16/10/2025, 12:39
Autor: Felipe Rocha
O cenário gastronômico da América Latina está em constante evolução, e algumas iguarias espanholas estão ganhando cada vez mais destaque na mesa dos latinos. O jamón ibérico, em particular, desponta como um produto de luxo e qualidade superior, atraindo tanto gourmets quanto conhecedores de carnes curadas. Embora sua popularidade esteja em crescimento, os desafios relacionados ao custo e à implementação nas práticas culinárias do dia a dia ainda apresentam barreiras significativas.
O jamón é uma tradição da Espanha, normalmente dividido entre o jamón ibérico e o jamón serrano. O primeiro se destaca pela alimentação dos porcos com bolotas, permitindo que a carne desenvolva um sabor complexo e uma textura inigualável. Já o jamón serrano, considerado mais acessível, é geralmente produzido a partir de porcos de outras raças. Com o aumento da demanda por produtos de alta qualidade, essas delícias espanholas estão se tornando cada vez mais populares entre os amantes da boa comida na América Latina.
Entretanto, a popularidade do jamón ibérico ainda não se traduz em um consumo cotidiano. Na Argentina, por exemplo, embora o país tenha uma forte cultura de frios e carnes curadas, o jamón ibérico é considerado uma iguaria de nicho. Consumidores, em sua maior parte, optam por presuntos cozidos como a opção mais comum. O jamón, por sua vez, é mais frequentemente associado a ocasiões especiais ou a uma experiência gourmet.
Na regra geral da cultura alimentar latino-americana, produtos como a mortadela e o salame seguem como os mais consumidos. A carne de boi, tradicionalmente a estrela da culinária local, ainda desempenha um papel central nas mesas cotidianas, mas o apelo do jamón se reflete em eventos de alta gastronomia e nas prateleiras dos supermercados. Várias marcas locais tentam adaptar as iguarias ibéricas à realidade do paladar e economia dos latino-americanos, mas o preço elevado continua a ser um impeditivo. Jamón ibérico é frequentemente vendido em porções reduzidas ou em mesas de frios, dispostas para celebrar momentos especiais.
Embora o jamón ibérico e serrano estejam disponíveis em diversos supermercados, sua presença ainda não é massiva. Seu custo elevado faz com que muitos considerem a iguaria um item de luxo. Segundo alguns relatos coletados, a maioria dos consumidores se mostra consciente da qualidade do produto, mas a procura continua distante do que seria considerado um padrão comum. Em países da América Central, como o Panamá, a carne de porco e o jamón estão ao lado de produtos mais populares, como a mortadela ou até mesmo presunto de York, que é encontrado com facilidade em qualquer estabelecimento.
Recentemente, algumas marcas locais têm se esforçado para criar suas próprias versões do jamón, buscando recuperar e aprimorar a tradição da cura de carnes na região. Na Argentina, por exemplo, algumas pequenas produtoras estão alimentando porcos com bolotas para experimentar um sabor mais próximo ao da Espanha. Contudo, essa prática ainda é vista como um nicho caro, disponível apenas para consumidores de classe média ou alta.
Em países como o Chile, o jamón é encontrado em grandes supermercados, embora não se encaixe entre os produtos tradicionais. Apesar de oferecer opções a preços variados, o jamón espanhol não é algo comum na culinária local, mas conta com uma presença respeitável. O mesmo se aplica a países como o México, onde o jamón e presuntos similares são acomodados dentro de um mercado alimentício diversificado que ainda prioriza cortes de carne bovina e suína.
Além do apelo gustativo, o jamón ibérico também tornou-se um símbolo de prestígio e sofisticação na gastronomia latino-americana. A apresentação do produto em tábuas de frios, muitas vezes acompanhadas de queijos artesanais e vinhos, usa o jamón para exibir não apenas um requinte gastronômico, mas também uma fusão cultural, onde a tradição espanhola encontra a adaptação latino-americana.
A ascensão do jamón ibérico evidência uma mudança nas preferências alimentares da região, que busca se abrir à novas opções gastronômicas, ainda que o percurso seja vagaroso. Este movimento, alimentado pelos setores de alimentação e turismo, pode espelhar um crescimento contínuo de consumidores à procura de experiências diferenciadas e sabores autênticos. Portanto, enquanto o jamón ibérico e serrano continuam a lutar pelo seu espaço à mesa dos latino-americanos, sua presença gradual, embora não massiva, sugere que o apetite por novas experiências gastronômicas poderá abrir novos caminhos para a cultura culinária na América Latina nos próximos anos.
Fontes: Folha de São Paulo, Jornal do Comércio, El País, Revista Veja
Resumo
O cenário gastronômico da América Latina está em transformação, com iguarias espanholas, especialmente o jamón ibérico, ganhando destaque. Este produto de luxo, conhecido por seu sabor complexo, é atraente para gourmets, mas enfrenta desafios de custo e aceitação no cotidiano. O jamón ibérico, feito de porcos alimentados com bolotas, contrasta com o jamón serrano, mais acessível e produzido de outras raças. Apesar do aumento na demanda, o jamón ibérico é visto como uma iguaria de nicho na Argentina, onde presuntos cozidos são mais comuns. Embora presente em supermercados, seu alto custo o torna um item de luxo. Algumas marcas locais tentam adaptar o jamón à realidade latino-americana, mas a prática ainda é restrita a consumidores de classe média ou alta. O jamón, símbolo de prestígio, é frequentemente associado a experiências gastronômicas especiais. A ascensão do jamón ibérico reflete uma mudança nas preferências alimentares da região, sugerindo um futuro promissor para novas experiências culinárias.
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