17/12/2025, 12:21
Autor: Ricardo Vasconcelos

A recente decisão da Kabum, loja de e-commerce brasileira conhecida por sua ampla oferta de eletrônicos e produtos para tecnologia, de implementar uma política de reconhecimento facial para autenticação de usuários na criação de contas gerou um clima de controvérsia entre consumidores e profissionais do setor. O movimento surge em resposta à crescente preocupação com fraudes online e à necessidade das lojas virtuais de protegerem tanto seus usuários quanto seus próprios interesses.
Conforme noticiado, a Kabum solicita que novos usuários gravem um vídeo de seu rosto, seguindo várias diretrizes que garantem que o rosto esteja visível e não recoberto, com o intuito de usar essa gravação como um método de validação de identidade. Essa abordagem, embora coloque a segurança como prioridade, causa descontentamento em muitos que consideram ser uma invasão de privacidade e um obstáculo desnecessário para transações que, historicamente, foram realizadas com muito mais simplicidade.
As reações foram variadas, como demonstram diversos comentários que destacam tanto a frustração com o procedimento quanto a compreensão da necessidade de proteger o e-commerce. Um usuário ressaltou a desconexão entre a fragilidade de alguns sistemas de segurança existentes e a implementação de medidas tão drásticas. “É um passo a mais para realizar uma compra, algo que poderia ser simples... eu desisto, vou pra outro site sem esse tipo de palhaçada”, destacou uma das manifestações.
A medida tomada pela Kabum se insere em um contexto de mecanismos mais abrangentes que lojas virtuais e plataformas de e-commerce têm utilizado para mitigar fraudes. O Mercado Livre, por exemplo, adotou há anos estratégias de segurança semelhantes, demonstrando que o reconhecimento de identidade tem se tornado uma prática comum no setor, especialmente em um cenário onde fraudes são mais frequentes. Um comentarista explicou que muitos e-commerces estão “tentando colocar mecanismos pra dar mais segurança” e perceberam a necessidade de validações rigorosas, especialmente quando se lida com informações financeiras.
Embora muitos entendam a lógica por trás das novas medidas, um certo ceticismo persiste. “Federalizar a sua imagem para uma compra na internet é surreal”, opinou outro usuário, trazendo à tona questões sobre a segurança desses dados e como eles podem ser armazenados, gerados ou mal utilizados. Essa percepção ressalta os riscos envolvidos e os pontos que levam os consumidores a se sentirem inseguros em relação a temas como privacidade.
Na verdade, a necessidade de segurança em transações online é inequívoca, principalmente num mercado que parece estar sempre em alerta. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas aplicadas (IPEA) mostram que as fraudes no comércio eletrônico aumentaram consideravelmente nos últimos anos, evidenciando uma camada complexa de desafios enfrentados por vendedores e compradores. “O e-commerce é um poço de fraudes e pilantras,” comentou um membro da discussão, trazendo à luz a realidade de comerciantes que diariamente lidam com problemas decorrentes de devoluções indevidas e alegações de entregas não realizadas.
Uma das razões apresentadas para as mudanças em políticas de segurança do e-commerce está relacionada aos constantes avanços tecnológicos e à necessidade de adaptação. A legislação também tem pressionado plataformas a garantir mais proteção tanto para consumidores quanto para lojistas. O mercado de tecnologia e os hábitos de consumo estão interligados em um ciclo de adaptação às ameaças digitais presentes. De acordo com especialistas, não adotar tais medidas pode levar a sérias consequências financeiras, fazendo com que as lojas enfrentem perdas em decorrência de fraudes.
Enquanto isso, alternativas como pagamento via PIX têm apresentado seus próprios dilemas, com crescente incidência de estornos indevidos que comprometem tanto comerciantes quanto consumidores. A situação sugere que a segurança no comércio online requer constante vigilância e inovação, reforçando a necessidade de soluções eficazes que não apenas possam proteger as transações financeiras mas também respeitar a privacidade dos usuários.
Neste cenário, a tendência é que cada vez mais plataformas de e-commerce implemente estratégias semelhantes às da Kabum, aumentando a pressão sobre os consumidores. A resposta da população frente a essas inovações será crucial para definir o futuro do paradigma de compras online, onde uma balança delicada entre segurança e privacidade deverá ser mantida. Os consumidores terão de decidir se aceitarão essas novas regulamentações ou buscarão alternativas que mantenham a experiência de compra prática, sem sacrificar suas informações pessoais em prol de uma segurança que pode não se provar eficaz a longo prazo. Em última análise, o dilema entre a segurança e a privacidade se torna um tema de grande relevância no ano de 2023, onde a digitalização dos processos de compra tem sido acelerada por alterações rápidas no comportamento do consumidor.
Fontes: UOL, Exame, Tecnoblog, G1
Detalhes
A Kabum é uma das principais lojas de e-commerce do Brasil, especializada na venda de eletrônicos e produtos de tecnologia. Fundada em 2009, a empresa se destacou por oferecer uma ampla variedade de produtos, desde componentes de informática até gadgets e acessórios. Com um forte foco em inovação e atendimento ao cliente, a Kabum se tornou uma referência no setor de tecnologia no país, atraindo tanto consumidores individuais quanto empresas.
Resumo
A Kabum, loja de e-commerce brasileira, gerou controvérsia ao implementar uma política de reconhecimento facial para autenticação de novos usuários na criação de contas. A medida visa combater fraudes online, mas muitos consumidores consideram a prática uma invasão de privacidade e um obstáculo desnecessário. A política exige que novos usuários gravem um vídeo de seus rostos, o que gerou reações mistas, com alguns usuários expressando frustração e outros reconhecendo a necessidade de segurança. A prática de validação de identidade tem se tornado comum no setor, com empresas como o Mercado Livre adotando estratégias semelhantes. Apesar da lógica por trás das medidas, o ceticismo persiste, especialmente em relação à segurança dos dados pessoais. A crescente incidência de fraudes no comércio eletrônico, conforme dados do IPEA, destaca a complexidade dos desafios enfrentados por consumidores e vendedores. A situação sugere que a segurança no e-commerce requer inovação constante, equilibrando a proteção das transações financeiras e o respeito à privacidade dos usuários. O futuro das compras online dependerá da aceitação dos consumidores em relação a essas novas regulamentações.
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