Intérpretes em atendimentos médicos são evitados por pacientes que falam pouco inglês

Pacientes imigrantes evitam intérpretes em hospitais por medo da privacidade e desejo de se comunicarem sozinhos. Profissionais de saúde se preocupam com a compreensão de informações essenciais.

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16/09/2025, 02:38

Autor: Laura Mendes

Uma sala de espera de clínica médica com pessoas diversas, algumas com expressões de ansiedade, aguardando atendimento. Ao fundo, uma tela de computador exibe informações de contato de intérpretes, e um cartaz informativo sobre a importância da comunicação clara durante atendimentos médicos. Um profissional de saúde tenta se comunicar, mas há um intérprete em uma tela, que traz a expressão de confusão, enquanto observadores mostram expressões de preocupação.

A comunicação clara no atendimento à saúde é essencial, especialmente quando se trata de pacientes que falam pouco ou nada de inglês. No contexto atual, um número crescente de imigrantes enfrenta a complexidade de se comunicar em um novo idioma em situações que muitas vezes envolvem a saúde. Tais circunstâncias levantam questões importantes sobre a eficácia do uso de intérpretes durante essas interações, conforme discutido em recentes relatos sobre a experiência de profissionais de saúde e pacientes.

Um desafio significativo é a resistência de muitos pacientes que falam pouco inglês em aceitar a ajuda de intérpretes durante consultas médicas. Há uma percepção de que recorrer a um intérprete pode implicar uma vulnerabilidade indesejada, levando a uma relutância em compartilhar informações delicadas. Uma das razões apontadas é o desejo de manter a privacidade em relação à saúde - um fator que tem raízes profundas nas comunidades imigrantes, onde as redes sociais são pequenas e interconectadas. A ideia de ter alguém desconhecido ajudando a mediar uma conversa pessoal pode ser vista como uma violação dessa privacidade.

Para muitos, essa insegurança vai além da simples questão de comunicação. Em algumas culturas, há uma pressão constante para não parecer um peso para os outros, incluindo os profissionais de saúde. Como resultado, muitos pacientes optam por se esforçar para se comunicar sozinhos, mesmo em situações de alta pressão. Como um dos comentários relevantes apontou, “eles não querem se sentir um fardo” e se negam a admitir que podem precisar de ajuda. Essa resistência pode resultar em uma comunicação inadequada, colocando em risco a qualidade do atendimento que recebem.

Além disso, muitos imigrantes podem não entender completamente o jargão médico, complicando ainda mais a situação. Relatos indicam que, ao tentar se explicar em um segundo idioma, muitos pacientes não conseguem transmitir adequadamente seus sintomas ou preocupações, o que pode levar a diagnósticos errados ou a falta de um tratamento adequado. Como um administrador de consultas médicas ressaltou, “10 em cada 10 vezes que pergunto se gostariam de conversa com um intérprete, eles recusam, mesmo não entendendo completamente o que estou dizendo”.

Essa situação complexa é exacerbada pela realidade de que, embora haja uma rede de intérpretes disponíveis, muitas vezes eles não estão presentes na mesma localização que os pacientes. Um profissional de saúde destacou que a confiança nos intérpretes é uma preocupação. Eles podem se questionar a respeito da competência do intérprete em lidar com questões médicas específicas ou, em alguns casos, sobre a privacidade que a situação exige. Isso é especialmente relevante no contexto de informações confidenciais, como aquelas tratadas sob a proteção do HIPAA nos Estados Unidos.

Outro fator que pode influenciar a relutância em usar intérpretes é a má experiência anterior que alguns pacientes ou profissionais de saúde tiveram com serviços de interpretação. Muitos relataram ter experiências onde a tradução não foi feita adequadamente, causando mais confusão do que esclarecimento. Como um comentário destacou, “as pessoas costumam achar que os intérpretes não são bons no que fazem e, portanto, preferem enfrentar a situação sozinhas”. Essa sensação de desconfiança pode ter efeitos negativos na qualidade da comunicação e na eficácia do atendimento.

Em regiões com comunidades linguísticas pequenas, a situação fica ainda mais complicada. Muitas vezes, o medo de que um intérprete seja alguém conhecido ou que tenha suas próprias intenções pode impedir que pacientes aceitem essa ajuda. Os leitores relatam que preferem se arriscar a tentar se comunicar sozinhos, mesmo que isso signifique não entender completamente as instruções ou diagnósticos médicos. Esse impulso é frequentemente impulsionado pelo orgulho, reforçando ainda mais a ideia de que precisam demonstrar sua capacidade de “lidar com isso”.

Profissionais de saúde estão cada vez mais preocupados que a dificuldade de comunicação impacte o atendimento prestado. As ligações de agendamento muitas vezes se transformam em longas conversas confusas, que podem resultar em informações vitais deixadas de lado. Em muitos casos, as pessoas não conseguem compreender perguntas simples relacionadas à sua saúde ou simplesmente esquecem de mencionar suas condições médicas, o que pode afetar gravemente o resultado de seus tratamentos.

Enquanto isso, iniciativas estão sendo discutidas para aumentar a acessibilidade e a confiança em serviços de interpretação. Sugestões incluem a presença de intérpretes remotos, que podem participar da consulta via videoconferência. Isso ajuda a garantir que a privacidade dos pacientes seja respeitada, ao mesmo tempo que fornece a assistência necessária. Os profissionais de saúde estão enfatizando a importância de um diálogo aberto sobre as preocupações dos pacientes, abordando o estigma em torno da solicitação de ajuda de linguagem.

A literatura no campo da saúde enfatiza a importância da comunicação eficaz para melhorar os resultados dos cuidados e aumentar a satisfação do paciente. À medida que o número de imigrantes e cidadãos não nativos cresce, essa questão se torna cada vez mais premente. Combinando treinamento para profissionais de saúde sobre a relevância da comunicação clara e a promoção do uso de intérpretes, acredita-se que se pode criar um ambiente em que pacientes se sintam mais confortáveis em se expressar, ao mesmo tempo que ajudam os profissionais a compreender suas necessidades.

A discussão em torno do uso de intérpretes nos serviços de saúde destaca a necessidade de abordar barreiras linguísticas de forma sensível e inteligente, permitindo que os pacientes se sintam empoderados e compreendidos em suas interações médicas.

Fontes: Jornal Nacional, Folha de São Paulo, Estadão, The Guardian, CDC, OMS

Resumo

A comunicação eficaz no atendimento à saúde é crucial, especialmente para imigrantes que falam pouco ou nada de inglês. Muitos pacientes hesitam em usar intérpretes durante consultas médicas, temendo que isso comprometa sua privacidade e segurança. Essa resistência é exacerbada por pressões culturais que desencorajam a percepção de ser um fardo. Além disso, a falta de compreensão do jargão médico e experiências negativas anteriores com serviços de interpretação contribuem para essa relutância. Profissionais de saúde expressam preocupações sobre como essa dificuldade de comunicação pode afetar a qualidade do atendimento. Iniciativas para melhorar a acessibilidade, como intérpretes remotos via videoconferência, estão sendo discutidas. A literatura destaca a importância da comunicação clara para melhorar os resultados dos cuidados e a satisfação do paciente, especialmente à medida que o número de imigrantes aumenta. Criar um ambiente onde os pacientes se sintam à vontade para se expressar é essencial para atender suas necessidades de saúde.

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