08/09/2025, 00:30
Autor: Laura Mendes
O Mineirão, um dos mais icônicos estádios do Brasil, se transforma em um símbolo de descontentamento na sociedade de Belo Horizonte. A ausência de árvores em sua nova esplanada, reformulada recentemente, está gerando debate entre moradores e frequentadores, que clamam pela preservação e replantio de espaços verdes. Com temperaturas que podem superar os 30 graus, a falta de sombra no entorno do estádio tornou-se uma preocupação emergente, especialmente durante os meses mais quentes, quando eventos e jogos atraem grande público à região.
Os comentários de pessoas que frequentam o local ressaltam as dificuldades enfrentadas, principalmente durante o verão. Visitantes relatam a experiência de estar expostos ao calor intenso, sem a mínima proteção sob os raios solares. “É um forno ir a um jogo no Mineirão no alto do verão às 16h”, declarou um frequentador, expressando o desconforto de ter que esperar em longas filas e aglomerações sob a intensa luz solar. Além disso, a eficiência das estruturas de estacionamento, que concentra veículos sob lajes de concreto, em vez de promover uma vegetação que traria sombra e frescor, é questionada.
Os comentários também refletem um descontentamento mais amplo em relação ao urbanismo na cidade e à falta de planejamento na preservação de espaços verdes. Arquitetos e urbanistas, como a figura do renomado Niemeyer, são mencionados em meio a críticas de que muitas de suas criações priorizaram o concreto em detrimento da natureza. “Esse arquiteto odiava natureza e amava concreto”, afirma um comentarista, referindo-se ao legado arquitetônico que até hoje influencia o planejamento urbano no Brasil.
Outro ponto que vem à tona é a utilidade da área da esplanada no contexto de eventos. Há um consenso entre moradores de que a intenção inicial de manter a esplanada como um espaço aberto ao público foi corrompida pela prática constante de realização de shows e outras atividades que intercalam o uso do espaço. “Teoricamente, a esplanada era pra ficar aberta para o uso do público. Mas, praticamente, todo fim de semana tem show, então fecham para colocar e tirar o palco”, destaca um dos comentários.
Os aspectos de segurança e infraestrutura também são levantados. Embora a remoção das árvores e a implementação de concreto possam ter sido justificadas por questões operacionais, como eliminação de pontos cegos e otimização da iluminação, muitos sustentam que alternativas que incluam a replantação de árvores e a criação de zonas sombreadas são viáveis e necessárias. “Tem como ter tudo isso sem precisar deixar só no concreto”, sugere um comentarista.
A popularidade de eventos como shows de grandes artistas no estádio tem gerado infortúnios logísticos, como a dificuldade em estacionar e a exaustão causada pelas longas esperas sob o sol. Relatos de pessoas que levaram horas para sair do local após eventos, como o show do Metallica em 2022, evidenciam a insatisfação cotidiana de quem frequenta o espaço.
O apelo por um planejamento urbano que considere as exigências climáticas e a saúde pública é mais urgente do que nunca. “Quando saí do campus da UFMG para a área do Mineirão, eu realmente sentia a diferença no clima. Estar em um espaço arborizado é fundamental para o bem-estar”, comenta outro cidadão que testemunha essa transição.
Além disso, há críticas à derrubada massiva de árvores que ocorreu em diversas partes da cidade ao longo das últimas décadas. Segundo o relato de um morador, “a prefeitura de BH tem um ódio especial por elas”. Muitas árvores que antes compunham o cenário urbano foram removidas, especialmente as que adicionavam uma camada de frescor ao clima da cidade. A luta pela reintrodução de vegetação nativa nos espaços urbanos parece ser uma prioridade, não apenas em Belo Horizonte, mas em várias partes do Brasil, onde novos empreendimentos continuam a seguir a lógica do concreto.
Estudos demonstram que áreas urbanas arborizadas contribuem para a saúde mental e física de seus habitantes, fornecendo sombra, reduzindo a temperatura e filtrando o ar. Portanto, a discussão sobre o espaço do Mineirão e seu entorno pode ser o catalisador para uma reavaliação do urbanismo em Belo Horizonte e em outras cidades brasileiras, que também enfrentam o dilema entre desenvolvimento e preservação ambiental. Ao passar de um estádio utilizado somente para jogos de futebol para um centro de eventos multifuncionais, a responsabilidade se estende à necessidade de considerar a experiência do visitante como um todo, integrando acessibilidade e qualidade de vida. Assim, à medida que a cidade e seus cidadãos enfrentam este desafio, a esperança reside na criação de espaços urbanos que respeitem e integrem a natureza, promovendo um clima mais ameno e agradável para todos os seus habitantes.
Fontes: O Globo, UOL, Estado de Minas
Resumo
O Mineirão, icônico estádio de Belo Horizonte, enfrenta críticas pela falta de árvores em sua nova esplanada, gerando descontentamento entre moradores e frequentadores. Com temperaturas que podem ultrapassar os 30 graus, a ausência de sombra se torna uma preocupação, especialmente durante eventos que atraem grandes públicos. Frequentadores relatam desconforto ao esperar sob o sol intenso, e a eficiência do estacionamento, que prioriza o concreto, é questionada. A insatisfação se estende ao urbanismo da cidade, com críticas ao legado de arquitetos como Oscar Niemeyer, que teriam priorizado o concreto em detrimento da natureza. Além disso, a utilização da esplanada para shows e eventos tem gerado frustração, pois o espaço deveria ser aberto ao público. A discussão sobre a reintrodução de vegetação e a necessidade de um planejamento urbano que considere a saúde pública e as exigências climáticas é cada vez mais urgente, refletindo uma luta pela preservação ambiental em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras.
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