcismo, portanto, foi vista por alguns como uma crítica direta a ações e decisões que, de acordo com seus opositores, podem prejudicar os cidadãos mais vulneráveis do país. O padre do CodePink, em sua retórica feroz, questionou o alinhamento moral dos políticos como Noem com as crenças demonstradas em suas práticas de governança.
Um comentário curioso que surgiu durante as discussões foi sobre uma tentativa histórica do Papa Pio XII realizar um exorcismo remoto em Hitler, associando as práticas de exorcismo à luta contra figuras históricas de poder controversas. Esse diálogo foi considerado por alguns como um reflexo da luta contínua entre o bem e o mal, tão presente nas narrativas políticas modernas.
Entretanto, o evento não se limitou apenas a reações sérias. Comentários humorísticos também surgiram, com sugestões de que a única solução ainda mais eficaz para Noem seria cantar K-Pop ou utilizar outras estratégias não convencionais para espantar “demônios”. Apesar do tom leve, essas observações transcendem a simples piada, revelando um desejo subjacente de que soluções criativas sejam exploradas em tempos de polarização e discórdia.
O exorcismo realizado deve constar como um momento marcante nas dinâmicas da política americana contemporânea, trazendo à luz discussões sobre a espiritualidade nas questões políticas e a necessidade de uma revisão ética por parte dos líderes. Críticos da ação afirmam que a metodologia do protesto pode ser censurada por sua natureza extrema, mas, ao mesmo tempo, ela também pressiona o debate público sobre até onde vão as crenças individuais quando se trata de legislar e governar.
Conforme os dias se seguem após o evento, fica evidente que a controvérsia levantada pelo exorcismo do padre do CodePink continuará a ecoar nas conversas sobre política e moralidade, e servirá para provocar reações que provavelmente moldarão a agenda política nas próximas semanas. Em um país já dividido por suas ideologias, a busca por um caminho claro e unificado parece permanecer como um desafio premente, lembrando a todos que as diferenças de crença não devem obscurecer as necessidades comuns de justiça e equidade.
Fontes: The New York Times, CNN, The Guardian, Folha de São Paulo, O Estado de S. Paulo
Detalhes
Kristi Noem é a governadora do estado de Dakota do Sul, conhecida por suas posições conservadoras e sua gestão durante a pandemia de COVID-19. Ela se destacou por sua oposição a medidas de lockdown e por suas políticas em áreas como imigração e direitos reprodutivos. Noem é uma figura polarizadora na política americana, frequentemente defendendo a liberdade individual e criticando intervenções governamentais.
Resumo
Na manhã de 10 de outubro de 2023, uma audiência da Câmara dos Representantes dos EUA se transformou em um evento inusitado quando um padre do grupo CodePink realizou um exorcismo simbólico, direcionado à governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem. O ritual visava "resgatar" a política da corrupção e da moralidade em decadência, gerando reações diversas entre os presentes, que variaram entre risadas e vaias. O evento levantou debates sobre a interseção entre religião e política, com críticos argumentando que a mistura de símbolos religiosos com protestos pode polarizar a opinião pública. Noem, uma figura controversa da política conservadora, foi alvo de críticas por suas decisões durante a pandemia e em questões de imigração e direitos reprodutivos. O exorcismo, embora visto como extremo por alguns, trouxe à tona discussões sobre a responsabilidade dos representantes públicos e a necessidade de uma revisão ética. Comentários humorísticos também surgiram, sugerindo soluções não convencionais para os problemas políticos, refletindo um desejo por criatividade em tempos de polarização. A controvérsia gerada pelo evento promete continuar a influenciar o debate político nos dias seguintes.
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