10/09/2025, 10:06
Autor: Ricardo Vasconcelos
O recente anúncio de demissões em massa no Itaú tem gerado uma onda de discussões sobre o verdadeiro motivo por trás da decisão. Em comunicado, o banco revelou que a medida foi tomada em função do baixo desempenho de um grupo de funcionários, mas isso levantou questões e desconfianças entre os colaboradores e especialistas do setor. De acordo com relatos de colaboradores, existem indícios de que as demissões estão mais ligadas a uma reformulação estratégica do banco, buscando reduzir custos e readequar a estrutura organizacional, do que a meras questões de desempenho.
Um dos principais pontos levantados por quem acompanha de perto o banco é a mencionada “ferramenta de monitoramento” que, segundo algumas fontes internas, nunca foi apresentada de forma apropriada aos colaboradores. Eles acreditam que essa ferramenta nem sempre funcionou como deveria e que foi utilizada para justificar as demissões de forma inadequada. Em verdade, a alta gestão parece ter ignorado os desempenhos reais observados nas equipes da baixa gestão, onde muitos funcionários haviam recebido feedbacks positivos e prêmios de performance pouco antes das demissões.
A falta de clareza em relação aos critérios de avaliação de desempenho é um fator recorrente nas reclamações. Em reuniões, muitos gerentes indicaram que as demissões não foram determinadas pela performance e que as decisões foram abruptas e sem precedentes. Para os colaboradores da baixa gestão, que lidam diretamente com as operações do dia a dia, a percepção é de que a alta gestão estava sob pressão e tomou decisões rápidas para atender expectativas superiores, refletindo não apenas uma crise interna, mas também um retrato de uma indústria em transformação em tempos difíceis.
Uma das teorias que surgiu dentre os colaboradores é que as demissões visam não apenas reduzir custos, mas também adequar a estrutura de funcionários às novas demandas do mercado. Existe uma especulação de que a instituição planeja contratar novos colaboradores a salários mais baixos e com menos benefícios, o que exemplifica as manobras recorrentes no mercado de trabalho, especialmente em tempos de crise financeira. Essa estratégia pode ser vista como uma tentativa de inflar a demanda por novas vagas, remodelando salários e condições de trabalho de acordo com o que se observa como tendência no setor.
Outros pontos levantados pelos colaboradores afetam diretamente a qualidade de vida dos funcionários. Há uma crescente reclamação sobre o aumento da carga horária e mudanças nos planos de saúde, que passaram de familiares para individuais, além de alterações nas condições de trabalho que podem reduzir a insatisfação coletiva. Essa questão é especialmente relevante em um cenário onde muitos iniciaram suas jornadas profissionais em busca de um ambiente estável e que priorizasse o bem-estar dos empregados.
É importante considerar, também, a pressão externa que as instituições financeiras enfrentam, especialmente o Itaú, que reportou margens de lucro mais apertadas. Especialistas destacam que, devido às dificuldades financeiras, a instituição pode não ter alternativa senão demitir um grande número de funcionários para equilibrar suas contas. Contudo, a questão que permanece é como essa decisão é comunicada e a falta de transparência associada ao processo.
O descontentamento entre os colaboradores também levanta um ponto crucial: a desconexão entre a alta e a baixa gestão das empresas. Muitas vezes, as grandes decisões são tomadas sem consulta ao pessoal que realmente conhece a operação e as necessidades do dia a dia. Assim, a presença do medo e da insegurança podem gerar um ambiente tóxico, onde os funcionários já não se sentem valorizados. A sensação é que suas vozes não são ouvidas, mesmo quando apresentam dados e feedbacks que sustentam o desempenho e a importância de suas funções para o sucesso organizacional.
Frente a essa realidade, analistas convidam à reflexão sobre o verdadeiro valor dos vínculos estabelecidos entre as diferentes camadas de gestão dentro das empresas, especialmente em um mercado de trabalho que exige adaptação constante. As demissões no Itaú não representam apenas a perda de um emprego para milhares de pessoas, mas são um sinal de como a gestão contemporânea deve buscar um equilíbrio entre eficiência, transparência e valorização humana. Será que essa mudança de mentalidade poderá evitar mais crises no futuro ou estaremos apenas assistindo a um ciclo que se repetirá inevitavelmente? A resposta a essa pergunta poderá ter um impacto significativo tanto no banco quanto em toda a dinâmica do mercado de trabalho.
Fontes: Folha de São Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico
Detalhes
O Itaú Unibanco é um dos maiores bancos do Brasil e da América Latina, resultado da fusão entre o Itaú e o Unibanco em 2008. Com uma vasta gama de serviços financeiros, o banco atua em áreas como varejo, atacado, e gestão de ativos. O Itaú é conhecido por sua forte presença no mercado e por iniciativas de responsabilidade social, além de ser listado na bolsa de valores brasileira, a B3.
Resumo
O recente anúncio de demissões em massa no Itaú gerou debates sobre suas verdadeiras motivações. O banco alegou que a decisão foi baseada no baixo desempenho de um grupo de funcionários, mas muitos colaboradores e especialistas acreditam que a medida está ligada a uma reformulação estratégica para reduzir custos. Relatos internos indicam que uma "ferramenta de monitoramento" foi utilizada inadequadamente para justificar as demissões, desconsiderando feedbacks positivos recebidos por muitos funcionários. A falta de clareza nos critérios de avaliação de desempenho e a pressão da alta gestão para atender expectativas externas são pontos de preocupação. Além disso, especula-se que o Itaú planeja contratar novos colaboradores com salários mais baixos, refletindo uma tendência de mercado em tempos de crise. O descontentamento entre os funcionários destaca a desconexão entre as diferentes camadas de gestão e a importância de um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar dos empregados. Especialistas alertam que as demissões no Itaú são um sinal de que a gestão precisa equilibrar eficiência e valorização humana para evitar futuras crises.
Notícias relacionadas