22/12/2025, 12:31
Autor: Ricardo Vasconcelos

Nos últimos meses, um questionamento significativo se espalha entre investidores: estaria a era das ações "sempre ganham" chegando ao fim? Com a volatilidade e desvalorização constantes das moedas fiduciárias, cada vez mais investidores estão olhando para ativos tangíveis como ouro e prata, que tradicionalmente têm sido considerados como refúgios seguros em tempos de crise. O preço do ouro, por exemplo, disparou nos últimos dez anos, passando de cerca de US$ 1.000 por onça para mais de US$ 4.400, uma valorização notável de 350%. A prata, por sua vez, também experimentou crescimento expressivo, aumentando aproximadamente 340% no mesmo período.
Vários comentaristas no espaço financeiro têm compartilhado suas experiências pessoais, destacando que, enquanto muitos apostaram em ações de grandes empresas e obtiveram retornos substanciais, os investimentos em metais preciosos também têm se mostrado lucrativos, especialmente para aqueles que decidiram diversificar seus portfólios. Um investidor relatou que, apesar de não ter alcançado os mesmos retornos que investidores em ações como Nvidia ou Tesla, conseguiu um retorno acima de 300% em ativos relacionados ao ouro, incluindo mineradoras e ETFs.
A discussão em torno da diminuição do apelo das ações é respaldada por um contexto econômico mais amplo, onde as políticas monetárias expansionistas dos Estados Unidos têm gerado uma certa desconfiança entre os investidores. O argumento de que o sistema capitalista baseado em dívidas torna as ações uma aposta arriscada está ganhando força, uma vez que os especialistas alertam para a possibilidade de uma depressão se o governo não interromper a impressão de dinheiro.
Por outro lado, a acumulação de metais preciosos, como o ouro, plistina e prata, parece ter capturado a atenção de muitos investidores. Um comentarista afirmou que começou a acumular ouro em papel em 2023 e planeja diversificar seu portfólio também com prata e platina. Essa mudança de estratégia é vista por muitos como uma proteção contra o colapso da moeda fiduciária, indicando a sinalização de um cenário de inflação ou incerteza econômica prolongada.
A maioria dos especialistas é cautelosa. A liquidez extrema do mercado, aliada ao avanço da tecnologia e à globalização crescente, tem desafiado a lógica tradicional de investimentos. Nos últimos anos, o acesso à negociação de ações tornou-se extremamente fácil, o que gerou um ambiente onde os preços das ações estão cada vez mais desconectados de seus fundamentos econômicos. Um comentarista destacou que o comportamento especulativo atual nas bolsas cria um ecossistema onde o valor dos ativos financeiros pode ser amplamente distorcido.
Dentro desse contexto, os metais preciosos emergem como uma alternativa viável. São frequentemente vistos como ativos que preservam valor durante crises ou incertezas econômicas. A visão de que "as ações sempre vão subir" tem sido colocada em xeque, fazendo com que os investidores reavaliem suas estratégias. Muitas vezes, a resposta pode residir na diversificação, na qual tanto ações como metais preciosos têm seu espaço.
Entretanto, outros alertam que ficar muito focado em tendências de curto prazo pode ser traiçoeiro. Um investidor argumentou que a mudança nas estratégias de longo prazo de acordo com as oscilações do mercado pode levar a decisões impulsivas e prejudiciais. Para muitos, a solução é uma abordagem equilibrada, onde a mudança do portfólio não resulta em um abandono de ações, mas sim na adição estratégica de ativos estáveis, como ouro e prata.
A volatilidade contínua nos mercados pode ser indicativa das repercussões globais, incluindo tensões geopolíticas entre grandes potências, que podem impactar os preços tanto de ações quanto de metais. À medida que novas guerras e conflitos emergem, muitos investidores veem os metais preciosos não apenas como uma proteção contra a inflação, mas também como uma salvaguarda contra crises de segurança.
Assim, enquanto a era das ações pode parecer desafiadora e levada à dúvida, o movimento em direção a metais preciosos reflete um convite à reflexão sobre a composição de portfólios de investimento. O que está claro é que, enquanto a incerteza econômica persiste, a curiosidade e a necessidade de diversificação provavelmente permanecerão como um tema central entre os investidores. A adaptação às novas realidades financeiras poderá ser a chave para a estabilidade e prosperidade no futuro imediato.
Fontes: The Wall Street Journal, Financial Times, Investopedia
Resumo
Nos últimos meses, investidores têm questionado se a era das ações "sempre ganham" está chegando ao fim, diante da volatilidade das moedas fiduciárias. Muitos estão voltando sua atenção para ativos tangíveis, como ouro e prata, que historicamente são considerados refúgios seguros. O preço do ouro aumentou de cerca de US$ 1.000 para mais de US$ 4.400 por onça nos últimos dez anos, enquanto a prata também teve um crescimento significativo. Comentários de investidores indicam que, apesar de não alcançarem os mesmos retornos que ações de grandes empresas, como Nvidia ou Tesla, muitos tiveram sucesso com investimentos em metais preciosos. A desconfiança em relação às políticas monetárias dos EUA e a possibilidade de uma depressão econômica estão levando a uma reavaliação das estratégias de investimento. Especialistas alertam sobre a liquidez do mercado e o comportamento especulativo, sugerindo que a diversificação entre ações e metais preciosos pode ser uma abordagem mais equilibrada. A volatilidade nos mercados, impulsionada por tensões geopolíticas, reforça a importância dos metais preciosos como proteção contra crises econômicas e de segurança.
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