09/12/2025, 14:01
Autor: Ricardo Vasconcelos

Na corrida política rumo a 2028, Alexandria Ocasio-Cortez, a jovem congressista de Nova York, surge como uma favorita entre os eleitores mais jovens, segundo uma recente pesquisa. Essa dinâmica reflete não apenas uma mudança nas expectativas políticas, mas também um embate cultural que continua a influenciar a forma como as candidaturas e o apoio feminino são percebidos nos Estados Unidos. A figura carismática de Ocasio-Cortez representa um desejo por renovação em um sistema político muitas vezes marcado pela mesmice e pelo conservadorismo hétero-normativo.
A pesquisa em questão mostra que a maior parte dos jovens entrevistados acredita que Ocasio-Cortez encarna o futuro do Partido Democrata. No entanto, o panorama de suas chances reais de sucesso é contornado por debates sobre a receptividade do eleitorado americano a candidaturas femininas e não brancas, especialmente à luz das derrotas anteriores de figuras como Hillary Clinton e Kamala Harris. Essa resistência pode ser atribuída a um contexto mais amplo de misoginia e racismo entre os eleitores.
Vários comentaristas expressaram suas preocupações de que em um sistema predominantemente bi-partidário, a única maneira de garantir uma candidatura viável seria por meio de um "candidato branco, hétero e centrado". Esse argumento reflete uma frustração enraizada em anos de reações eleitorais adversas a políticas progressistas, levantando dúvidas sobre a viabilidade de Ocasio-Cortez como candidata em um cenário que ainda resiste a mudanças significativas.
Outros analistas sugerem que um enfoque progressista é essencial não apenas para a sua ascensão, mas para o fortalecimento do Partido Democrata. A base de jovens eleitores que apoia Ocasio-Cortez é vista como fundamental para a criação de uma estratégia que não só busca ganhar eleições, mas também muda radicalmente a abordagem às políticas públicas, como saúde universal e soluções climáticas robustas. A frustração com o status quo tem gerado uma nova onda de apoio por alternativas que rompam com as normas estabelecidas.
Entretanto, a partir da experiência eleitoral recente, a questão permanece: a maioria dos jovens, embora demonstrando energia e entusiasmo, comparece em menor número nas urnas. A participação eleitoral de jovens durante eleições passadas mostrou que, apesar do fervor nas redes e em eventos, o voto real muitas vezes não se traduz em presença nas cédulas. Como muitos observadores apontaram, os eleitores mais velhos, que representam a maioria dos votantes ativos, tendem a favorecer candidatos que eles percebem como mais convencionais, muitas vezes sacrificando o progresso por uma sensação de segurança.
O potencial de Ocasio-Cortez como futura líder do Partido Democrata foi debatido por diversos comentaristas que ressaltaram a possibilidade de uma fatia considerável do eleitorado moderado se aliar a sua candidatura caso ela consiga ganhar mais experiência política, o que poderia, em última análise, aproximá-la do cargo de presidência. A transformação de sua imagem de uma jovem congressista para uma líder política respeitada poderia lhe garantir mais chances.
No entanto, um caminho para a presidência poderia muito bem passar por uma candidatura ao Senado, onde, se vencesse, poderia garantir um espaço de influência maior no reduto político americano ao mesmo tempo em que se consolidaria como uma voz progressista dentro do próprio partido. Isso poderia, enfim, moldar uma realidade na qual as progressistas não sejam vistas como figuras de risco em um ciclo eleitoral dominado por conservadores.
As dificuldades enfrentadas por candidatas femininas em posições de poder têm sido frequentemente atribuídas à misoginia estruturada que permeia a cultura política americana. Muitas mulheres, como Ocasio-Cortez, ainda enfrentam o desafio de transitar entre a representação de novas ideias e a aceitação por um eleitorado que tem mostrado resistência em apoiar mulheres que desafiam as normas tradicionais.
Com a perspectiva das próximas eleições, o futuro da Ocasio-Cortez ainda está incerto. Se conseguir aproveitar seu apelo junto aos jovens, sua trajetória pode não apenas redefinir seu papel no Partido Democrata, mas também fazer história ao abrir caminhos para outras mulheres e candidaturas progressistas. O tempo dirá se o eleitorado americano está pronto para abraçar essa mudança ou se continuará ancorado ao que é familiar. A missão, no entanto, é urgente, pois os desafios políticos nesse cenário continuam a se agravar.
Fontes: Folha de São Paulo, The New Yorker, Politico
Detalhes
Alexandria Ocasio-Cortez é uma congressista dos Estados Unidos, representando o 14º distrito de Nova York desde 2019. Membro do Partido Democrata, ela é conhecida por suas posições progressistas em questões como justiça social, mudança climática e saúde pública. Ocasio-Cortez ganhou notoriedade ao derrotar um incumbente no primário de seu partido, tornando-se uma das mais jovens mulheres a assumir um cargo no Congresso. Seu estilo direto e engajamento nas redes sociais a tornaram uma figura influente entre os jovens eleitores.
Resumo
Alexandria Ocasio-Cortez, congressista de Nova York, desponta como favorita entre os jovens eleitores na corrida política para 2028, de acordo com uma pesquisa recente. Sua popularidade reflete uma busca por renovação em um sistema político tradicionalmente conservador. Contudo, sua viabilidade como candidata é questionada devido à resistência do eleitorado americano a candidaturas femininas e não brancas, evidenciada por derrotas de figuras como Hillary Clinton e Kamala Harris. Comentários sugerem que, em um sistema bipartidário, a preferência por candidatos brancos e heterossexuais pode dificultar a ascensão de Ocasio-Cortez. Apesar disso, analistas argumentam que um enfoque progressista é crucial para fortalecer o Partido Democrata, especialmente entre os jovens. No entanto, a participação eleitoral desse grupo tem sido baixa, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de traduzir entusiasmo em votos. Ocasio-Cortez pode precisar de uma candidatura ao Senado para ganhar influência e se consolidar como uma líder respeitada, enfrentando os desafios da misoginia na política americana. O futuro dela e de outras candidatas progressistas permanece incerto, mas a urgência por mudança é evidente.
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