Larian Studios discute uso de IA generativa em desenvolvimento de jogos

Larian Studios, liderada pelo CEO Swen Vincke, anuncia AMA sobre o uso polêmico de IA generativa em seu processo criativo, suscitando fervorosas reações na comunidade gamer.

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24/12/2025, 14:31

Autor: Felipe Rocha

Uma sala de desenvolvimento de jogos iluminada por monitores que exibem artes conceituais de IA, com um grupo diversificado de desenvolvedores discutindo e analisando as ideias geradas, enquanto a tensão e a criatividade pairam no ar, refletindo a dualidade entre inovação e tradição no desenvolvimento de jogos.

No último dia 30 de outubro de 2023, Larian Studios, a companheira por trás da aclamada série de jogos Divinity, fez headlines ao anunciar que seu CEO, Swen Vincke, estaria realizando um “Ask Me Anything” (AMA) onde responderia a perguntas sobre o uso de inteligência artificial (IA) generativa no desenvolvimento de seus jogos. Essa notícia chega em um momento em que a comunidade gamer está dividida em relação ao potencial impacto da IA na indústria, suscitando tanto preocupações quanto otimismo.

A controvérsia teve início com afirmações de Vincke de que a Larian Studios utilizou IA generativa “para explorar ideias”, o que deixou muitos perguntar se essa abordagem poderia comprometer a qualidade e a originalidade dos jogos. Em um cenário onde o desenvolvimento de jogos pode levar décadas e custar milhões, a ideia de que a IA poderia sofrer uma mudança no processo criativo gerou inquietação. Comentários de jogadores e desenvolvedores refletem essa divisão; alguns enfatizam que, desde que a qualidade do produto final permaneça alta, não haveria problemas em usar IA. Outros, no entanto, temem que essa tecnologia possa transformar a indústria em um terreno fértil para a mediocridade.

Um dos pontos mais debatidos é como o uso da IA generativa pode impactar a criação de arte conceitual, um componente essencial na indústria dos jogos. A arte não é apenas sobre estética, mas também sobre contar histórias e transmitir emoções. A utilização de IA para gerar artworks preliminares levanta a questão sobre o quanto da autenticidade do processo criativo será perdido. A afirmação de que as imagens geradas por IA poderiam tornar os jogos mais genéricos e sem espírito ressoou entre vários comentários na comunidade, que argumentam que a dependência excessiva de ferramentas automatizadas pode homogenizar as experiências de jogo ao invés de enriquecer.

Ainda assim, outros defensores argumentam que integrar IA em algumas fases do desenvolvimento pode liberar os criadores para se concentrarem em aspectos mais complexos do design e da narrativa. É visto como uma oportunidade de otimizar tarefas rotineiras, como o design de protótipos, enquanto se mantém a essência da criatividade humana. Essa visão positiva contrasta com a percepção de que o uso de IA representa uma ameaça direta ao emprego de artistas e desenvolvedores de jogos.

A inquietação em torno do uso de IA vai além da arte conceptual. Questões éticas também foram levantadas sobre o treinamento de algoritmos de IA em dados que, supostamente, poderiam incluir obras de artistas sem seu consentimento. Essa dúvida sobre a propriedade intelectual permeia a discussão, criando um ambiente de desconfiança. Comunidades de artistas têm se manifestado contra o uso descontrolado de IA, temendo que isso possa resultar em um desrespeito generalizado ao trabalho criativo original, causando um declínio na qualidade da arte e do design dos jogos.

A reação da comunidade de gamers ao anúncio do AMA de Vincke tem sido mista. Embora alguns vejam a iniciativa como uma oportunidade para dispelhar dúvidas e aumentar a transparência, outros acreditam que é um esforço fútil que só pode acabar em polarização. Em um momento onde cada detalhe pode ser amplificado por organizações de mídia e grupos de discussão online, a pressão sobre Vincke e a Larian para fornecer uma defesa convincente de suas práticas de desenvolvimento parece imensa.

Ademais, a Larian Studios já tem uma reputação estabelecida no setor, conhecida por seu compromisso com a qualidade e o lançamento de conteúdo gratuito adicional para seus jogos já lançados. Em contrapartida, a comparação com empresas que têm um histórico de exploração e monetização excessiva também gerou reações de alívio, com alguns defensores argumentando que os fãs dos jogos da Larian têm motivos para confiar na empresa para navegar essa nova fase de inovação tecnológica.

É inegável que a IA já é uma parte integrante da vida cotidiana, e muitos argumentam que o progresso na indústria dos jogos não pode ignorar essa realidade. Porém, à medida que novas ferramentas se tornam disponíveis, a questão permanece: até que ponto os desenvolvedores de jogos podem e devem usar essas tecnologias sem comprometer os valores e os processos que tornam os jogos uma forma de arte singular?

À medida que o AMA de Vincke se aproxima, a expectativa cresce sobre quais esclarecimentos ele pode trazer e se conseguirá superar as críticas que já se acumulam. O prospecto de ver uma das principais vozes da indústria discutindo abertamente a influência da IA no desenvolvimento pode abrir o caminho para uma nova era, mas também pode aprofundar o cisma existente caso as preocupações não sejam tratadas com a devida seriedade. A evolução da tecnologia de jogos e IA levanta questões que podem redefinir a relação entre criadores, jogadores e as ferramentas que usam. O tempo dirá se a Larian Studios conseguirá equilibrar inovação e integridade artística à medida que avança neste novo terreno.

Fontes: Jornal do Brasil, TechCrunch, IGN, PC Gamer, Kotaku

Detalhes

Larian Studios

Fundada em 1996, a Larian Studios é uma desenvolvedora de jogos belga famosa pela série Divinity, incluindo "Divinity: Original Sin" e "Divinity: Original Sin II". A empresa é conhecida por sua abordagem focada na qualidade, narrativa envolvente e pela inclusão de conteúdo adicional gratuito em seus jogos, conquistando uma base de fãs leal e respeitada na indústria de jogos.

Resumo

No dia 30 de outubro de 2023, Larian Studios, conhecida pela série de jogos Divinity, anunciou que seu CEO, Swen Vincke, participará de um "Ask Me Anything" (AMA) para discutir o uso de inteligência artificial (IA) generativa no desenvolvimento de jogos. A notícia gerou um debate na comunidade gamer, dividida entre preocupações sobre a qualidade e originalidade dos jogos e o otimismo quanto ao potencial da IA para otimizar processos criativos. Vincke mencionou que a IA foi utilizada para explorar ideias, mas muitos temem que isso possa comprometer a autenticidade e a narrativa dos jogos. Questões éticas também surgiram, especialmente sobre o uso de dados de artistas sem consentimento. Enquanto alguns veem o AMA como uma oportunidade de transparência, outros acreditam que pode aumentar a polarização. A Larian Studios é reconhecida por seu compromisso com a qualidade e conteúdo adicional gratuito, o que gera confiança em sua capacidade de navegar essa nova fase tecnológica. O AMA de Vincke pode ser um marco na discussão sobre a relação entre criatividade humana e tecnologia na indústria de jogos.

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