11/10/2025, 20:57
Autor: Laura Mendes
Em uma nova e preocupante revelação que abala a comunidade de West Linn, Oregon, um médico de família, Dr. John Farley, está sendo acusado de abusar sexualmente de várias mulheres que eram suas pacientes. As alegações, que emergiram gradativamente ao longo dos anos, culminaram em uma ação civil que desencadeou uma investigação criminal a ser conduzida pelo procurador-geral do estado.
Dr. Farley, amplamente respeitado como uma figura na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, foi considerado um líder espiritual por seus pares. Contudo, informantes afirmam que o prestígio e a confiança depositados nele foram instrumentalizados para perpetuar atos de abuso. As alegações começaram a surgir em 2022, quando mulheres que visitavam seu consultório descreveram experiências traumáticas, sugerindo que o médico se aproveitou de sua posição de autoridade e confiança para explorar sua vulnerabilidade.
Muitas das vítimas relataram que o status de Farley dentro da congregação mórmon conferiu a ele não apenas respeito, mas uma proteção que dificultava que falassem sobre o que haviam vivenciado. "Quando esses sobreviventes vieram a público pela primeira vez em 2022, suas alegações foram analisadas e descartadas em vez de serem devidamente investigadas", comentou Tom D’Amore, advogado que representa as vítimas em sua ação civil. Ele elogiou a coragem das mulheres por sua persistência em buscar justiça, mesmo enfrentando a resistência de um sistema que parecia ignorar suas reclamações.
Em dezembro de 2024, após intensa pressão pública e legal, o escritório do Promotor Distrital de Clackamas pediu ao procurador-geral para que assumisse a investigação. O gabinete do procurador-geral confirmou que está revisando o caso, mas não fez comentários adicionais sobre o status das alegações. Isso tem gerado frustração e apelo entre as vítimas, que anseiam por respostas e justiça.
As táticas de manipulação sob as quais Farley operava são especialmente perturbadoras. Um testemunho fez referência a uma situação em que o médico disse a uma paciente adolescente que estava rompendo seu hímen com a mão para "tornar o sexo mais prazeroso". Essa distorção extrema das realidades de uma consulta médica sublinha a complexa rede de abuso que ocorre quando a autoridade médica se entrelaça com a exploração sexual. É alarmante notar que o contexto religioso deu a ele uma cobertura significativa. Dentro de uma cultura que muitas vezes desencoraja a discussão aberta sobre sexualidade e consentimento, a confissão de vítimas se torna um ato ainda mais corajoso.
Muitos dos comentários gerados em relação ao caso também aparecem e refletem uma crítica mais ampla à cultura dentro da Igreja Mórmon, onde as mulheres podem se sentir particularmente vulneráveis. Uma tradicional ênfase na obediência e subserviência pode criar um ambiente onde o abuso pode florescer. Este fenômeno não é isolado, e há um histórico de relatos sobre líderes religiosos utilizando suas posições para cometer abusos. Este caso de Farley levanta questões importantes sobre como as comunidades religiosas lidam com alegações de abuso e a necessidade de estruturas que garantam que as vozes das vítimas sejam ouvidas e respeitadas.
O impacto dessas alegações se estende além das vítimas individuais. Elas provocam um exame crítico da maneira como instituições religiosas e médicas respondem ao abuso. A negligência inicial por parte do sistema legal em investigar essas alegações suscita preocupações sobre a proteção que líderes carismáticos e respeitados recebem. Existe uma clara necessidade de reformulação nas práticas que asseguram transparência e responsabilidade em todas as esferas, especialmente em comunidades onde a confiança é um elemento vital da fé e da prática médica.
À medida que o caso avança, as vozes que clamam por justiça se tornam mais fortes. A sociedade deve abraçar uma postura de escuta, apoio e responsabilização. Mais do que uma simples investigação criminal, este é um chamado à reflexão e à ação dentro da Igreja Mórmon e nas comunidades em geral. Agora, mais do que nunca, é vital que as vozes das mulheres e as histórias delas sejam ouvidas e respeitadas dentro de um sistema que historicamente falhou em proteger os vulneráveis.
Este caso é, portanto, um reflexo não apenas da brutalidade de um ato isolado, mas de uma interseção de poder, fé e vulnerabilidade que pode e deve ser contestada. A luta por justiça é uma luta coletiva, e a responsabilização não pode ser apenas um objetivo, mas uma exigência dentro de qualquer sistema que aspire a ser justo e equitativo.
Fontes: The Oregonian, Clackamas Times
Detalhes
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Igreja Mórmon, é uma denominação cristã que se originou nos Estados Unidos no século XIX. Fundada por Joseph Smith, a igreja enfatiza a revelação contínua e a importância das escrituras, incluindo o Livro de Mórmon. Com milhões de membros em todo o mundo, a igreja tem uma estrutura organizacional robusta e é conhecida por suas práticas de serviço comunitário e ênfase na família. No entanto, a igreja também enfrenta críticas, especialmente em relação a questões de gênero e sexualidade, que podem criar um ambiente onde abusos podem ocorrer sem a devida supervisão.
Resumo
Em West Linn, Oregon, o Dr. John Farley, um médico de família respeitado e líder na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, enfrenta acusações de abuso sexual de várias pacientes. As alegações começaram a surgir em 2022 e culminaram em uma ação civil que levou a uma investigação criminal pelo procurador-geral do estado. As vítimas relataram que Farley usou sua posição de autoridade para explorar sua vulnerabilidade, e muitas se sentiram protegidas pelo prestígio que ele tinha na comunidade religiosa, o que dificultou que falassem sobre suas experiências. Após pressão pública, o caso foi encaminhado ao procurador-geral, que está revisando as alegações. O advogado das vítimas criticou a resposta inicial do sistema legal, que ignorou as queixas. O caso destaca a necessidade de uma reflexão crítica sobre como as instituições religiosas e médicas lidam com alegações de abuso e a importância de garantir que as vozes das vítimas sejam ouvidas e respeitadas. A luta por justiça transcende o caso específico, refletindo uma necessidade mais ampla de responsabilização em comunidades onde a confiança é fundamental.
Notícias relacionadas