17/12/2025, 17:49
Autor: Ricardo Vasconcelos

As Ilhas Marshall fazem história ao implementar o primeiro esquema nacional de renda básica universal do mundo que utiliza criptomoeda como forma de pagamento. Com a ação, todo cidadão da nação insular é elegível para receber aproximadamente 200 dólares a cada três meses, podendo optar entre métodos tradicionais como transferência bancária ou cheque, ou uma moeda digital apoiada pelo governo. Essa iniciativa é vista por muitos como um experimento audacioso no campo do bem-estar social no cenário econômico global.
O projeto almeja alcançar, especialmente, as comunidades em ilhas remotas que enfrentam dificuldades significativas de acesso ao sistema bancário, onde muitos cidadãos possuem salários muito baixos e se endividam com instituições financeiras que praticam juros altos. Relatos locais indicam que essas armadilhas financeiras têm gerado um ciclo de pobreza difícil de romper, levando muitos a questionar a eficácia do novo esquema.
Apesar das intenções de inclusão e assistência, a adesão à opção de pagamento em criptomoeda tem sido modesta. Isto se deve em parte a questões relacionadas à infraestrutura, como a instabilidade na conexão à internet e o acesso limitado a smartphones. As Ilhas Marshall, como muitas outras nações insulares, enfrentam desafios logísticos que dificultam a ampla aceitação de tecnologias digitais, o que é crucial para o funcionamento eficaz do sistema proposto.
Os defensores da medida argumentam que a implementação de criptomoedas, especificamente por meio de uma stablecoin – que é uma moeda digital atrelada ao dólar americano – apresenta vantagens significativas. O uso de uma stablecoin, em vez de criptomoedas voláteis como o Bitcoin, oferece maior previsibilidade e estabilidade financeira. Assim, os cidadãos recebem um recurso que não está sujeito às flutuações drásticas de preço que caracterizam muitos ativos digitais, minimizando o risco associado à recepção de pagamentos nesse formato.
A stablecoin escolhida pelo governo das Ilhas Marshall opera na rede Stellar, que é projetada para facilitar transações rápidas e de baixo custo. Isso significa que os beneficiários poderão transferir, negociar e utilizar sua renda de forma mais eficiente, mesmo sem uma conta bancária tradicional. Essa abordagem visa implantar uma nova geração de soluções financeiras que eliminam barreiras históricas que excluem milhões de pessoas do sistema econômico formal.
No entanto, o sucesso do programa dependerá de fatores como a aceitabilidade local da criptomoeda e as condições de vida nas Ilhas, bem como a capacidade do governo em manter a confiança na nova moeda digital. Enquanto alguns cidadãos mostram-se animados com a perspectiva de receber pagamentos de forma digital, outros permanecem céticos quanto à sua usabilidade e ao real impacto sobre suas vidas econômicas.
O programa tem recebido atenção global, sendo descrito como um teste inovador de políticas sociais na era digital. Economistas e especialistas estão ansiosos para monitorar os resultados desse esquema, considerando ele um modelo potencial para outras nações que enfrentam desafios semelhantes em relação à inclusão financeira e assistência social. No entanto, as questões de escalabilidade e sustentabilidade a longo prazo permanecem no centro do debate sobre a eficácia do sistema.
As Ilhas Marshall, um pequeno arquipélago no Pacífico, são compostas por 29 atóis e mais de mil ilhas. A nação possui uma população reduzida, o que torna essa implementação um experimento viável para a promoção de um programa de renda básica universal. Ao longo da história, o arquipélago tem enfrentado dificuldades econômicas e sociais que o governo agora busca mitigar por meio de inovações financeiras.
Enquanto isso, cresce entre a população a discussão sobre o futuro do programa e sua capacidade de atender, de fato, às necessidades sociais urgentes. A criação de um sistema que combina a necessidade de assistência económica básica com tecnologias de ponta tem o potencial de transformar a dinâmica local, mas só o tempo dirá se essa inovação será a solução para os desafios persistentes enfrentados pela população marshallense.
No cenário global, este programa se destaca não somente pela sua natureza pioneira, mas também por sua tentativa de redefinir a entrega de assistência social em uma era marcada pela digitalização e a crescente adoção de criptomoedas. As expectativas são altas, mas o caminho para a concretização de um sistema de bem-estar social viável e sustentável será, sem dúvida, repleto de desafios e lições.
Fontes: The Guardian, Reuters, BBC News
Detalhes
As Ilhas Marshall são um arquipélago localizado no Oceano Pacífico, composto por 29 atóis e mais de mil ilhas. Com uma população reduzida, o país enfrenta desafios econômicos e sociais significativos, o que torna suas iniciativas de inovação financeira, como a implementação da renda básica universal em criptomoeda, um experimento viável e de grande relevância. A história das Ilhas Marshall é marcada por dificuldades, e o governo busca mitigar esses problemas por meio de soluções modernas que promovam a inclusão financeira e o bem-estar social.
Resumo
As Ilhas Marshall se tornaram pioneiras ao implementar o primeiro esquema nacional de renda básica universal que utiliza criptomoeda como forma de pagamento. Cada cidadão receberá cerca de 200 dólares a cada três meses, podendo escolher entre métodos tradicionais ou uma moeda digital apoiada pelo governo. O projeto visa beneficiar comunidades em ilhas remotas com acesso limitado ao sistema bancário, mas a adesão à criptomoeda tem sido baixa devido a problemas de infraestrutura, como conexão à internet e acesso a smartphones. A moeda digital escolhida é uma stablecoin atrelada ao dólar americano, que promete maior estabilidade financeira. Apesar do entusiasmo de alguns cidadãos, outros permanecem céticos quanto à usabilidade e impacto real do programa. O sucesso da iniciativa dependerá da aceitação local da criptomoeda e das condições de vida nas Ilhas. O programa tem atraído atenção global como um teste inovador de políticas sociais na era digital, mas desafios de escalabilidade e sustentabilidade ainda são preocupações centrais.
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