Israel suspende ajuda humanitária e exclui Médicos Sem Fronteiras de Gaza

Israel anunciou a suspensão de várias organizações humanitárias, incluindo Médicos Sem Fronteiras, alegando necessidade de novas normas. A medida gera preocupação quanto às consequências para a população civil em Gaza.

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30/12/2025, 23:30

Autor: Felipe Rocha

Uma cena impactante da Faixa de Gaza, mostrando filas longas de palestinos em busca de ajuda humanitária sob tendas improvisadas, com gestos de desespero e esperança. A imagem captura rostos de mulheres e crianças, simbolizando a luta diária pela sobrevivência em meio a um contexto de escassez de alimentos e insegurança.

Em uma decisão controversa que levanta sérias preocupações sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza, Israel anunciou que suspenderá a atuação de mais de duas dúzias de organizações humanitárias, incluindo a reconhecida Médicos Sem Fronteiras (MSF). A justificativa apresentada pelo governo israelense refere-se a novas regras de registro, que exigem que as entidades humanitárias forneçam informações detalhadas sobre seus funcionários, operações e financiamento. Segundo a declaração do Ministério de Assuntos da Diáspora de Israel, aproximadamente 15% das organizações em Gaza não cumpriram essas novas exigências.

As regulatórias especificam que grupos que expressarem apoio a boicotes contra Israel, negarem a natureza do ataque de 7 de outubro, ou que se manifestarem a favor de processos judiciais internacionais contra líderes israelenses, serão desqualificados. Esta abordagem tem sido amplamente criticada por especialistas em direitos humanos, que a consideram uma violação dos princípios humanitários, particularmente os que garantem a neutralidade e a independência das operações de ajuda.

Desde o início do conflito, Médicos Sem Fronteiras tem desempenhado um papel crucial no atendimento à população de Gaza, que agora enfrenta uma grave crise humanitária. A organização, que responde por cerca de 20% dos leitos hospitalares na região e um terço dos nascimentos, expressou que a decisão de Israel pode ter um impacto catastrófico em seu trabalho. MSF negou as alegações de Israel de que alguns de seus trabalhadores estão afiliados ao Hamas ou à Jihad Islâmica, recusando-se a comprometer sua missão humanitária sob pressão política.

A diretora executiva da AIDA, Athena Rayburn, afirmou que a recusa de dialogar com as organizações humanitárias sobre estas novas regulamentações levanta preocupações sérias sobre o aumento da opressão e a possibilidade de se tornar Gaza em um "campo de concentração" a longo prazo. Rayburn menciona ainda que as estatísticas revelam que mais de 500 trabalhadores humanitários perderam a vida em Gaza ao longo do conflito, evidenciando os riscos que esses profissionais enfrentam ao tentar ajudar a população em necessidade.

Além disso, as novas regras têm sido vistas como um esforço de Israel para limitar a ajuda às vítimas civis, alegando que o Hamas se infiltra nas organizações de ajuda. Entretanto, esses mesmos grupos argumentam que as restrições arbitrárias não apenas dificultam seu trabalho, mas também agravam a situação de uma população civil que já sofre as consequências de um cerco prolongado que limitou a entrada de alimentos e suprimentos médicos.

A gravidade da situação em Gaza se reflete nas filas imensas de pessoas que, desesperadas, aguardam por refeições sob tendas congestionadas. Muitas mulheres e crianças dependem de cozinhas de caridade para sobreviver, enquanto a insegurança alimentar se torna uma realidade cada vez mais alarmante em meio ao cerco contínuo. As constantes alegações de Israel de que o Hamas desvia suprimentos de ajuda não foram corroboradas por investigações de organizações internacionais, que continuam a demandar acesso sem restrições para ajuda humanitária em Gaza.

Profissionais da saúde, além de trabalhadores humanitários, também têm sido alvo de violência, com muitos reportados como mortos durante a guerra. Tal ambiente hostil prejudica não apenas as operações de ajuda, mas também as vidas das pessoas que necessitam desesperadamente de cuidados médicos. Em face dessas dificuldades, a comunidade internacional observa com preocupação, aguardando uma resposta que possa mitigar o sofrimento da população civil.

A atitude de Israel de restringir a ajuda humanitária, enquanto a situação em Gaza se deteriora, levanta questões sobre os direitos humanos e a legalidade das ações do estado em tempos de conflito. O clamor por justiça e apoio às vítimas civis permanece presente, à medida que o mundo observa a crise se desdobrar, enquanto vozes ao redor do globo pedem uma reflexão crítica sobre a situação em Gaza e o papel das potências mundiais no sentido de garantir a proteção da população vulnerável em situações de conflito armado.

Fontes: O Globo, Folha de São Paulo, The Guardian

Detalhes

Médicos Sem Fronteiras

Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional fundada em 1971, que oferece assistência médica a populações em situações de crise, como conflitos armados, epidemias e desastres naturais. A MSF é conhecida por seu compromisso com a neutralidade e a independência, fornecendo cuidados de saúde sem discriminação. A organização opera em mais de 70 países, atendendo milhões de pessoas anualmente e respondendo a emergências humanitárias com equipes de profissionais de saúde e voluntários.

Resumo

Em uma decisão polêmica, Israel anunciou a suspensão das atividades de mais de 20 organizações humanitárias na Faixa de Gaza, incluindo a Médicos Sem Fronteiras (MSF). O governo israelense justificou a medida com novas regras de registro que exigem informações detalhadas sobre funcionários e operações, alegando que cerca de 15% das organizações não cumpriram as exigências. As novas regulamentações desqualificam grupos que apoiam boicotes a Israel ou que negam a natureza do ataque de 7 de outubro. Especialistas em direitos humanos criticam a decisão, considerando-a uma violação dos princípios humanitários. A MSF, que tem um papel vital na assistência à população de Gaza, expressou que a decisão pode ter consequências desastrosas. A diretora da AIDA, Athena Rayburn, alertou sobre o aumento da opressão e a possibilidade de Gaza se tornar um "campo de concentração". As novas regras são vistas como uma tentativa de Israel de limitar a ajuda às vítimas civis, enquanto a insegurança alimentar e a violência contra trabalhadores humanitários aumentam na região. A comunidade internacional observa com preocupação a deterioração da situação em Gaza.

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